A falta de um terminal adequado é uma reclamação antiga dos usuários do transporte rodoviário metropolitano de Londrina e região. Não há integração entre as linhas, o que obriga os passageiros a fazerem grandes deslocamentos entre pontos de embarque e desembarque, além de terem que esperar pelos veículos em locais sem a mínima estrutura. Para tentar resolver os dois problemas de uma só vez, uma ideia pouco usual será avaliada pela Prefeitura de Londrina e pelo governo do Paraná: a concentração de todo o transporte coletivo no atual Terminal Rodoviário de Londrina e a construção de um teleférico ligando este terminal ao Calçadão no centro da cidade.
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Unificar o embarque e desembarque de passageiros dos três serviços – rodoviário intermunicipal e interestadual, metropolitano e coletivo municipal – em um só lugar foi a saída indicada pela Casa Civil do governo do Paraná para aproveitar o espaço, atualmente subutilizado conforme avaliação do órgão. Após tomada essa medida, a tarefa de levar e trazer os passageiros do terminal, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e inaugurado em 1988, ao Calçadão do centro de Londrina seria executada então por um teleférico.
Os custos de instalação de toda essa nova estrutura de transporte, segundo a coordenadora do Núcleo Regional da Casa Civil da Região Metropolitana de Londrina, Sandra Moya, seria o mesmo de desapropriar um terreno e construir um terminal convencional. Além de não elevar os custos, outra vantagem em adotar o teleférico como alternativa à construção desse terminal seria antecipar a solução de um problema, o esgotamento da atual capacidade do sistema do transporte coletivo municipal.
“Teríamos que fazer a realocação do terminal urbano de Londrina para a rodoviária. Essa não é uma programação imediata do município de Londrina. Estão estudando ainda essa possibilidade, até porque o terminal urbano de Londrina já está bem estabelecido. Mas há uma previsão de crescimento da cidade e da região como um todo, e a demanda para esse terminal é muito grande. Pode ser que daqui a cinco ou dez anos tenha que ser feita essa realocação de qualquer jeito. Por que não fazer isso agora?”, apontou a coordenadora.
A utilização do teleférico como meio de transporte coletivo, um “projeto inovador trazido pelo governo do Estado para Londrina” na avaliação de Sandra Moya, já é realidade em outros locais do mundo. “Fui acompanhar esses exemplos de fora do país e procurei também ouvir relatos de passageiros que utilizam esse sistema, e é uma ideia fantástica. Principalmente do ponto de vista da sustentabilidade. Londrina tem uma topografia muito acidentada, os passageiros que descem no terminal urbano precisam enfrentar uma subida íngreme para chegarem até o centro. Dessa forma, os passageiros já chegariam direto do ônibus até o Calçadão”, disse.
A princípio o projeto prevê a instalação de três terminais de embarque e desembarque. A viagem completa entre o terminal unificado e o centro da cidade duraria três minutos, de acordo com as estimativas. Mesmo garantindo que o custo de instalação e operação do sistema é o mesmo da construção de um novo terminal convencional, Sandra reconhece que não há cálculos nem da implantação do teleférico nem do custo das passagens.
“A única coisa que precisa ser analisada é a tarifa, que precisa ser atrativa para o passageiro. Essa é a preocupação do governo do estado. Estamos nos programando para fazer uma estrutura que acomode esses passageiros com uma tarifa acessível ao trabalhador. A partir da ideia, se ela for considerada viável do ponto de vista da passagem, só então poderemos prosseguir e fazer uma licitação para o projeto. Isso depende do município, se houver esse entendimento de que é possível fazer a realocação do terminal agora, então vamos dar seguimento a essa ideia. Senão, vamos parar por aqui, infelizmente”
Em um primeiro momento a avaliação da Prefeitura de Londrina foi de que transferir o terminal do transporte coletivo para a rodoviária seria algo inviável no momento. O entendimento vem mudando, a ponto de o prefeito Marcelo Belinati ter proposto ao governador Carlos Massa Ratinho Junior a criação de uma comissão para discutir o assunto. Não há prazo para que saia o resultado dessa análise de viabilidade.
Transporte limpo
Na avaliação da diretora de Trânsito e Planejamento Urbano do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (Ippul), Denise Ziober, a instalação do teleférico é uma saída ambientalmente correta para reduzir as emissões de carbono do transporte coletivo. Além disso, a nova estrutura unificada de transporte traria outros benefícios aos passageiros. “Isso vai dar condições básicas, segurança, conforto, banheiro. Temos muitos passageiros que vêm de outras cidades para fazer tratamento de saúde, têm que andar a pé um trecho, vão até os hospitais ou clínicas, passam por procedimentos, voltam e ficam esperando de pé até tarde da noite para pegar o ônibus de volta, expostos ao frio e à chuva. É uma situação cruel com essas pessoas”, ponderou.
Denise, que já presidiu o Ippul, explicou que o processo de instalação de uma rede de transporte por teleféricos é mais célere porque não é preciso desapropriar o local onde serão colocados os postes e os terminais. “Essa solução nos parece viável porque se conseguiria instalar uma rede rapidamente sem a necessidade de investimentos em obras viárias. Tudo é feito por cima do solo. Pode-se colocar a linha de transporte em qualquer altura que for preciso. Se quiser colocar acima dos prédios é possível. Um shopping, por exemplo, poderia ter uma estação no telhado, o que permitiria aos passageiros sair do vagão e entrar direto por elevador. É uma comodidade bastante grande”, avaliou.
A diretora estima que uma vez aprovado, o projeto leve entre 6 a 8 meses para ser tirado do papel e colocado em funcionamento. A rapidez se dá pelo tipo de construção, baseado em estruturas modulares e pré-moldadas. Essas características, aponta Denise, tornam fácil também a ampliação do sistema, que deixaria de ser só uma forma de levar os passageiros da rodoviária até o centro de Londrina para se tornar uma alternativa ao atual sistema de transporte por ônibus.
“São cabines com pouca gente, com capacidade para 10 pessoas. Se pensarmos em situações de pandemia é o ideal, porque há uma baixa concentração de pessoas por vagão. Tudo é modular, pré-montado, bem rápido. A concessão da instalação das torres pode ser feita para ocupar áreas de parques, praças e canteiros por serem públicos e sem custo. Não é muito demorado não, e pode ser ampliada para vários lugares. Pode ser criada uma rede leste-oeste, e depois cruza-se com outra rede norte-sul. Nesse cruzamento pode ser feita a transferência de uma linha para outra, e a integração com o sistema atual de ônibus. A ideia é boa, e precisa ser levada a sério”, concluiu.
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