Indústria e comércio cresceram, até outubro, por seis meses seguidos no Paraná, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas o crescimento não é homogêneo no estado. O interior vem crescendo mais fortemente do que a região metropolitana de Curitiba, embalada pela expansão do agronegócio, aponta o Boletim de Conjuntura Econômica do Paraná, feito pelo Estúdio de Economia e Finanças da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).
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“Segmentos exportáveis como o florestal e o alimentício foram favorecidos pela desvalorização do real frente ao dólar”, aponta o professor Wilhelm Meiners, da PUCPR. As exportações do complexo soja aumentaram 60,99% em dólares entre os terceiros trimestres de 2019 e 2020, atingindo US$ 1,88 bilhão. As de produtos florestais, 6,73% e as do complexo sucroalcooleiro, 41,11%.
A China se manteve como o principal destino do complexo soja paranaense, sendo absorvendo 73,36% das exportações. A compra de soja em grão totalizou US$ 1,33 bilhão no terceiro trimestre de 2020. Este valor representou um crescimento de 102% em relação ao mesmo trimestre de 2019.
“Além do aumento das vendas do complexo soja para o país em US$ 667,36 milhões, cerca de 98,47% a mais que no terceiro trimestre de 2019, outros países que também contribuíram para a alta das exportações foram Coreia do Sul (+US$ 84,98 milhões), Países Baixos (+US$ 76,22 milhões) e Paquistão (+US$ 40,40 milhões)”, explica o professor Ricardo Kureski, também da PUC-PR.
Meiners afirma que este cenário contribui para que mais dinheiro circule no interior do estado. Segundo a Federação do Comércio de Bens e Serviços do Paraná (Fecomércio-PR), as vendas em setembro, comparativamente a igual mês de 2019, cresceram em quase todas as regiões do estado. As exceções foram Curitiba, onde permaneceu estável, e Maringá, onde houve uma retração de 1,99%.
Mais empregos estão sendo criados no interior do que na região metropolitana da Curitiba. Até outubro, segundo dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), o Paraná acumulava a criação de 22,6 mil novos postos de trabalho - número que saltou para 61,5 mil em novembro, conforme anunciado nesta quarta-feira (23). A região metropolitana registrava, em outubro, o fechamento de 5,4 mil vagas.
Segundo Meiners, a RMC está com a retomada mais lenta por causa da estrutura econômica, alicerçada em serviços e na indústria de máquinas e automobilística. Dados do IBGE mostram que o setor de serviços encerrou outubro com estabilidade frente ao mês anterior, após três meses seguidos de expansão. Mas, no acumulado de 12 meses registra uma queda de 7,6%, o pior desempenho da série histórica, iniciada em dezembro de 2012.
As indústrias de máquinas e equipamentos e automobilística vêm reagindo lentamente. A produção da primeira acumula, entre janeiro e outubro, uma queda de 28,3% frente aos mesmos meses de 2019. E a segunda, uma queda de 38,4%. A carência de insumos e de matérias-primas é um dos fatores que contribui para uma retomada mais lenta.
“Curitiba também depende da realização de eventos e do turismo de negócios e de lazer, que foi muito afetada pela pandemia. E não teremos este fluxo no neste final de ano”, diz.
Situação parecida vive Foz do Iguaçu, que tem sua economia atrelada ao turismo. Segundo Meiners, com o fechamento das fronteiras argentina e paraguaia, caiu o número de visitantes. Dados da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) mostram que a movimentação de passageiros no aeroporto local caiu 64,7% no comparativo entre os onze primeiros meses de 2019 e 2021.
Neste cenário, de acordo com dados do Novo Caged, a cidade fechou 5,7 mil postos de trabalho entre janeiro e outubro, o que corresponde a uma redução de 9,53% nos empregos com carteira assinada.
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