A retomada da indústria paranaense, que acumula seis meses seguidos de crescimento, poderia ser mais acelerada se não fosse um detalhe: a falta de insumos e matérias-primas. O problema é nacional. Uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) apontou que 39% das empresas brasileiras estão com dificuldades em encontrar matérias-primas.
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A falta de matéria-prima no mercado interno foi provocada por uma soma de fatores que afetou toda a cadeia produtiva: aumentos dos preços internacionais de matérias-primas; desvalorização cambial e aumento do volume de exportações.
Além disso, durante o período mais crítico das medidas restritivas associadas à pandemia de Covid-19, em março e abril, muitas indústrias fecharam ou reduziram sua produção por projetarem menor consumo interno à frente, afetando seu poder de reação no momento da retomada.
“As empresas também retomaram a atividade com níveis baixos de estoque”, cita o professor Wilhelm Meiners, do Estúdio de Economia e Finanças da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).
Entre as categorias de uso com maior dificuldade estão as de consumo de duráveis e não duráveis, como os segmentos de têxtil, vestuário, produtos de plástico, petróleo e biocombustíveis, produtos de metal e veículos automotores.
As importações feitas em navios da Maersk e Hamburg Süd, duas grandes operadoras logísticas mundiais, por Paranaguá encolheram 20% entre junho e setembro, comparativamente ao mesmo período de 2019.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Carlos Valter Martins Pedro, destaca que houve um aumento de demanda que a indústria não estava esperando, o que causou um descasamento entre os pedidos realizados e encomendas aos fornecedores.
“Isto vai exigir um maior cuidado em relação aos preços”, diz o dirigente empresarial. O índice de preços ao produtor, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), acumula uma alta de 17,29% no acumulado entre janeiro e outubro.
Problemas na indústria paranaense
O empresário Osni Marinczek, da Aliança Uniformes, de Curitiba, cita a dificuldade em obter matéria-prima. “A demanda está elevada junto aos fornecedores nacionais. Sumiu produto do mercado.”
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Fernando Valente Pimentel, cita a alta nos preços ao produtor como um dos maiores problemas para o segmento. A alta no ano foi de 17,2%. “O algodão subiu muito de preço.” Outro fator que, segundo ele, pode estar pressionando os preços da matéria-prima são os juros baixos no mundo. Com isso, tem muita gente investindo em commodities.”
Newton Vanucci, diretor da Luciane Indústria Moveleira, de Colombo, também se queixa do problema. “2020 foi um ano atípico. Insumos como embalagens subiram até 100% e acessórios, 70%. Há dificuldade para negociação.”
A expectativa é de que a situação se regularize ainda no primeiro trimestre de 2021. “O mercado vai acabar se autorregulando”, diz Pedro, da Fiep. Um dos fatores que pode contribuir para isso é o ritmo menor da demanda no começo do ano.
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