Pesquisadores de quatro instituições federais apontaram a necessidade de adoção de um lockdown severo de três semanas para que Londrina não registre picos recorde de mortes por Covid nos próximos dois meses. A pesquisa, realizada em 10 cidades paranaenses com apoio da APP-Sindicato (que representa professores e funcionários do sistema de educação no PR), sugere uma restrição de mobilidade urbana acima dos 70% e a suspensão imediata das aulas presenciais em Londrina. O alerta, porém, não deve modificar os planos de retorno parcial dos estudantes à rede estadual de ensino na cidade, previsto para a próxima segunda-feira (24). Nem convenceu o prefeito Marcelo Belinati, que disse buscar um equilíbrio entre aqueles que querem "tudo aberto" e os que querem "fechar tudo".
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A análise que sugere um lockdown, apresentada em uma audiência pública realizada pela Câmara Municipal de Londrina, levou em conta dados epidemiológicos, taxas de vacinação e mobilidade urbana da população até meados de abril em Curitiba, Foz do Iguaçu, Cascavel, Londrina, Maringá, Ponta Grossa, Guarapuava, Toledo, União da Vitória e Francisco Beltrão. Dentre todas, Londrina foi a cidade que, segundo a pesquisa, apresentou a situação mais crítica.
“Em todo o mês de maio, Londrina deve ter, em média, quase 200 internações em tratamento intensivo, podendo chegar até entre 15 e 20 mortes diárias, permanecendo por maio e junho, se nenhuma medida restritiva for tomada. Então é um cenário preocupante”, informou o coordenador do estudo, o biólogo e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas do Amazonas (Inpa) Lucas Ferrante. A pesquisa teve também participação de profissionais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ) e da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
Ferrante participou no início de maio de uma live promovida pela APP-Sindicato sobre o mesmo assunto, e mais uma vez classificou como inviável a volta às aulas presenciais. Segundo Ferrante, o uso de máscaras de tecido não é mais eficaz para evitar o contágio das novas cepas do coronavírus. “Há a recomendação de implantação imediata de medidas mais restritivas, dada a situação que se aplica para Londrina. Londrina precisa de um lockdown, não existe outra saída neste momento, e o retorno híbrido ou presencial só será seguro quando a vacinação avançar para até 70% de toda a população”, destacou.
Em entrevista coletiva, o prefeito de Londrina Marcelo Belinati (PP) disse discordar da informação trazida pelo pesquisador. “A máscara protege sim. É uma coisa lógica. Como a pessoa se contamina? Se você respirar o vírus e ele entrar pelo nariz ou pela boca, ou se você pegar em uma superfície com o vírus e levar a mão à boca, olho ou nariz”, afirmou. O prefeito disse também que a questão do retorno às aulas presenciais na rede municipal, suspensas até o fim de maio, é avaliada todos os dias com base nos dados epidemiológicos.
Sobre a adoção de uma medida mais restritiva contra a pandemia, como a proposta pela pesquisa, Belinati disse que o trabalho dele é encontrar o equilíbrio entre “aqueles que querem tudo aberto e os que querem tudo fechado”. “É fato que nós vivemos um momento muito delicado, com uma cepa nova que é muito mais agressiva, que tem tirado a vida de pessoas muito jovens. Por isso a gente pede às pessoas que se cuidem. Não adianta fechar tudo porque a pessoa não vai ficar trancada dentro de casa. O que a gente pede é que cada um cuide da própria saúde e da saúde da sua família”, afirmou o prefeito, sinalizando que não deve adotar lockdown na cidade.
Seed diz que retorno é focado em público com vulnerabilidade
Procurada pela Gazeta do Povo, a chefe do Núcleo Regional de Educação de Londrina, professora Jéssica Elizabeth Gonçalves Pieri, garantiu que as aulas vão retornar em 84 escolas da região na segunda-feira (24), conforme a programação da Secretaria Estadual de Educação. Como o retorno é focado, segundo ela, nos alunos em situação de vulnerabilidade e com dificuldade de acesso à internet, a expectativa do núcleo é de ter um público de no máximo cinco crianças por sala de aula.
“As turmas que têm professores em grupo de risco não vão retornar. Só vai fazer o retorno para essas crianças que estão perdidas. Vamos tentar fazer uma busca ativa para trazer esses meninos e meninas para dentro da escola. Vamos dar um passo curto só para ter esse olhar para quem está à margem. Nosso objetivo de trabalho é o aluno. Todo o meu respeito aos profissionais da APP, mas eu não posso seguir a orientação dessa pesquisa, tenho que seguir a orientação da minha mantenedora”, afirmou.
Segundo a chefe do núcleo, pais e diretores de escola estão sendo orientados a não chamarem para as aulas presenciais os estudantes que já acompanham as aulas de forma remota. “Que continuem participando assim, deixa esse lugar no retorno somente para essas crianças que estão com dificuldades, tanto pela condição social, tanto pela dificuldade de acesso à tecnologia”, detalhou a professora.
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