Região Sul do Brasil responde por 65% do comércio avícola brasileiro| Foto: Gilson Abreu/AEN
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Com casos de influenza aviária cada vez mais próximos à região Sul do Brasil, agora com confirmações no Uruguai e na Argentina, o grupo de trabalho (GT) que busca obtenção de unidade autônoma contra a doença para o Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul intensificou os trabalhos. Em reunião na quinta-feira (16), a principal reivindicação foi o aumento de profissionais do Ministério da Agricultura e Abastecimento (Mapa) nos postos do Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), nas regiões de fronteira.

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“É um tema sensível porque o Ministério padece com a falta de profissionais, mas é algo que nos disseram que está sendo averiguado”, afirmou à Gazeta do Povo o secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara.

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O GT é coordenado pelo Paraná e envolve, na área técnica, as três secretarias de agricultura e as agências de defesa agropecuária do Sul. Na frente política, o grupo tem os governadores atuando como articuladores. “Na quinta após o Carnaval [dia 23] teremos uma nova reunião e até o fim deste mês concluiremos o relatório técnico para enviar ao Mapa solicitando essa certificação de unidade autônoma. O Mapa vê a medida com bons olhos porque nossas condições sanitárias no Sul são muito diferentes das do Norte do Brasil, por exemplo”, pontuou Ortigara.

Os gestores técnicos que participaram do encontro nesta semana reforçaram o alerta ao setor produtivo pela intensificação da vigilância e cuidados com medidas de biossegurança nas granjas e aviários. Eles destacam ainda como medidas evitar entrada e tráfego de pessoas nesses ambientes; cuidados amplos com aves criadas ao ar livre, cercando os locais para evitar o acesso de animais invasores, como aves migratórias que são as maiores propagadoras da gripe aviária.

“Acreditamos que, em 30 dias, esse fluxo migratório das aves mude [com a aproximação das estações mais frias no Brasil], mas estamos fazendo tudo que está ao nosso alcance para evitar que essa doença entre no Brasil - e é possível, se todos se empenharem”, destacou o secretário.

Por enquanto, não estão previstas instalações de barreiras sanitárias nas fronteiras com a Argentina e Uruguai, mas a medida não está descartada. “Nos colocamos à disposição para trabalhar com o Ministério da Agricultura e, o que cabe ao Estado, estamos fazendo”, considerou.

Somente entre Brasil e Argentina são mais de 1,2 mil quilômetros em área de fronteira e outros 985 quilômetros de fronteira com o Uruguai.

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Vigilância ativa em 450 propriedades

Um possível ingresso da doença na região Sul do Brasil representa um risco iminente ao status sanitário, podendo afetar o mercado das exportações avícolas, mas que trará reflexos em toda a cadeia produtiva. Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul respondem por 65% do mercado avícola brasileiro. A coordenação-geral do GT para unidade autônoma está com a Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná) que reafirmou o monitoramento constante.

A Adapar faz uma vigilância ativa em quase 450 propriedades rurais do estado, com avicultura industrial e com aves de fundo de quintal, sendo quase 15 mil amostras já analisadas e todas negativas para influenza aviária. Segundo o órgão, todas as suspeitas são atendidas com prioridade, em até 12 horas da notificação. “A Adapar está em contato com outros órgãos que trabalham com aves silvestres e nós temos intensificado as fiscalizações na biosseguridade das propriedades rurais do Estado”, reforçou.

Vacinação para influenza aviária é proibida no Brasil

O governo federal alerta que "é proibida a vacinação para influenza aviária em território nacional, assim como para demais doenças exóticas”. A não orientação à imunização está diretamente associada à redução no aparecimento de sinais clínicos de doença e a mortalidade, mas não necessariamente interrompendo ou prevenindo o processo de disseminação do agente infeccioso. “Dessa forma, o sistema de vigilância à doença poderia não estar alerta ao aparecimento dos primeiros sinais clínicos da doença e assim não desencadearia as ações para contenção primária”, explicou o Ministério.

Ainda de acordo com o Mapa, o uso de vacinação preventiva requereria a adoção de medidas particulares de vigilância e controle, de forma a prevenir a possibilidade de persistência da doença em sua forma endêmica na população de aves. “Essa atividade não seria passível de realização em caso de atividade generalizada da vacinação de bilhões de aves, que são mantidas para finalidades industriais no País. Além disso, restrições comerciais são impostas quando da utilização de vacinação, afetando a exportação de produtos da indústria avícola. Em momentos futuros esta posição poderá ser revista”, completou o órgão.

Secretário anuncia concurso à Adapar

O secretário de Agricultura do Paraná Norberto confirmou à Gazeta do Povo que, nesta semana, o governador Carlos Massa Ratinho Junior autorizou a realização de um concurso público para efetivação de 118 novos profissionais na Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar).

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“A nossa preocupação com sanidade como um todo é muito grande, não apenas com a influenza aviária. Estamos e precisamos aumentar a atenção também a outras doenças e riscos sanitários”, destacou. Detalhes sobre o concurso público devem ser anunciados nos próximos dias. A proposta é para efetivar 37 agrônomos, 18 veterinários - além de oito que estão sendo nomeados, 55 técnicos agrícolas e profissionais de outras áreas de atuação, para complementação do quadro.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]