O julgamento de uma série de recursos apresentados pela defesa do ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) no Superior Tribunal de Justiça (STJ) foi suspenso nesta quarta-feira (1º) após um dos ministros pedir vistas. O relator, ministro Raul Araújo já havia proferido o voto negando parcialmente os pedidos da defesa quando outro magistrado, o ministro João Otávio de Noronha, pediu vistas. Não há prazo para que o assunto volte à pauta da Corte.
Receba as principais notícias do Paraná pelo WhatsApp
Os recursos foram apresentados no âmbito das investigações da Operação Quadro Negro, que apuram irregularidades na construção de escolas estaduais e crimes como organização criminosa, lavagem de dinheiro, fraude em licitação e tráfico de influência. Para a defesa de Richa, houve uma tentativa, por parte do Ministério Público, de “manipulação da competência” no julgamento das ações. Em resumo, a defesa pedia a anulação dos atos processuais tomados pelo juízo de primeira instância, na Justiça de Curitiba.
A defesa citou partes de uma delação premiada que identificou a realização de caixa 2 com finalidade eleitoral dentro das investigações. Esta alegação, porém, teria ficado de fora da denúncia oferecida como forma de manter o processo tramitando na primeira instância da Justiça Comum, e não da Justiça Eleitoral, como deveria, no entendimento do advogado, ser o caminho a ser seguido.
“A jurisdição somente pode ser exercida pela primeira instância com a remessa ao feito, após esgotada a jurisdição deste Superior Tribunal de Justiça”, apontou Guilherme Brenner Lucchesi, advogado de defesa de Richa. “Parte-se da premissa de que o Ministério Público não pode escolher qual parte da colaboração convém ou não trazer quando do oferecimento da acusação. Eventual baixa à origem deve passar pela Justiça Eleitoral do Paraná, cuja competência naturalmente se sobrepõe àquela da Justiça Estadual”, prosseguiu.
Ministro reconheceu incompetência do STJ em julgar a ação
O ministro Raul Araújo, em sua sustentação, disse que no decorrer da ação a Justiça Eleitoral remeteu os autos do processo de volta à Justiça Estadual do Paraná sem ter reconhecido a própria incompetência em julgar o caso. “O TRE-PR, em vez de apreciar o recurso para dizer ou não de sua incompetência como justiça especializada, entendeu de sustar o julgamento daquele recurso em face do Superior Tribunal de Justiça ter acolhido a reclamação e determinado a subida destes autos para apreciação na Corte Superior”, apontou.
O ministro explicou que, com o arquivamento das investigações que deram origem à subida do processo para o STJ, a corte é incompetente para julgar o caso, que deve, assim, ser remetido de volta à Justiça Estadual do Paraná. “Os autos devem voltar ao juízo da Justiça Comum, na 9ª Vara [da Justiça de Curitiba]. Devemos oficiar ao Tribunal Eleitoral para que prossiga com prioridade no julgamento daquele recurso que discute a competência da Justiça Especializada, pois já resolvemos pela incompetência do STJ, de modo que, ou a ação tramitará perante a Justiça Especializada, a depender do julgamento do recurso perante o TRE-PR, ou na falta de êxito prosseguirá a ação perante a Justiça Comum estadual”, completou.
Pedido de vistas adia julgamento
Por sua vez, o ministro João Otávio de Noronha alegou que, da forma como foi definido, o processo estaria correndo em vários foros ao mesmo tempo. “A demanda está seguindo em múltiplos foros, ao mesmo tempo na Justiça Comum e na Justiça Eleitoral. Se está suspenso na Justiça Eleitoral e por isso veio para cá, que volte lá [para a primeira instância], defina primeiro e depois prossiga”, apontou. Ele pediu vistas do processo, afirmando que trará sua posição mais bem fundamentada “nas próximas sessões” da Corte, o que ainda não tem prazo para ocorrer.
Operação Quadro Negro
A Operação Quadro Negro investigou um suposto esquema que, entre os anos de 2011 e 2014, teria envolvido a Secretaria da Educação do Paraná (Seed) e uma construtora. A empresa venceu dez licitações ligadas à Seed para reforma ou construção de escolas estaduais, mas as obras mal saíram do papel, embora a empresa tenha recebido quase a totalidade dos pagamentos. Para o Gaeco, a empresa foi criada, em 2010, exclusivamente para participar de licitações públicas.
Vai piorar antes de melhorar: reforma complica sistema de impostos nos primeiros anos
“Estarrecedor”, afirma ONG anticorrupção sobre Gilmar Mendes em entrega de rodovia
Com Lula, fim de ano tem picanha mais cara dos últimos 18 anos
Veja onde estão os pontos considerados mais críticos nas rodovias brasileiras
Segurança pública: estados firmaram quase R$ 1 bi em contratos sem licitação
Franquia paranaense planeja faturar R$ 777 milhões em 2024
De café a salão de beleza, Curitiba se torna celeiro de franquias no Brasil
Eduardo Requião é alvo de operação por suspeita de fraudes em contratos da Portos do Paraná
Deixe sua opinião