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João, pai de Leandro Bossi, faleceu sem saber da solução do caso
João, pai de Leandro Bossi, faleceu sem saber da solução do caso| Foto: GAZETA

Um dos irmãos de Leandro Bossi questiona os detalhes das informações divulgadas à imprensa pela Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp) nesta sexta-feira (10). Segundo Lucas Bossi, a família não foi informada de onde a ossada foi encontrada e nem quando.

Leandro desapareceu em Guaratuba, no litoral do estado, em fevereiro de 1992, quando tinha 7 anos. Trinta anos depois, o material genético do menino foi identificado, de acordo com a Sesp, a partir de fragmentos de ossos.

De acordo com o irmão de Leandro, foi feito um exame de DNA em uma ossada em 1993, um ano após o desaparecimento da criança. Porém, na época o resultado confirmou que o material genético pertencia ao corpo de uma menina.

Na sexta, o secretário de Segurança Pública, Wagner Mesquita, afirmou que a confirmação de identidade de Leandro se deu a partir do envio de oito amostras de ossadas a uma análise minuciosa, sem detalhar a origem ou a data da análise.

Essas amostras, segundo o governo, estavam armazenadas na sede da Polícia Científica e foram enviadas para o laboratório de genética da Polícia Federal, em Brasília. Mesquita afirma que o próximo passo é enviar o laudo pericial para que o Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride) faça o relatório final da investigação do desaparecimento da criança.

Família critica confusão

Sem mais detalhes do caso, o irmão questiona se essa ossada analisada é a mesma que foi encontrada em 1993. “Fiquei muito confuso por eles não saberem apontar se a ossada que bateu com o DNA era aquela encontrada lá [1993]. E eu acho que eles nos deviam essa comprovação […] Foi feito o exame de DNA na época, na ossada, e foi dado uma certa certeza de que era menina. A minha pergunta é o que me impediria agora de desacreditar neste exame de DNA?”, disse Lucas em entrevista à RPC.

Após a confirmação da morte do irmão, Lucas fez outras perguntas que sequer foram mencionadas pelo governo na coletiva de imprensa desta semana, como quem matou Leandro e em quais circunstâncias. “O sentimento é de privação da verdade. E parece que agora é pior ainda, porque vamos ser condicionados a acreditar que ele está morto. Mas alguém vai nos auxiliar para tentar descobrir o que aconteceu? […] Agora, se eles afirmam que Leandro Bossi está morto, a minha pergunta vai perdurar, custe o que custar, quem matou?”, questionou na entrevista à TV.

Lucas lamentou o fato de o pai, João Bossi, não estar vivo para acompanhar o caso. “Então, há 30 anos, meu pai poderia ter enterrado o Leandro? Ter tido outra vida, quem sabe… Todos nós poderíamos ter tido outras vidas. Eu acho que foi uma grande privação da verdade […] É bem complicado. Quando meu pai faleceu ano passado, no atestado de óbito dele consta que deixou o filho Leandro vivo. Isso já é uma burocracia para a gente começar a lidar”, continuou.

Análise complementar

Durante o anúncio da identificação da ossada de Leandro na sexta (10), o coordenador do Laboratório de Genética Molecular Forense da Polícia Científica, Marcelo Malaghini, explicou que o material genético da ossada chegou a passar por uma análise inicial, mas ao não obter o resultado positivo, foi enviado para uma nova metodologia de pesquisa. No entanto, não foi explicado quando aconteceu a primeira análise, nem a segunda.

“A metodologia que submetemos não obteve perfil genético viável das amostras que foram pesquisadas. A seguir, elas foram encaminhadas para a análise de DNA mitocondrial, uma técnica muito mais sensível que permite a detecção mesmo em amostras muito limitantes e degradadas, como se trata do caso em questão”, explicou Malaghini.

O secretário Mesquita disse que essas ossadas analisadas foram comparadas com materiais genéticos de três mães de crianças desaparecidas, incluindo a de Leandro, com quem houve combinação de 99,9%. O irmão, Lucas, disse que materiais genéticos da família, incluindo da mãe do menino, foram coletados em meados de 2021.

Relembre o caso Leandro Bossi

Leandro Bossi desapareceu em 15 de fevereiro de 1992 na mesma cidade em que Evandro Ramos Caetano foi raptado, poucos meses depois. A última informação que se tem sobre o garoto é de que ele estava no show do cantor Morais Moreira.

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