Ao menos quatro diferentes linhas de investigação apuram as causas e possíveis responsabilidades na sequência de explosões em um complexo de armazenamento de grãos da cooperativa C.Vale, em Palotina (PR), no último dia 26. O acidente deixou nove mortos (oito haitianos e um brasileiro) e 11 pessoas feridas. Sete continuam internados em estado grave.
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O delegado da Polícia Civil do Paraná Rodrigo Baptista falou nesta segunda-feira (31) sobre o andamento das investigações no inquérito, instaurado ainda na semana passada. Segundo o delegado, desde sexta-feira (28), as equipes estão empenhadas para descobrir o que provocou e como se deu o acidente que chegou a provocar um tremor de terra no município, deixando danos em pelo menos 200 imóveis próximos à cooperativa.
“Testemunhas foram identificadas e serão importantes para apuração no inquérito. Ainda na sexta-feira ouvimos o responsável pela Defesa Civil municipal, um dos primeiros a chegar ao local, o chefe da medicina e segurança do trabalho na C.Vale, para colher o máximo de informações que possam nortear a linha de investigação”, afirmou.
Nesta segunda-feira, a polícia fez diligências a pessoas ligadas ao sindicato ao qual os profissionais estrangeiros eram vinculados, além de outras pessoas que possam contribuir para a resolução do caso. “Queremos analisar se houve responsabilidade ou condutas a serem responsabilizadas”, destacou.
Crea faz vistoria na área da explosão na C.Vale
Além do inquérito instaurado pela Polícia Civil, engenheiros fiscais do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Paraná (Crea-PR) estão em Palotina desde sexta-feira para vistorias. Eles também analisam a documentação dos profissionais responsáveis pela segurança e manutenção do complexo que explodiu.
Em outra ponta, a unidade de Cascavel do Ministério Público do Trabalho (MPT) instaurou um inquérito civil para apurar as circunstâncias e causas do acidente. “Por meio do Inquérito Civil, o MPT investigará aspectos relacionados à regularidade dos trabalhadores vitimados pela explosão no silo, à obediência às normas regulamentadoras de saúde e segurança do trabalho, entre outros”, informou o órgão. Duas equipes do MPT vão a Palotina ainda nesta semana para intensificar as apurações.
Dos oito profissionais mortos, sete não eram funcionários diretos da cooperativa, mas contratados por um sindicato e designados para trabalhar na cooperativa. Segundo a C.Vale, tratavam-se de funcionários temporários em uma modalidade de contratação que é bastante corriqueira em períodos de safra, como a de momento. A região oeste do Paraná intensifica neste período a colheita do milho.
Por sua vez, a C.Vale informou que também está apurando internamente as causas do acidente com uma equipe designada especificamente para a tarefa.
Vítimas continuam internadas em quatro hospitais
Sete pessoas seguem internadas em hospitais de Palotina, Londrina, Cascavel e Curitiba. “A cooperativa está custeando despesas das vítimas em hospitais particulares. A C.Vale também está cobrindo gastos com locomoção, hospedagem e alimentação dos familiares, além da contratação de cuidadores para as famílias que possuem filhos pequenos”, afirmou em nota a cooperativa.
O estado de saúde dos pacientes é considerado grave. Duas das vítimas estão em hospitais de Cascavel. Um homem de 42 anos está em estado grave na UTI e uma mulher de 40 anos está estável, mas segue na terapia intensiva.
Em Londrina estão três pessoas internadas: um homem de 22 anos e um de 52 anos, que está na ala de queimados. Ele segue sedado, mas sem intubação. O terceiro é um paciente de 31 anos que está na enfermaria, consciente e com quadro considerado estável. Uma mulher de 33 anos está internada em uma UTI de Curitiba, com parte considerável do corpo com queimaduras graves.
Sexto dia de buscas pela última vítima desaparecida, encontrada sem vida
Duas frentes de trabalho, compostas por bombeiros e profissionais da cooperativa, atuaram intensamente até chegar à última vítima do acidente na C.Vale e que continuava desaparecida, até a tarde desta segunda-feira, quando foi localizada.
O trabalhador haitiano de 55 anos estava em um dos túneis de transporte dos grãos. No fim de semana, os bombeiros avançaram 25 metros para dentro do túnel, que tem capacidade para transporte de 10 mil toneladas de grãos. Os bombeiros consideraram que esse volume de grãos estava sobre o trabalhador. “A utilização de um segundo equipamento para retirar a soja da estrutura (onde está o trabalhador) acelerou os trabalhos”, informou a cooperativa.
Alta hospitalar
No domingo (30), um dos pacientes que estava internado, identificado como Paulo César Arets, recebeu alta hospitalar. Ele estava no Hospital Policlínica, de Cascavel.
O acidente de grandes proporções ocorreu no armazém de estocagem de número três, mas como os silos horizontais são interligados, a primeira explosão atingiu e colapsou as quatro estruturas. Juntas, têm capacidade para armazenamento de 110 mil toneladas de grãos.
A primeira de uma série de quatro explosões foi por volta das 17h da última quarta-feira (26). As causas do acidente ainda estão sob investigação, mas uma das possibilidades é que a explosão tenha acontecido a partir de partículas inflamáveis vindas dos grãos. Segundo os bombeiros, em ambientes como este, qualquer fagulha pode gerar uma explosão.
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