O Paraná vem reduzindo nas últimas quatro semanas o número de casos e óbitos por Covid-19. Depois dos quase 13 mil casos registrados na primeira semana de agosto, o estado encerrou o mês com menos de 12 mil casos confirmados por semana. Nos óbitos, o recorde também foi na primeira semana de agosto, 355 mortes, com a média caindo nas duas últimas semanas para menos de 250 mortes. A queda nos números, no entanto, vem sendo puxada pela desaceleração das contaminações por coronavírus em Curitiba. No interior do estado, os números ainda não começaram a cair significativamente e há, até, cidades em que a contaminação está aumentando.
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A taxa de retransmissão do vírus (Rt) está em 0,89 no estado. O que indica que o número de novos contaminados será inferior ao número de casos ativos, pois uma pessoa infectada está gerando menos do que um novo caso. Mas essa taxa é de 0,83 em Curitiba e de 0,97 no interior do estado, o que mostra que a desaceleração é bem mais acentuada na capital.
Confira o índice de retransmissão do coronavírus no interior do estado:
“Essa interiorização da doença tem a ver com a dinâmica da migração das pessoas. A contaminação comunitária acontece, primeiro, nos grandes centros e, depois vai para o interior. Claro que o Paraná tem uma regionalização diferente. O Norte do estado tem, muitas vezes, influência maior do estado de São Paulo do que de Curitiba. Mas está acontecendo aqui parecido com o que já ocorreu em São Paulo, que enquanto a capital diminui os casos diariamente, no interior, aumenta. A diferença é que lá foi mais linear, constante. Aqui, há altos e baixos, dependendo da região”, explica o infectologista Bernardo Montesanti Machado de Almeida, do Serviço de Epidemiologia do Hospital de Clínicas de Curitiba.
O Serviço do HC monitora, em parceria com o Departamento de Estatística da Universidade Federal do Paraná, a taxa de retransmissão do vírus no estado e em todos os municípios. A situação mais crítica, no momento, é Foz do Iguaçu, onde o Rt se aproximou de 2 (indicando que cada pessoa infectada contaminaria outras duas pessoas). Hoje a cidade está com um Rt de 1,56 (pouco mais de três novos casos para cada dois ativos). Mas outros municípios do estado, como Francisco Beltrão, Toledo, Cascavel, Londrina e Maringá, estão com a taxa de retransmissão acima de 1, o que indica que os números de novos casos seguem crescendo nestas cidades. A comparação das curvas de novos casos entre Curitiba, Toledo e Cascavel mostra que, enquanto na capital a queda já é clara, nos municípios do interior ainda há oscilação:
“O Rt do interior demorou mais para chegar no 1, Curitiba chegou antes. Creio que o estado já passou pelo pico, mas, enquanto já há tendência de queda na capital, no interior, o que estamos vendo é a estabilização. E, às vezes, essa estabilização é em patamares muito altos”, comenta o infectologista. Os números de novos casos em Londrina e Maringá, comparados com os de Curitiba, são exemplo desta diferença:
Sobre a situação específica de Foz do Iguaçu, o médico pondera, ainda, a situação da fronteira. “Paraguai e Argentina tomaram medidas mais rígidas para conter a pandemia no começo, e o número elevado de casos está começando a aparecer agora. Eles estão em outro momento epidemiológico e isso pode sim influenciar as cidades de fronteira, como Foz do Iguaçu”.
Veja a comparação da curva de novos casos em Curitiba, Foz do Iguaçu e Francisco Beltrão
Já a situação de Ponta Grossa, que vem sofrendo nos últimos dias com a lotação dos leitos exclusivos para Covid-19, é consequência, segundo o médico, de contaminações ocorridas há mais de duas semanas. “A situação da atenção à saúde em Ponta Grossa está complicada, mas eles já passaram pelo pico. A tendência, lá, é de queda no número de casos. O que já vem ocorrendo nos últimos dias. O Rt deles está em 0,52”, cita. O gráfico de novos casos mostra como Ponta Grossa teve uma forte onda, mas já conseguiu controla-la:
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