A autorização de pequenos procedimentos cirúrgicos permite aos hospitais e clínicas do Paraná desafogarem parte da fila de cirurgias eletivas represadas por causa da pandemia de coronavírus. A flexibilização também gera um alívio ao caixa, já que as cirurgias eletivas representam uma parte considerável das receitas dos hospitais particulares e, com a explosão de casos de Covid-19 em 2021, a rede particular correu risco de colapso financeiro pela inflação dos medicamentos usados na UTI.
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O Decreto estadual 441/2021, que entrou em vigência em 1.° de maio, liberou parte das cirurgias eletivas, que não são de emergência e nem urgentes. Estão autorizadas pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) cirurgias ambulatoriais - em que o paciente fica em leito clínico - e no sistema hospital-dia - em que o paciente vai para casa no mesmo dia do procedimento.
Já cirurgias eletivas de maior risco seguem suspensas justamente para reservar leitos e insumos de UTI, principalmente o kit intubação, para o tratamento de pacientes com Covid-19. Isso porque a taxa de ocupação de UTIs de coronavírus segue muito alta em todo o Paraná: 92%, com 1.733 dos 1.876 leitos intensivos ocupados, segundo boletim da Sesa de segunda-feira (3).
O presidente da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Paraná (Fehospar), Rangel da Silva, explica que essa flexibilização do decreto já diminui parte da fila reprimida de cirurgias eletivas. Além disso, ajuda não só os cofres dos próprios hospitais, já que as cirurgias eletivas representam uma fatia considerável no orçamento na rede particular, como as próprias equipes médicas.
"Há hospitais de especialidades, como os de otorrinolaringologia, que dependem quase 100% de cirurgias eletivas. Então essa liberação, mesmo que pequena, já traz um alívio financeiro às instituições", explica Silva. "Vale lembrar também que muitas equipes médicas estão sofrendo com essa pandemia por estarem proibidas de fazer cirurgias eletivas", completa o presidente da Fehospar.
Paciente cirúrgico x paciente clínico
O diretor-geral do Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba, José Octávio Leme, também afirma que mesmo que pequena, a liberação de procedimentos traz um alívio tanto ao paciente, quanto ao hospital. "O represamento de cirurgias tem nos preocupado bastante. Primeiro, pela própria saúde dos pacientes. E também porque sem cirurgias eletivas a gente perde receita, o que é essencial para a sustentabilidade financeira. E equipes ficam paradas também geram prejuízo", explica.
Segundo Leme, o perfil do Marcelino Champagnat é muito cirúrgico, com 45% da receita em 2019 vindo de procedimentos eletivos. Com a pandemia, a receita com cirurgias eletivas no hospital caiu para 35%. "Uma queda de dez pontos percentuais é bastante no nosso orçamento", reforça. Além disso, explica o diretor do Marcelino Champagnat, o giro do paciente cirúrgico no leito é mais rápido do que do paciente clínico, em especial o da Covid-19.
"O paciente cirúrgico tem em média 1,8 dia de ocupação de leito no nosso hospital. Esse giro rápido colabora muito no orçamento", afirma Leme, lembrando que há pacientes com Covid-19 que ficam até dois meses ou mais internados.
O decreto 441 da Sesa permitindo pequenos procedimentos cirúrgicos eletivos vale por 30 dias, podendo ser reduzido ou estendido conforme o quadro epidemiológico da pandemia. Vale lembrar que cirurgias de urgência e emergência, além de procedimentos cardiológicos, oncológicos e nefrológicos seguem permitidos.
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