As empresas de grande porte do Paraná se adaptaram para seguir produzindo mesmo diante da pandemia do coronavírus. Com uma nova realidade, surgiram medidas de cuidado visando “blindar” as áreas fabris, locais com grande concentração de pessoas. De acordo com o Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), todas as 167 grandes companhias do estado - aquelas com mais de 500 colaboradores - estão funcionando e, sobretudo, preparadas para encarar um novo cenário no pós-Covid-19.
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Algumas das medidas preventivas adotadas, em geral, em relação aos protocolos de saúde foram a aferição diária de temperatura, o afastamento de funcionários do grupo de risco, as implantações de túneis sanitizantes, a montagem de tendas de atendimento médico com equipe maior do que a habitual, a higienização constante dos maquinários, a mudanças de layout nos refeitórios, entre outras, como a adoção do trabalho em home office para alguns setores.
Cada empresa segue padrões preventivos de acordo com o segmento que atua, porém todas foram instruídas a adotar medidas gerais de acordo com as orientações do Ministério da Saúde, como explica o com o gerente de Assuntos Estratégicos do Sistema Fiep, João Arthur Mohr. “Constantemente temos enviado boletins elaborados pelo Serviço Social da Indústria (Sesi), com orientações para as mais de 11 mil empresas do Paraná, desde as micros até as grandes. Estamos em várias frentes informando como devem trabalhar com controle dos riscos do coronavírus”, conta.
A fiscalização do cumprimento das normas regulamentadoras para as indústrias, como a NR4, que trata dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), cabe a representantes do Ministério do Trabalho. “No momento da pandemia, muitas prefeituras fizeram decretos estipulando normas específicas e fazem a fiscalização. Ainda que algumas indústrias tenham sido forçadas a parar as máquinas por um período, elas já voltaram com novos modelos implantados no que diz respeito aos cuidados à Covid-19”, afirma Mohr.
Cuidados redobrados
Indústrias de alguns setores como o de alimentos não “pararam as máquinas” nem mesmo em fases consideradas mais críticas da Sars-Cov-2, enquanto outras avaliadas como não essenciais precisaram dar uma pausa no processo produtivo. Foi o que aconteceu com a montadora Volvo, em Curitiba. A unidade tem cerca de 3.700 funcionários diretos, produz caminhões e ônibus, e paralisou a produção por quatro semanas, em abril.
De acordo com informações da assessoria de comunicação, novas rotinas foram adotadas na retomada das atividades, como maior divisão de funcionários entre turnos, uso de máscaras de tecido para todos, desde o transporte para a empresa até o retorno para casa, reforço da higienização das mãos, distanciamento entre pessoas (1,5 m no mínimo), ônibus de transporte de funcionários com 50% da ocupação, refeitórios com a metade da capacidade e home office para funcionários administrativos.
Por outro lado, a unidade Curitiba da Mondelez Brasil não parou em nenhum momento desde o início da pandemia do coronavírus. O parque industrial abriga a maior fábrica de chocolates da companhia no mundo e gera 3 mil empregos diretos e indiretos. "Foram mapeadas e afastadas todas as pessoas que estavam nos grupos de risco e reforçamos as iniciativas de higienização, que já ocorriam. Distribuímos máscaras e aumentamos os dispensers de álcool gel espalhados pelo parque industrial. Também contratamos transporte fretado para garantir que o deslocamento de nossos colaboradores até a fábrica, distanciamento físico recomendado. Outra ação que também surtiu bastante feito foi a nossa comunicação interna focada na prevenção", explicou Flávia Sebastiani, diretora de Suplly Chain da Mondelez Brasil.
A Cooperativa Agroindustrial C. Vale, de Palotina, responsável pelo abate de 600.000 aves por dia no Paraná, também se reestruturou para garantir que o vírus não chegue nas unidades do complexo industrial. Um comitê foi montado para discutir medidas e garantir que o coronavírus não chegue entre os mais de dez mil colaboradores, sendo 5.200 que atuam no setor de abate de aves. A empresa não parou em nenhum momento a produção.
Foram instaladas duas tendas de atendimento ambulatorial na área externa, onde é feita a aferição de temperatura de 100%, dos funcionários. Ao entrar pelas catracas, todos passam por um túnel sanitizante em que um produto é borrifado. Entre os Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s), estão uma touca ninja e escudo de acrílico. Os refeitórios foram adaptados para evitar aglomeração, entre outras medidas.
No Grupo Boticário, uma das 15 maiores empresas de higiene pessoal e cosméticos do mundo, e que conta com 12 mil colaboradores diretos e 36 mil indiretos, as mudanças também aconteceram. “Junto aos times de operações (produção, logística e varejo na ponta, por exemplo), em que a opção de home office não é possível, o grupo adotou muitas medidas restritivas, como o distanciamento das estações de trabalho, turnos alternados com grupos menores, dentre outras”, detalhou Eduardo Fonseca, Diretor de Assuntos Institucionais do Grupo Boticário.
"Pra ficar"
Na opinião do especialista da FIEP, algumas dessas medidas que passaram a ser adotadas pelas empresas por causa da pandemia, possivelmente, devem se tornar permanentes, se transformando em ações habituais.
“Acredito que os novos protocolos de higiene vêm pra ficar. Entendemos que estamos vulneráveis e que até mesmo outros vírus podem aparecer após a Covid-19. As indústrias aprenderam muito durante este processo, estão se aperfeiçoando nesse sentido e deverão manter grande parte dessas ações preventivas”, finalizou.
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