Uma das ações penais derivadas da Operação Piloto, e na qual o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) está entre os réus, chega a uma fase importante nesta quinta-feira (24). Testemunhas de acusação e de defesa começam a ser ouvidas pelo juiz do caso, Paulo Sérgio Ribeiro, substituto da 23ª Vara de Curitiba, da Justiça Federal. A denúncia do Ministério Público Federal (MPF) foi acolhida pelo juiz em julho de 2019. Nela, o MPF acusa sete pessoas de cometerem crimes, como corrupção passiva e ativa, fraude licitatória e lavagem de dinheiro. Eles negam.
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Além de Beto Richa, são réus da ação penal os seguintes nomes: Dirceu Pupo Ferreira, contador da família Richa; Ezequias Moreira Rodrigues, ex-secretário estadual na gestão Beto Richa; José Richa Filho, o Pepe Richa, ex-secretário estadual na gestão do irmão Beto Richa; os empresários José Maria Ribas Mueller e Rafael Ribeiro dos Santos Gluck, ligados à Tucumann Engenharia; e também Luiz Abi Antoun, primo de Beto Richa e morto em um acidente de carro no último dia 8. O óbito de Abi já foi informado ao juiz, que ainda deve se manifestar, possivelmente declarando extinta a punibilidade.
A primeira audiência de instrução e julgamento será realizada nesta quinta-feira (24), às 13h30, e serão ouvidas quatro testemunhas chamadas pela acusação, incluindo duas pessoas que firmaram acordos de colaboração premiada. Os delatores são Benedicto Barbosa da Silva Junior e João Francisco Bittencourt. As demais testemunhas do dia são Pedro Rache de Andrade e José Luiz Pizzatto Muggiati.
Outras audiências com testemunhas já estão marcadas para os dias 23 e 24 de março e também dias 26 e 27 de abril. O interrogatório dos réus deve ocorrer no início de maio.
Entre as testemunhas de defesa de Beto Richa estão nomes como o do ex-prefeito de Curitiba Cássio Taniguchi, o ex-secretário estadual da Fazenda Mauro Ricardo Costa, o ex-procurador-geral do Estado Paulo Sérgio Rosso e o ex-deputado federal e suplente de senador José Aníbal (PSDB/SP).
O caso
A Operação Piloto é um desdobramento da Operação Lava Jato. O foco da denúncia é o suposto repasse ilegal de dinheiro da Odebrecht para o grupo de Beto Richa, cujo codinome na planilha oculta da empresa seria “piloto”, em referência às participações do tucano em competições de automobilismo.
Na narrativa do MPF, no início de 2014, durante a gestão Beto Richa no Palácio Iguaçu, representantes da Odebrecht procuraram aliados do tucano para oferecer dinheiro em troca de favorecimento na licitação que o governo do Paraná abria para exploração e duplicação da PR-323, entre os municípios de Francisco Alves e Maringá.
A obra foi assumida no regime de Parceria Público-Privada (PPP) pelo Consórcio Rota das Fronteiras, encabeçado pela Odebrecht, e também integrado pela America, Gel e Tucumann. Do valor oferecido, o MPF aponta na denúncia o caminho de R$ 3,5 milhões através de cinco repasses, entre setembro e outubro de 2014.
Entre os elementos apresentados pelo MPF na denúncia, está a gravação de uma conversa de fevereiro de 2014 entre Deonilson Roldo, então chefe de gabinete de Beto Richa, e o executivo Pedro Rache, do grupo Contern. Para o MPF, a conversa revela a tentativa de Roldo de afastar o interesse da Contern na PR-323, beneficiando a Odebrecht. Em outra ação penal derivada da Operação Piloto, Deonilson Roldo já foi condenado pela Justiça Federal, mas ele nega os crimes e recorre contra a sentença.
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