Rafael Greca (DEM) assume em janeiro o terceiro mandato como prefeito de Curitiba com o compromisso de entregar obras que não foram concluídas na gestão que está terminando.
Algumas, inclusive, já deveriam estar prontas, conforme o próprio prefeito chegou a anunciar, até mesmo em suas contas nas mídias sociais. Entre as obras que a conclusão foi anunciada e não foram entregues estão a trincheira na Rua Mário Tourinho no bairro Seminário, o novo Viaduto do Orleans, a extensão da canaleta para a passagem do Ligeirão até o Terminal Capão Raso (agora estendida até o Pinheirinho) e a própria Linha Verde.
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A pedido da Gazeta do Povo, a prefeitura atualizou a situação de cada uma dessas grandes obras. Segundo informações da Secretaria Municipal de Obras Públicas (SMOP) e do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), da lista apresentada pela reportagem, apenas a construção da trincheira da Mário Tourinho e a obra do Terminal do Tatuquara são consideradas atrasadas pela prefeitura, por questões técnicas.
“Peguei a prefeitura quebrada, com R$ 2,9 milhões em dívidas. Eleito, fui visitar o então presidente da Caixa e resgatamos a carteira de financiamentos. Montei uma força-tarefa para atualizar projetos e processos e garanti recursos para equipamentos públicos”, argumenta Greca ao site da prefeitura sobre as negociações das obras que devem ser concluídas no novo mandato. Leia abaixo a previsão para cada uma dessas obras nos próximos quatro anos de Greca à frente da prefeitura:
Linha Verde
Obra mais demorada da prefeitura de Curitiba, em 2021 a Linha Verde completa 14 anos de construção. A via rápida na antiga BR-476, que liga as regiões Norte e Sul da capital, passou pela gestão de quatro prefeitos: Beto Richa (PSDB), Luciano Ducci (PSB), Gustavo Fruet (PDT) e o próprio Rafael Greca (DEM).
Em 2017, a prefeitura recuperou recursos da Caixa Econômica Federal e da Agência Francesa de Desenvolvimento para conclusão da Linha Verde. Porém, em agosto de 2019, o trabalho foi interrompido porque a administração municipal rompeu contrato com a empreiteira responsável pela última etapa da obra, entre os bairros Tarumã e Atuba.
Quatro meses depois, em dezembro de 2019, as máquinas voltaram ao serviço com a contratação de um consórcio de empreiteiras. A retomada chegou a ser postada por Greca no Facebook com a hashtag #agoravai.
Desde então, o prazo de conclusão passou a ser dezembro de 2021. Mas a SMPO já fala na possibilidade de a Linha Verde terminar em 2022. “As obras devem ser concluídas entre o fim de 2021 e início de 2022. As obras da Linha Verde são complexas, seguem o tempo da engenharia e o rigor das leis que regem a execução de obras públicas”, justifica a secretaria. De acordo com a SMOP, hoje a Linha Verde não tem nenhum canteiro paralisado em seus três lotes finais.
Trincheira da Mário Tourinho
Em junho de 2018, Greca anunciou no Facebook a construção da trincheira da Mário Tourinho, na esquina com a Avenida Nossa Senhora Aparecida, no bairro Seminário, com previsão de conclusão em um ano e meio – ou seja, para o fim de 2019. Neste caso, a prefeitura admite o atraso, alegando dificuldades de receber e instalar as estacas metálicas que sustentarão a estrutura.
Em setembro de 2019, tapumes foram instalados para iniciar a construção. Porém, a empresa europeia que forneceria as estacas não tinha o produto em estoque e levaria 150 dias para produzir. Com isso, o projeto teve de ser readequado ao custo de R$ 135,6 mil, conforme informação obtida pela Gazeta em junho de 2019 via Lei de Acesso à Informação. Houve também danos no maquinário que instalou as estacas.
Além disso, a pandemia de coronavírus vem interferindo no andamento da obra, com o afastamento de engenheiros e operários do grupo de risco, além da falta de insumos, peças e equipamentos. Mesmo assim, todas as 918 estacas já foram instaladas. Também foi concluída a alteração da rede de energia elétrica e a construção de novas galerias de águas pluviais.
Falta escavar o novo leito e pavimentar a pista da Mário Tourinho, além da instalação da laje da trincheira. Com isso, a previsão é de que a trincheira fique pronta ainda no primeiro trimestre de 2021.
Viaduto Orleans
A revitalização do Viaduto do Orleans, sobre a BR-277, na saída de Curitiba sentido interior, ao custo de R$ 30 milhões, é outra obra que já deveria estar pronta há mais de um ano. O prazo postado por Greca em seu Facebook era setembro de 2019, mas nem o projeto de execução foi licitado ainda.
