O jardim fica na Rua Padre Anchieta, 1.905, no Bigorrilho.| Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná
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Na correria do dia a dia, quem passa pela Rua Padre Anchieta, no bairro Bigorrilho, talvez nunca tenha percebido que existe um cantinho que se diferencia dos outros. Ao subir por uma escada que acessa a Rua General Aristides Athaýde Júnior, é possível conhecer o que alguns moradores do bairro chamam de jardim encantado.

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E talvez seja mesmo encantado. Porque esse lugar se destoa completamente do meio urbano. Ao pisar no último degrau e olhar para as diferentes plantas e flores que ali estão, é como se todo o barulho do trânsito e os outros sons de uma cidade agitada fossem embora.

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Com diversas borboletas e abelhas sem ferrão voando, o jardim transmite paz e calmaria. E ele só existe porque o professor de língua portuguesa Rubem Gomes Silva resolveu transformar aquele espaço no início da pandemia de covid-19, em 2020.

“Começou na pandemia. Eu tinha só aula online e me sobrava um pouco mais de tempo porque eu não precisava me locomover. Aí nesse tempo comecei a construir. A minha ideia era só na ribanceira, mas eu fui avançando e fui limpando”, relembra o professor.

Silva, que mora em um edifício na Rua Padre Anchieta, conta que passava pelo local e via uma quantidade enorme de mato, lixo, dejetos de animais e entulhos. “Passava por aqui e pensava que era um espaço tão bonito e estava tão largado. Comecei a plantar, acabei me empolgando e foi aumentado”, conta.

E o que começou com algumas mudas no barranco que fica virado para a rua, hoje se tornou um jardim repleto de flores e plantas. No local é possível encontrar uma horta cheia de espécies: manjericão, manjerona, arruda, tomate, alecrim, hortelã, erva-doce, boldo, capim-limão. Tem também maracujá, framboesa e pitanga. E a lista, que é bem longa, continua.

O carinho que Silva tem pelo jardim é notável. O espaço conta com bancos para quem quiser descansar, placas que incentivam a cuidar do espaço, lixos para bitucas de cigarro e tem até sacolas para quem esqueceu de pegar uma para recolher as fezes do pet durante o passeio. Tudo isso foi montado e é mantido por ele.

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É um trabalho constante, pois como brinca o professor, “não é só glamour, dá trabalho para manter”. Ele explica que todos os dias passa no jardim para varrer e dar uma rápida ajeitada. E na terça-feira ele consegue ficar mais tempo, já que é o único dia que não dá aula.

Apesar do trabalho, é uma atividade que faz bem. “Aqui é só energia boa. Tudo sempre limpo”, descreve o responsável pelo cantinho. E Silva fica feliz ao ver que as pessoas respeitam e aproveitam o espaço.

Enquanto rega as plantas, varre a calçada ou retoca a tinta dos bancos, o professor vai encontrando vizinhos e conhecidos pelo caminho. É o caso de Salete, que mora na região. Enquanto a reportagem da Tribuna do Paraná estava lá, ela passou pelo jardim. Ela e Silva se abraçaram e ele disse “essa aqui é a minha ajudante”. E com muito entusiasmo, a Salete fez um rápido tour com a reportagem para mostrar o canteiro.

Jardim atraiu novos moradores

O jardim encantado influenciou até na escolha de um apartamento. A terapeuta e especialista em limpeza energética de ambiente Sineide Cisotto Netto, conhecida como Sissy, conta que se mudou para a região há um ano.

Ela explica que, quando precisou encontrar um apartamento para morar, ficou preocupada, pois tem dois cachorros e aprecia muito o contato com a natureza. Então um dia ela foi visitar um edifício no Bigorrilho e viu o jardim. Foi uma conexão instantânea. “Quando eu vim para cá e olhei esse jardim, falei: é aqui que eu vou morar”.

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No entanto, a mudança quase não deu certo. O apartamento que Sissy viu foi alugado antes dela concluir a entrada da documentação. Ela relembra que ficou triste e insistiu. Dias depois, a imobiliária ligou e informou que havia outro apartamento vago na região. E todo esse esforço valeu a pena por um motivo: “por causa do jardim. Eu sabia que ia morar aqui. E lá vim eu, perto desse jardim do Éden, uma fada me puxou”, brinca.

A terapeuta revela que sente paz e gratidão toda vez que visita o jardim, o que acontece diariamente. “Você ter um lugar desse para respirar, pegar uma folhinha, cheirar e meditar. Não tem lugar melhor. A gente desce a escadinha e tem todo os bares, restaurantes e bancos. Mas o verde está aqui”.

Sissy não deixa de elogiar o trabalho e esforço de Silva. “É um lugar mágico, tem borboletas brancas, traz uma paz de espírito muito grande. E tem que ter muita gratidão pelo trabalho que ele faz”, afirma.

O mesmo sentimento de agradecimento é compartilhado por Edmar Ravagnani Neto. “Ele é cuidadoso com isso aqui. Tem o maior carinho”. O aposentado conta que sempre frequenta o jardim para tomar sol, pois mora em um prédio próximo. “Aqui você faz amizade, conhece pessoas e passa umas horinhas”.

Refúgio no Bigorrilho vai ficar ainda mais colorido

Em breve, o jardim vai ganhar ainda mais cor com a pintura do muro que fica ao lado da escada, na Rua Padre Anchieta. O artista plástico Orion Ramos está montando um projeto, a pedido de Silva.

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“É um muro artístico. Tem representatividade feminina, uma temática de música e outros elementos”, explica o artista. De acordo com ele, a ideia surgiu do professor e ele executou a arte. Para quem quiser conhecer, o jardim fica na Rua Padre Anchieta, 1.905, no Bigorrilho.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]