O Paraná poderá ter acesso irrestrito ao mercado mundial de carnes a partir dos próximos meses. No dia 27 de maio, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) deve formalizar o reconhecimento do estado como território livre de febre aftosa sem vacinação. Tão logo a decisão seja anunciada, abre-se a possibilidade de exportação para importantes destinos, como Japão, Coreia do Sul e México, países que hoje o Paraná não acessa por causa da restrição sanitária.
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O impacto comercial de curto prazo será sobre o mercado de carne suína, no qual o Paraná é mais expressivo. Mas, no médio e longo prazo pode repercutir também em carne bovina e lácteos. A febre aftosa é uma doença infecciosa e uma das mais graves e contagiosas que atinge bovinos, ovinos, caprinos, suínos e ruminantes selvagens, causando grandes prejuízos à pecuária. A doença não é transmitida pelo consumo de carne e lácteos e não representa risco para a saúde humana.
“O reconhecimento internacional significa que mudamos de patamar sanitário no mundo e serve como um passaporte. Se não temos esse passaporte, não conseguimos nem conversar com Japão e Coreia do Sul, por exemplo”, afirma Norberto Ortigara, secretário da Agricultura e do Abastecimento do Paraná. “Superamos a questão sanitária, agora é preciso trabalhar na estratégia comercial para conquistar esses mercados”, pontua.
Outra decisão da OIE, esperada para a mesma conferência, é o reconhecimento do Paraná como um bloco independente no que se refere à peste suína clássica. A doença já está superada, porém, pela classificação do organismo internacional, o Paraná integra um bloco de 14 estados brasileiros. “Isso significa que se qualquer outro estado tem um foco da doença, o Paraná acaba sendo prejudicado podendo ter restrições de acesso ao mercado mundial”, observa o secretário. "Por isso, pleiteamos essa independência do território paranaense em relação aos demais estados", explica.
Setor investe em novos frigoríficos
De olho na expansão do mercado que virá com o novo status sanitário, a Frimesa Cooperativa Central já está investindo em mais um frigorífico. A nova planta, prevista para ser concluída em dezembro de 2022, vai dobrar a capacidade atual de abate, chegando a 15 mil suínos por dia.
“Hoje, 20% da nossa produção é destinada ao mercado externo. A partir do reconhecimento da OIE, vamos destinar 30% do que produzimos para o exterior”, informa Elias Zydek, diretor presidente da Frimesa, maior empresa paranaense de abate e processamento de suínos, com plantas industriais em Medianeira e Marechal Cândido Rondon, no oeste paranaense.
Segundo Zydek, o Paraná já exporta carne suína, mas para mercados menores como Singapura, Hong Kong, Vietnã, África do Sul, Uruguai e Argentina. “O mercado mundial é de 10 milhões de toneladas por ano, mas temos acesso a apenas 40% desse total”, informa.
“A abertura do mercado mundial vai ser o impulso que o Paraná precisava para assumir a liderança na suinocultura”, acredita Robson Mafioletti, superintendente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). Segundo ele, além da Frimesa, outras cooperativas também já estão investindo em novas plantas. O Paraná hoje é o segundo produtor nacional de suínos, ficando atrás de Santa Catarina.
O segmento de carne bovina também planeja investir, conforme informa Ronei Volpi, assessor da presidência da Federação da Agricultura do Paraná (Faep) e diretor-executivo do Fundepec, o fundo criado pelo setor privado para ações emergenciais no controle sanitário dos rebanhos. “O Paraná já tem alguns frigoríficos habilitados para exportar e agora outros vão buscar essa habilitação”, acredita. Segundo Volpi, com o trabalho de cruzamento de raças europeias e zebuínas, que viabiliza o abate precoce e carne de qualidade, o Paraná pode assumir o protagonismo no mercado internacional de cortes nobres.
Iniciativa privada foi fundamental na conquista do status sanitário
A erradicação da febre aftosa do rebanho paranaense foi resultado de um esforço conjunto do governo e da iniciativa privada, conforme informa o médico veterinário Rafael Gonçalves Dias, gerente de Saúde Animal da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar). Segundo ele, o setor privado apoiou a estruturação de postos de fiscalização nas divisas do Paraná com São Paulo e Mato Grosso do Sul e também ajudou a equipar o Centro de Diagnóstico Marcos Enrietti, laboratório estadual de monitoramento da sanidade agropecuária. “Com isso antecipamos o processo”, conta.
Segundo Dias, o Paraná entraria com outros estados no Programa do Ministério da Agricultura, que prevê a suspensão da vacinação em todo o território nacional só em 2023. Dessa forma, apenas em 2025 começariam os trâmites junto à OIE. Ele destaca que há cerca de 10 anos o Paraná suspendeu a vacinação e em setembro de 2019 foi encaminhado o pleito ao Ministério da Agricultura de reconhecimento de área livre. Depois de superada a etapa nacional, o Ministério fez a solicitação à OIE em setembro de 2020, o que deve culminar com o reconhecimento internacional em 27 de maio. “Todos os procedimentos foram cumpridos. Por isso, a conferência da OIE deve ser apenas protocolar”, acredita.
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