Primeira obra de grande porte anunciada por Greca no primeiro ano de mandato, em 2017, o projeto prevê a construção de duas novas transposições, uma em cada ponta da estrutura, que vai transformar o viaduto em uma enorme rotatória, facilitando o acesso aos bairros São Braz e Campo Comprido, além da própria BR-277. Também haverá revitalização dos cruzamentos da Rua Professor João Falarz e Avenida Vereador Toaldo Túlio com a BR-277.
Apenas em agosto de 2020, três anos após o anúncio da obra, prefeitura e governo do estado formalizaram convênio para repasse de R$ 1,2 milhão para o projeto executivo, que ainda não foi licitado. Somente com esse projeto pronto as obras vão começar. A previsão é de que, assim que for licitado, o projeto leve ao menos um ano para ser concluído. Ou seja, as máquinas só começam a se movimentar em 2022.
Trinário de viadutos no Boqueirão
Anunciado em abril de 2018 ao custo de R$ 116 milhões, o projeto executivo do trinário do Boqueirão está sendo concluído para, na sequência, iniciar a obra. O trinário é separado em dois lotes.
O primeiro lote é dos três viadutos. Serão duas estruturas novas, nas ruas Anne Frank e Tenente Francisco Ferreira de Souza, mais o viaduto da Avenida Marechal Floriano Peixoto, que passará a ser exclusivo para ônibus, ciclistas e pedestres.
O viaduto da Anne Frank fará ligação no sentido Boqueirão-Centro. O da Tenente Francisco Ferreira de Souza fará a ligação contrária, Centro-Boqueirão. Já no viaduto da Marechal Floriano haverá uma espécie de miniterminal, permitindo a integração de 220 mil passageiros por dia entre sete linhas do eixos Linha Verde e Boqueirão
O segundo lote é para construção de duas trincheiras próximas à estação-tubo São Pedro, na Linha Verde. As trincheiras vão permitir a formação de um binário – vias de sentidos opostos, ligando o Xaxim ao Capão Raso.
Viaduto triplo no Tarumã
O viaduto triplo no Tarumã faz parte do pacote de obras da Linha Verde para resolver o nó urbano que se forma na Avenida Victor Ferreira do Amaral, no entorno do Colégio Militar, com a circulação diária de 119 mil veículos por dia no trecho.
O viaduto sobre a Avenida Victor Ferreira do Amaral será alargado e vai ganhar uma canaleta exclusiva para ônibus. O complexo terá ainda uma trincheira embaixo do viaduto e duas estações-tubo novas.
No valor de R$ 44,8 milhões, a obra já foi licitada pela SMOP. Agora, aguarda autorização do Ministério de Desenvolvimento Regional para iniciar, já que os recursos são do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal.
Canaleta do Ligeirão até o Capão Raso/Pinheirinho
Em março de 2018, o Ligeirão Norte/Sul começou a circular, mas não em seu trajeto total. A linha ia até praticamente metade do caminho, do Terminal do Santa Cândida à Praça do Japão, no Batel. Isso porque o restante do trecho, até o Terminal do Capão Raso, precisava ter a canaleta na Avenida República Argentina alargada para a passagem do Ligeirão.
Greca chegou a prometer que levaria o Ligeirão até o Capão Raso ainda em 2018. Depois, a data original do Ippuc para 2019 foi mantida. Entretanto, a obra começou somente em agosto de 2020, mas com o trecho estendido até o Terminal do Pinheirinho, com o alargamento também da Avenida Winston Churchill.
A previsão é de que a obra termine em um ano, ou seja, em agosto de 2021. No total, 26 estações-tubo serão requalificadas para o embarque/desembarque da linha, que leva cerca de 350 mil passageiros por dia – número que caiu para 195 mil passageiros por dia com a pandemia. Junto com o ajuste na canaleta, também está sendo instalada uma ciclofaixa ao longo do trecho.
Intervenção “dramática” na Westphalen
Em mais uma das inúmeras enchentes na Rua Desembargador Westphalen em março de 2019, o prefeito Rafael Greca postou em seu Facebook que a prefeitura faria “uma intervenção dramática” para resolver o problema que atrapalha o trânsito no Centro de Curitiba há décadas. Na postagem, o prefeito prometeu “mais do que uma solução paliativa”, com a substituição de toda a tubulação de escoamento de água da chuva ao longo da rua, do Centro ao Parolin.
Como a obra não estava no orçamento daquele ano, a licitação do projeto executivo ficou para 2020, o que foi cumprido. Em junho de 2020, a prefeitura anunciou a empresa responsável pelo projeto executivo, cujo prazo de conclusão é de seis meses. Ou seja, deve ficar pronto até o fim de dezembro. Na sequência, será feita licitação para contratação da empreiteira que vai tocar a obra.
