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Palácio Iguaçu
Aos 70 anos, Palácio Iguaçu mantêm características arquitetônicas modernistas, pioneiras no país à época de sua construção.| Foto: Arnaldo Alves/Agência de Notícias do Paraná

O mês de dezembro de 2024 marca o aniversário de 70 anos do Palácio Iguaçu, sede do governo do estado e um marco da arquitetura modernista brasileira no Paraná. O edifício, assinado pelo arquiteto David Azambuja, é considerado como uma das primeiras e mais importantes expressões do estilo arquitetônico no país.

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Na visão de seu idealizador, o Palácio Iguaçu impressionaria ocupantes e visitantes pelo uso de amplos espaços e de materiais como vidro e mármore. As linhas retas buscavam simbolizar uma conexão entre o poder público e a população, reafirmando a característica de um estado moderno.

Palácio Iguaçu
Linhas retas do prédio que abriga a sede do governo paranaense buscavam simbolizar uma conexão entre o poder público e a população, reafirmando a característica de um estado moderno.| Albari Rosa/Arquivo Gazeta do Povo

O Palácio Iguaçu foi inaugurado em 1954, dentro do calendário de celebrações dos 100 anos da emancipação política do Paraná – o desmembramento da província de São Paulo ocorrera em 1853. Na noite de inauguração, em 18 de dezembro, Café Filho fazia ao Paraná sua primeira visita oficial como presidente da República após assumir o cargo devido à morte de Getúlio Vargas, em agosto daquele ano.

Palácio Iguaçu teria influenciado na criação de Brasília

Como governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek de Oliveira visitou o Palácio Iguaçu durante as obras. Para o arquiteto e membro do Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná Fernando Lobo, esta visita pode ter impactado o futuro presidente JK na decisão de construir uma nova capital federal.

“O projeto paranaense causou um impacto cultural a nível nacional. Inclusive, conta-se que as obras inspiraram a criação de Brasília”, disse Lobo, lembrando que Brasília foi construída entre os anos de 1957 e 1960.

Palácio Iguaçu foi visitado pelo então governador de MG, Juscelino Kubitschek.
Então governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek de Oliveira visitou o Palácio Iguaçu.| Divulgação/Acervo Mupa

Outro a ressaltar a importância do Palácio Iguaçu no âmbito nacional é o historiador Paulo Colaço. Segundo ele, apesar de passar por um crescimento econômico relevante à época, alavancado pelo café, o Paraná ainda era ofuscado por outros estados da federação, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

“A construção do Palácio Iguaçu e de todo o projeto do primeiro Centro Cívico do país é icônica. O objetivo era mostrar que o Paraná era um estado grande, forte e merecia um palácio governamental à altura”, contextualizou.

Obras foram concluídas durante mandato de Bento Munhoz da Rocha Netto

As obras do Palácio Iguaçu foram concluídas durante o mandato de Bento Munhoz da Rocha Netto, governador do Paraná entre os anos de 1951 e 1955. Ele era outro a compartilhar os ideais de modernização do estado e de sua administração por meio de um edifício icônico.

“Ele é uma figura que se encaixa no momento da história do Brasil em que o país deixava de ser essencialmente agrário para se tornar mais urbano. O Palácio Iguaçu representa essa modernidade e o futuro”, pontuou o historiador Renê Wagner Ramos.

Palácio Iguaçu
De óculos escuros, o então governador do Paraná Bento Munhoz da Rocha Netto em visita às obras do Palácio Iguaçu| Divulgação/Acervo Mupa

À Agência de Notícias do estado do Paraná, Gilda Marise Munhoz da Rocha, nora de Bento Munhoz da Rocha Netto, disse que a família foi convocada para uma reunião na qual o sogro anunciou os planos de mudança para a sede de governo do estado. “O terreno era um pântano, com algumas construções modestas. Ele chamou a família toda na casa dele e disse que faria o projeto naquele local, e que não gostaria de saber que qualquer um de nós comprou um pedacinho de terreno por lá. Ninguém comprou. Todo mundo obedeceu”, relembrou.

A preocupação do governador se justificava, uma vez que as áreas no entorno do palácio teriam uma substancial valorização após o fim das obras. Dados do Índice FipeZAP de Locação Residencial, divulgado em julho deste ano mostram que o Centro Cívico é o bairro mais valorizado de Curitiba, com o metro quadrado ao custo de R$ 49,80.

Uma das 500 obras de arte que estão no acervo do Palácio Iguaçu é o quadro "Chegada do conselheiro Zacarias" de Arthur Nísio.
Uma das 500 obras de arte que estão no acervo do Palácio Iguaçu é o quadro "Chegada do conselheiro Zacarias" de Arthur Nísio.| José Fernando Ogura/Agência de Notícias do Paraná

Palácio simbolizou o futuro do Paraná, aponta historiador

Na avaliação do historiador Renê Ramos, a escolha do local para nova sede de governo do Paraná não foi feita à toa pelo governador Bento Munhoz da Rocha Netto. “O Palácio Iguaçu foi um choque do ponto de vista arquitetônico, por ser diferente de tudo o que o Paraná tinha até então. E basta reparar: quem está na Catedral de Curitiba consegue enxergar o palácio, que simboliza o futuro do Paraná”, disse.

Durante seus 70 anos, o Palácio Iguaçu recebeu diversas reformas. Em todas elas um ponto em comum: a manutenção das características arquitetônicas originais. Em uma das maiores obras de manutenção realizadas no edifício, iniciada nos anos 2000, o palácio recebeu uma ampla revitalização. Além da modernização das instalações internas, houve reforço na infraestrutura do prédio.

Foi nesta época que o grande mural de Poty Lazarotto, marca registrada do prédio, foi restaurado. A obra decora a fachada externa do palácio com passagens da história do Paraná. Os trabalhos da reforma foram concluídos em 2010, e dois anos depois o Palácio Iguaçu foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Cultural do Paraná.

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