Em 1900, o historiador José Francisco da Rocha Pombo fez um comparativo entre a Curitiba da metade do século 19 e a que adentrava o século 20. “Quem viu aquela Curitiba, acanhada e sonolenta, de 1853, não reconhece a Curitiba suntuosa de hoje, com as suas grandes avenidas e boulevards, as suas amplas ruas alegres, as suas praças, os seus jardins, os seus magníficos edifícios”, exaltou.
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Apesar do entusiasmo de Rocha Pombo, havia muito a ser feito na cidade, que vinha em franco crescimento populacional, superando a marca de 50 mil habitantes. Assim como nas demais capitais da República, os avanços tecnológicos chegavam e aumentavam a preocupação com a infraestrutura urbana. Ao mesmo tempo, as várias epidemias de disenteria do fim do século 19 exigiam providências para melhoria das condições sanitárias.
Foi com toda essa responsabilidade em mãos que naquele ano assumiu o 11º prefeito da história de Curitiba, Luiz Antônio Xavier. Aos 44 anos de idade, o mandatário eleito com 1.346 votos trazia na bagagem uma experiência respeitável: iniciou as atividades como tabelião profissional, aos 20 anos, depois foi advogado, promotor público, secretário de Finanças e secretário de Interior, Justiça e Instrução Pública do Paraná.
Criada a Praça Osório e a "menor avenida do mundo"
A página Nossa Memória, mantida pela Câmara Municipal de Curitiba, destaca que, quando Luiz Xavier assumiu a prefeitura, “a estrutura da cidade ainda apresentava deficiências e limitações orçamentárias que dificultavam o cotidiano dos habitantes”. Nesse cenário, ele “iniciou as alterações que possibilitaram as profundas reformas operadas posteriormente por Cândido de Abreu [prefeito que governou a capital entre 1892 e 1894 e retornou ao cargo em 1913]”.
Essas alterações, na verdade, representaram o início do processo de urbanização de Curitiba, conforme relatam as pesquisadoras Zulmara Clara Sauner Posse e Elizabeth Amorim de Castro em seu livro “As Virtudes do Bem-Morar”. Entre 1902 e 1904, foram executados 32 mil metros quadrados de calçamento e 7,3 mil m² de meio fio. “A pavimentação continua sendo realizada com o objetivo de cobrir todo o quadro urbano da cidade e eliminar a poeira e as águas paradas”, destacam as pesquisadoras.
Entre as obras que se destacam nesse período estão as da região onde hoje está a Praça Osório, até então um cenário descampado e sem utilidade. A administração de Luiz Xavier fez ali calçamento, terraplanagem e arborização, criando assim um dos pontos de encontro da capital. Além disso, ampliou a largura do trecho de rua que ligava a Rua XV de Novembro à praça, dando origem àquela que é conhecida como “a menor avenida do mundo” e leva o nome do ex-prefeito.
Cidade se transforma em um canteiro de obras
Instalação de redes de água e esgoto, expansão das linhas de bonde e ampliação da iluminação pública são outras obras que marcam o período. “A cidade está sendo projetada e os serviços de infraestrutura ocorrem simultaneamente, buscando adequação às novas tecnologias que a introduzirão no cosmopolitismo do século XX. Curitiba transforma-se em um canteiro de obras, com ruas abertas para a instalação da tubulação de água e esgoto, posteriormente pavimentadas, que recebem postes para as redes elétricas e telefônicas e onde se assentam trilhos”, narra a obra de Zulmara e Elizabeth.
A aposta no grande volume de obras parece ter sido certeira: Luiz Xavier foi o primeiro prefeito da história de Curitiba a ser reeleito. Totalizando sete anos de mandato, em 1907 deixou a prefeitura, mas não a vida pública. Retornou ao cargo de secretário de Justiça entre os anos de 1908 e 1912 e ainda representou o Paraná na Câmara Federal por mais de uma legislatura. Morreu em 1933, dois dias antes de completar 77 anos.
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