Além da nova galeria pluvial até o Rio Água Verde, com maior capacidade de escoar a água da chuva, também serão instalados reservatórios para conter e distribuir o volume de água.
Enchentes Alto da XV
Em março de 2018, ruas do bairro Alto da XV voltaram a sofrer com alagamento, com carros danificados pela água e garagens de condomínios inundadas. Para resolver o problema, a prefeitura anunciou em julho daquele ano obras para acabar com as enchentes.
Quase dois anos depois, em junho de 2020, Greca postou no Facebook o início das obras de macrodrenagem no cruzamento da Rua Dias da Rocha Filho e Avenida Padre Germano Mayer, no Alto da XV. A galeria terá mais capacidade de escoar a água da chuva, com extensão de 400 m. Também estão sendo construídos três reservatórios no Rio Juvevê, que vão reduzir o risco de enchente nos bairros Cabral, Hugo Lange e Cristo Rei.
A previsão de conclusão das obras é de sete meses. Ou seja, devem estar prontas em janeiro de 2021.
Terminal do Tatuquara
Iniciado em janeiro de 2019, o novo terminal do Tatuquara é outra obra em andamento que a prefeitura admite estar atrasada. A previsão inicial era de que o terminal fosse concluído em até 15 meses, ou seja, até abril de 2020. Entretanto, a construção atrasou, mas já está na fase final, com previsão de conclusão no primeiro trimestre de 2021. De acordo com a SMOP, o trabalho foi afetado pela pandemia, com atraso no fornecimento de insumos.
Com 3,4 mil metros quadrados, o novo terminal vai permitir que todos os ônibus que passam pela Regional Tatuquara façam a integração sem que o passageiro tenha que se deslocar até o Terminal do Pinheirinho. Além disso, o Terminal do Tatuquara fará integração com estações estratégicas da Linha Verde para ligação direta com linhas que vão para o Centro e para Fazenda Rio Grande e Araucária, na região metropolitana.
O valor da obra é de R$ 8 milhões. O terminal terá duas novidades para a integração intermodal de transporte: um bicicletário com 108 vagas e vestiário para os passageiros.
Novo Terminal do Capão da Imbuia
Construído em 1982, o Terminal do Capão da Imbuia precisa ser ampliado para atender a demanda de passageiros. Em maio de 2018, a prefeitura anunciou a construção de um novo terminal, na quadra seguinte do atual, anexo à Rua da Cidadania da Regional Cajuru.
A obra é estimada em R$ 30 milhões e está na fase de execução do projeto, segundo o Ippuc. Um ponto que pode interferir na construção é a necessidade de desapropriar alguns imóveis da região.
O novo Terminal do Capão da Imbuia faz parte do projeto do Eixo Metropolitano Leste-Oeste, cujo financiamento de US$ 75 milhões está sendo negociado com o New Development Bank (NDB) e com o governo federal.
Terminais do Hauer, Campina do Siqueira e Vila Oficinas
As reformas dos terminais do Hauer, Campina do Siqueira e Vila Oficinas foram anunciadas pela prefeitura em 2018, ao custo total de R$ 120 milhões.
Construídos em 1981, Hauer e Campina do Siqueira serão demolidos e darão lugar a terminais maiores, com mais linhas e equipamentos. Mesmo sendo o terminal mais novo de Curitiba – em 2000, ganhou uma nova estrutura -, o Vila Oficinas precisa de nova pavimentação e ampliação da plataforma de embarque para permitir a implantação de um novo Ligeirinho até a Praça Tiradentes, no Centro.
No caso do Hauer, o projeto executivo já foi concluído, mas o orçamento está sendo atualizado para que seja feita a licitação da obra. A execução depende da autorização do Ministério do Desenvolvimento Regional, que será emitida somente após a licitação.
O Terminal do Campina do Siqueira está com o projeto executivo pronto, mas também terá que ser atualizado. Neste caso, a atualização é para implantação de módulos de captação da luz solar, que permitirá ao terminal produzir a própria energia elétrica. Assim que a atualização for concluída, será feita licitação para a execução da obra. A construção tem financiamento do New Development Bank (NDB), dentro do pacote de US$ 75 milhões do Eixo Metropolitano Leste-Oeste.
Já o projeto executivo do Terminal da Vila Oficinas ainda precisa ser licitado. Os recursos também são de financiamento do New Development Bank (NDB), dentro do pacote de US$ 75 milhões do Eixo Metropolitano Leste-Oeste.
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