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O risco iminente da influenza aviária avançar sobre o Brasil foi tema de um amplo debate, a portas fechadas, nesta quinta-feira (9), durante a 35ª edição do Show Rural, maior evento de agronegócio do País, que está sendo realizado no município de Cascavel, no oeste do Paraná. O encontro reuniu autoridades políticas, de sanidade animal e o setor produtivo.

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Após a reunião, o governo estadual confirmou a formalização e criação de um grupo de trabalho (GT) composto por entidades técnicas e governamentais dos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, coordenado pelo Paraná, sob a vigilância da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná). Para que esse GT fosse possível, o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) fez a interface com os governadores Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina, e Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul.

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O secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara, articulou as negociações com os secretários Valdir Colatto, de Santa Catarina, e Giovani Batista Feltes, do Rio Grande do Sul. “O objetivo é termos uma posição técnica que possa respaldar uma posição política. Estive pessoalmente no Ministério da Agricultura junto com o nosso presidente da Adapar discutindo a constituição de um bloco Sul, unidade autônoma, onde está o grosso da avicultura brasileira. Isso ocorre como medida protetiva”, destacou Ortigara.

Com expectativa de ser concluído em um mês, o levantamento do grupo de trabalho dará subsídios para o pedido de criação de uma unidade autônoma no Sul do país. “Isso no sentido de prevenir os estados em caso de ingresso da influenza aviária [no Brasil], a chamada gripe aviária. Repito, se no Norte do país tivermos um caso, afeta nossa status sanitário. Como unidade autônoma, não corremos o risco”, defendeu Ortigara.

Trabalho de campo e atuação técnica

Os órgãos técnicos dos três estados do Sul estão discutindo a formatação desse protocolo para o posicionamento técnico com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). “O entendimento de toda a cadeia produtiva é pela prevenção, não deixar entrar a doença, com adoção das medidas adequadas e com vigilância ativa, da busca por informações à feitura de inquéritos sorológicos, tanto em aves caseiras quanto em criação comercial [para investigações]. Isso tudo sempre em contato com Mapa”, completou o secretário da Agricultura do Paraná.

A secretaria paranaense acrescentou ter oferecido ampla capacitação técnica e instruções de segurança nas propriedades e indústria. “Mas vírus é vírus e esse se propaga muito por aves migratórias. Torcemos para que agora em março essa bicharada volte para o hemisfério norte [com a chegada dos meses mais frios no hemisfério sul] reduzindo um pouco o risco de termos alguma coisa por aqui”, respondeu Ortigara.

De acordo com ele, Brasília viu "com bons olhos" a iniciativa. “Temos exemplos no mundo e aqui mesmo no Paraná temos uma área isolada para a peste suína clássica, então é possível que venha evoluir para esse modelo de unidade autônoma”, seguiu.

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Toda a articulação ocorre exclusivamente por meio dos governos, que atua, em uma frente, da forma política, e em outra, com o braço técnico que está capacitando e orientando o setor produtivo para adoção de medidas intensas de biossegurança e vigilância. “A responsabilidade de construir o documento será das três agências dos estados do Sul com a Embrapa. A articulação política envolve os secretários e governadores para levar o pleito a Brasília”, esclareceu.

A medida para criação de uma região autônoma também deve estimular que outras regiões ou estados brasileiros produtores percorram o mesmo caminho.

Uruguai e Argentina

O presidente da Adapar, Otamir Cesar Martins, voltou a ressaltar que nunca houve casos da doença no Brasil e também corrigiu a informação dada pela Seab, anteriormente, de que haveriam focos no Uruguai e no Paraguai. “Não existem registros nesses países, o mais recente foi na Bolívia”, destacou.

Coordenando a elaboração técnica da proposta, Martins considerou que em 30 dias todo o estudo técnico precisa estar pronto. “Além do Mapa, ele deve ser encaminhado depois à Organização Mundial de Saúde Animal, para que ela também nos reconheça”, completou.

Para o presidente da Adapar, o estado só perderá o status de exportação se foram registrados casos em granjas e aviários comerciais e que isso não ocorreria em casos em galinhas caseiras ou animais silvestres. “O quadro da Adapar está pronto para qualquer intervenção necessária. A varredura feita pelos três estados do Sul não encontra nenhum indício da influenza, mas no caso de identificação de qualquer possível sintoma, ele deve ser informado imediatamente à Adapar”, alertou.

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“O papel do Paraná é proteger o estado, como estamos fazendo. Ainda não estamos preocupados, porque está distante e não temos nenhum caso no Brasil, mas precisamos ficar vigilantes”, disse o governador Carlos Massa Ratinho Junior após a reunião desta quinta-feira.

Letalidade da influenza aviária

A influenza aviária não é agressiva ao ser humano, mas é amplamente infecciosa e altamente letal entre as aves. Entre os principais sintomas da influenza aviária estão gripe, diarreia, espirros e letalidade dos animais. A partir do diagnóstico, planteis inteiros precisam ser sacrificados. Estima-se que, em todo o planeta, mais de 250 milhões de cabeças tenham sido mortas após a contaminação.

A Região Sul é a principal produtora brasileira de aves, respondendo por quase 80% do mercado. De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná, o estado responde por 27% da produção de galinhaços totais, com um plantel estático de 428,4 milhões de cabeças. O total do Brasil é de 1,553 bilhão.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]