Foi o isolamento social praticado na última semana que colaborou para manter o número de casos de Covid-19 sob controle no Paraná, acredita o secretário estadual de Saúde, Beto Preto. A previsão é que o total de infectados chegue a 10 mil, mas o governo está preparando o enfrentamento para até 30 mil casos. Em entrevista à Gazeta do Povo na quinta-feira (26), ele disse que prefere “pecar pelo excesso”, já que há projeções indicando um número menor de contágio no Paraná. Pelos modelos estudados, o auge da crise seria na passagem do outono para inverno, com a queda na curva entre julho e agosto.
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“Essa foi nossa ação quando orientamos o governador a suspender aulas. Começamos a trabalhar o distanciamento social, o isolamento, e isso tem feito com que nossa curva permaneça baixa. Cada caso confirmado é digno de nota, mas estamos conseguindo passar sem saltos, por enquanto”. O que não pode é permitir algo como ocorreu na Itália, algo que vá agudizar a curva, diz o secretário. Ele defende critérios técnicos para manter o isolamento social. “Como disse o governador Ratinho Jr., trabalhamos com metodologia, não ideologia”.
Beto Preto diz que o relaxamento na interação social – observada por ele próprio após o discurso do presidente Jair Bolsonaro na terça-feira (24) – pode impactar na curva de crescimento de casos. “Infelizmente, as pessoas estão deixando de pensar que o inimigo invisível está por perto”, lamenta.
Leitos de UTI
Segundo o secretário, toda a rede de urgência e emergência do Paraná está adequada para os atendimentos de Covid-19. “Desde que não tenhamos estresse e que todos precisem de leitos ao mesmo tempo”, ponderou. Na quinta-feira (27), o governo do estado anunciou a contratação de 317 novos leitos de UTI para compor a estrutura hospitalar de combate à Covid-19.
“Sobre a taxa de ocupação, o que podemos dizer é que a UTI de modo geral é muito ocupada. Há sempre uma briga entre regiões do Paraná, para ampliar a capacidade, e os leitos contratados vêm para ajudar nisso, inclusive. Neste momento, os hospitais do Paraná estão adiando cirurgias. Teremos diminuição na pressão por vagas em leitos de UTI, e com reforço de 317, possivelmente teremos uma situação mais confortável”, afirmou Beto Preto.
O Paraná tem alguns hospitais regionais ainda em construção ou reforma, que dificilmente estarão prontos para o enfrentamento à epidemia, como o de Guarapuava, Ivaiporã, Cornélio Procópio e Toledo. Já há equipamentos comprados para a unidade II da Santa Casa de Paranavaí, segundo o secretário. “O que puder ser agilizado, será. Temos outras estratégias e vamos fazer da melhor forma possível”, assegurou.
Dificuldades
Apesar do otimismo, o secretário relata algumas dificuldades, como a separação daqueles acometidos por síndrome respiratória causada por outros agentes que não o Sars-Cov-2. “Temos que fazer os testes, como disse o diretor-geral da OMS. Nós já fizemos muitos, estamos comprando outros, o Ministério da Saúde está ajudando. De qualquer maneira, ainda temos uma grande quantidade no Laboratório Central do Estado, que são de alto nível, que garantem belo diagnóstico”, disse.
Outro desafio para o poder público são os equipamentos de proteção individual (EPIs) para profissionais de saúde. De acordo com o secretário, a demanda nas unidades de saúde cresceu cerca de 3 vezes em 15 dias. “Nosso estoque está baixo. Estamos conseguindo comprar algumas coisas a um preço muito superior ao convencional. Hospitais e prefeituras têm contratos, que não estão sendo cumpridos, é um momento difícil. O governador nos autorizou a importar e estamos trabalhando nessa frente. Tem gente ajudando e produzindo”, relatou, sem descartar a possibilidade de convocar empresas a fabricarem mais equipamentos. “O sistema de saúde é um organismo grande, e só estamos conseguindo enfrentar esse momento porque ela é ramificada nos municípios e vem apresentando vontade grande de combater esses agravos todos”, completou.
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