Considerado um dos principais responsáveis pelo entupimento de aterros sanitários, os resíduos têxteis terão nova destinação no Paraná por meio do Banco de Resíduos Têxteis da UEL (BRT). A iniciativa pioneira no Brasil quer transformar 20 toneladas de retalhos e roupas velhas mensalmente em matéria-prima para indústrias. Além disso, pretende gerar empregos em cooperativas de materiais recicláveis e estimular novos modelos de negócio baseados na reutilização desse material.
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“É um projeto de logística reversa que visa, principalmente, minimizar os impactos ambientais causados pela produção têxtil e pelo descarte de roupas que a população não quer mais”, explica a pós-doutora em Design Sustentável Suzana Barreto Martins. “Não queremos que esses materiais acabem indo para o lixo e para aterros, mas que sejam reutilizados em um modelo de negócio socioambiental”, continua.
Segundo ela, a iniciativa é fruto de uma pesquisa com duração de 12 anos desenvolvida pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e se tornou realidade no último mês de outubro por meio de parceria com a Federação das Indústrias do Paraná (FIEP).
“Eles financiaram a compra das máquinas que precisávamos para desfibrar os tecidos, então conseguimos iniciar o trabalho”, relata a professora, explicando que o objetivo é atuar em três focos de sustentabilidade: ambiental, social e econômica.
Para isso, o Banco de Resíduos Têxteis da UEL (BRT) atuará no processamento e defibragem de 240 toneladas de tecidos por ano, reinserindo esse material na produção de indústrias da área automobilística, construção civil, produção de móveis e outros segmentos.
Ainda de acordo com a responsável pelo projeto, os tecidos virão, inicialmente, de oito confecções de Londrina e também dos diversos pontos de coleta colocados recentemente em shoppings da cidade e dentro da universidade para que pessoas depositem roupas e tecidos que não usam mais. “Lembrando que tudo precisa estar limpo e que essa participação popular é importante para gerar consciência a respeito desse problema ambiental”, explica a professora.
Redução na quantidade de resíduos têxteis no aterro de Londrina
O objetivo da ação é evitar que o material chegue ao aterro de Londrina — que recebe atualmente cerca de 9 mil toneladas de resíduos têxteis anualmente — e sofre impactos negativos devido a esse descarte. “O material orgânico compactado nos aterros solta um líquido chamado chorume que precisa escoar corretamente para receber tratamento adequado, mas os tecidos entopem os canais usados no processo”, explica Suzana.
Além disso, a proposta da universidade também é gerar empregos e estimular a abertura de novos modelos de negócio baseados na reutilização da matéria-prima obtida. "Então, o processamento do material e operação das máquinas será todo realizado pela cooperativa Cooper Região, que emprega mulheres londrinenses em situação de vulnerabilidade", relata.
Já na área de desenvolvimento econômico, ela explica que ex-alunos do curso de Design de Moda da universidade e bolsistas do projeto de pesquisa se uniram para abrir uma empresa com o objetivo de comprar o material desfibrado pela cooperativa e desenvolver produtos para venda que tenham alto valor agregado, como almofadas, artigos para o mercado pet, necessaires e outros itens.
Ainda segundo a professora, essa empresa foi chamada de Core porque tem o objetivo de “colaborar” com o meio ambiente ao “reinserir” esse material desfibrado no mercado. “É a economia circular, que faz os produtos voltarem ao consumidor”.
O projeto já está em funcionamento
A BRT foi inaugurada no último dia 19 de outubro e já começou a processar resíduos têxteis recebidos pela cooperativa. No entanto, os produtos que serão comercializados pela Core ainda estão em fase de desenvolvimento e devem ser disponibilizados ao público em breve por meio de uma loja virtual.
"E vale ressaltar que essa proposta pode ser facilmente replicada e que nossa expectativa é que outras cidades do país sigam o exemplo", finaliza.
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