Em 1999, a inciativa de levar as edições impressas da Gazeta do Povo para dentro das salas de aula de escolas paranaenses tinha o objetivo de democratizar o acesso à informação e aproximar o currículo escolar da realidade dos estudantes. Dois anos depois, o projeto “Ler e Pensar”, além de promover a leitura e a alfabetização, fornecia também as bases de criação do Instituto GRPCOM, que completa 20 anos em 2021.
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O campo de ação do instituto, uma organização sem fins lucrativos vinculada ao Grupo Paranaense de Comunicação, aumentou bastante desde a fundação. Hoje, só o programa “Ler e Pensar” impacta mais de 173 mil estudantes em 842 cidades de todo o Brasil. Somados todos os projetos de Educação e fortalecimento do Terceiro Setor, o Instituto GRPCOM alcança mais de 1,2 mil municípios brasileiros.
A superintendente do Instituto GRPCOM, Ana Gabriela Simões Borges, explica que estes são os dois principais públicos da organização. Ambos os setores foram duramente impactados pela pandemia de Covid-19 nos últimos dois anos, destaca Ana. “Os professores sofreram um baque muito grande provocado pela necessidade de adoção urgente do ensino remoto. Eles precisaram de uma rápida capacitação para poderem exercer suas atividades de forma efetiva durante esse período”, diz.
Com as ONGs a situação foi semelhante, relata a superintendente. A pandemia fez com que essas organizações não-governamentais sofressem por um lado uma queda nos recursos disponíveis, como a perda de voluntários, e por outro um aumento de demanda por parte de pessoas em situação de vulnerabilidade.
“Um exemplo que ilustra bem esse cenário é o dos catadores de materiais recicláveis. Com todos os estabelecimentos comerciais fechados por causa da pandemia, eles não tinham o que recolher, o que coletar. Acabou a renda deles, e muitos foram pedir ajuda nas organizações próximas às residências. Tudo isso foi chegando para nós no instituto de uma forma muito forte. As ONGs nos pediam quase que ‘pelo amor de Deus’ para ajudar as famílias que estavam passando por dificuldades, até fome”, revela.
O impacto das demandas, conta a superintendente, foi muito grande, o que exigiu uma ação rápida por parte do Instituto GRPCOM. As ações tomadas para solucionar esses problemas contaram com a colaboração de uma rede de voluntários e parceiros, o que segundo a superintendente é uma das características mais fortes da organização.
“Nós conseguimos, por meio da comunicação, juntar pessoas, órgãos e entidades diferentes e damos um direcionamento para essas ações. Esse é o nosso trabalho, colocar em contato as pessoas que precisam de ajuda com aquelas que podem ajudar. Não dá para fazer nada sozinho, isso é impossível para quem quer gerar transformações e impactos sociais. Somos muito felizes em saber que junto a esses 20 anos veio também a construção de uma imagem de reputação, de integridade, que geram confiança na sociedade”, avalia.
A rede de apoiadores citada por Ana permitiu que o Instituto GRPCOM fornecesse capacitação a mais de 11 mil professores em todo o Brasil. “Foram ofertados cursos de metodologias ativas e de como usar as ferramentas gratuitas digitais disponíveis para viabilizar o processo de ensino e aprendizagem de forma remota”, explica. Para as ONGs, a ajuda veio após ações de sustentabilidade como o Social Hackacom, em que estudantes e profissionais de várias áreas se reuniram para pensar em soluções para o Terceiro Setor. “Nós fizemos um levantamento que nos mostrou um cenário terrível, de que muitas ONGs poderiam até mesmo ter fechado as portas se não tivessem tido uma ajuda nesse período”, diz Ana.
Impacto também na Saúde
Além das duas áreas principais de atuação, o Instituto GRPCOM também teve participação importante na área da Saúde durante a pandemia. Apesar de não ser um setor de atenção prioritária da organização, Ana afirma que é preciso “estar sempre com o radar ligado para melhor servir a sociedade”, o que levou à criação da campanha “O Amor Contagia”.
“Nós nem atuamos na área de Saúde, mas nesse caso nós tivemos que atuar. Foi o que a sociedade mais precisava no momento. Nós reagimos a essa demanda que havia, era uma emergência. Nunca fizemos nenhuma ação no sentido de arrecadar dinheiro, recursos financeiros, mas dessa vez não tínhamos outra alternativa que resolvesse. A gente precisava pedir por dinheiro. Eram hospitais pedindo ajuda, pessoas morrendo, e só o recurso financeiro faria a diferença para gerar algum impacto rápido e efetivo em meio a esse caos”, lembra.
De acordo com Ana, a campanha deve ser encerrada no fim de novembro. A ação, classificada pela superintendente como “muito feliz” conseguiu arrecadar mais de R$ 17 milhões. “Com esses recursos, conseguimos impactar muitas vidas. Calculamos algo em torno de 200 mil pessoas atingidas diretamente por todo o trabalho, não só nosso, mas de todos os parceiros que articularam conosco”, relata. A iniciativa, realizada em parceria com o Ministério Público do Paraná (MP-PR), foi premiada no último dia 14 de outubro com o 2º lugar na categoria “Integração e Articulação” do Prêmio do Conselho Nacional do Ministério Público.
Desafios para o futuro
Ana avalia que os próximos 20 anos seguirão sendo desafiadores para o Instituto GRPCOM, tanto no fortalecimento do Terceiro Setor quanto na Educação. Os impactos da pandemia devem produzir consequências que ainda serão sentidos por muito tempo, comenta a superintendente.
“O impacto da pandemia na Educação foi enorme, foi destruidor no processo de alfabetização. Houve uma aprovação em massa dos estudantes, e isso tudo vai ter consequências nos anos futuros. Houve um bom progresso nos últimos anos, mas os próximos serão bastante desafiadores. Acredito que ainda seremos muito úteis para essa causa da Educação, por conta desses desafios. E sobre o Terceiro Setor, quanto mais forte for a sociedade, quanto mais as pessoas tiverem esse senso de coletividade, de bem comum, de ser voluntário e doar tempo e recursos, mais as instituições que defendem esses impactos positivos serão fortalecidas”, finaliza.
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