Margatira Sansone era primeira-dama de Curitiba.| Foto: Aniele Nascimento/Arquivo Gazeta do Povo
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Faleceu nesta terça-feira (20) a primeira-dama de Curitiba, Margarita Sansone. Ela estava passando por tratamento contra um câncer no sistema linfático e estava internada no Hospital Marcelino Champagnat há cerca de três semanas. A notícia do falecimento dela foi confirmada pelo prefeito Rafael Greca (PSD).

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"Com profundo pesar e meu coração curitibano dilacerado, cumpro o doloroso dever de comunicar a passagem de minha amada Margarita Elisabeth Pericás Sansone de Macedo. Que os anjos e os santos a acompanhem com cânticos de glória até a cidade santa de Jerusalém. Que o bem infinito que ela desejou aos Curitibinhas, suas famílias e, principalmente, aos mais vulneráveis seja o tom dessa sua despedida. Viverá para sempre em mim e em todos que a amam", escreveu o prefeito de Curitiba no Instagram.

A missa será às 15h desta quarta-feira (21), no Memorial de Curitiba, e, na sequência, será sepultada no túmulo da família Bernardo Pericás Moya, no Cemitério Municipal São Francisco de Paula. "Aos amigos que desejam prestar suas homenagens, peço que, em vez de coroas, façam doações de alimentos ao Banco de Alimentos ou artigos ao Disk Solidariedade", complementou Greca na publicação.

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Imagem de arquivo do prefeito Rafael Greca com a primeira-dama Margarita Sansone.| Foto: Albari Rosa/Arquivo Gazeta do Povo

Em uma postagem feita no final da manhã da última sexta-feira (16) em sua conta no Instagram, o prefeito de Curitiba havia confirmado que o estado de saúde da esposa era grave. “Com profunda fé em Deus misericordioso e crença em nossa Madrinha, Excelsa Padroeira de Curitiba, Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, e em respeito ao imenso carinho que temos recebido de nossa gente, cumpro o dever de informar que é grave o estado de saúde de minha amada Margarita Pericás Sansone. De coração apertado, rogo aos anjos mais escolhidos que mitiguem nosso sofrimento”, escreveu o prefeito.

Amante das artes, Margarita Sansone atuou na administração pública 

Margarita era bacharel em economia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), mas se enveredou para o lado das artes. Na sua biografia constam ainda cursos de língua e literatura francesa, história da arte e arqueologia. A atuação dela na administração pública teve início neste campo: na segunda gestão de Jaime Lerner (1979-1983), fazia parte do Conselho Deliberativo da Fundação Cultural de Curitiba (FCC). Ela voltou a ocupar o cargo na terceira gestão de Lerner (1989-1992) e, mais tarde, presidiu a FCC na gestão de Cassio Taniguchi (1997-2000). 

Entre 1993 e 1996, Margarita comandou a Fundação de Ação Social (FAS). Naquela época foi lançado o programa carrinheiro-cidadão, que serviu de embrião para a criação, em 1997, da Cooperativa dos Trabalhadores de Materiais Recicláveis (Recoopere). Outra semente plantada por ela, então no comando da FCC, foi a iniciativa Rede Sol, que reunia artistas voluntários que se apresentavam para pessoas confinadas em hospitais ou casas de abrigos. 

Greca e Margarita se conheceram no final da década de 1970

Greca e Margarita se conheceram no final da década de 1970, quando ele tinha 22 anos. O encontro ocorreu durante um vernissage de Poty, na galeria Acaiaca. A lembrança foi compartilhada com a Gazeta do Povo pelo prefeito ainda em 2016. Ele se lembrava com detalhes da primeira vez que viu a companheira de toda sua vida. 

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“Ela vinha elegante, em uma roupa azul marinho, ornamentada por broches de borboletas. Era uma aparição. Foi um alumbramento”. Essa foi a descrição de Greca para Margarita, uma jovem nascida à Rua XV e que havia passado uma temporada em Roma, onde estudou arqueologia e história da arte. 

A vontade de fazer contato com a jovem foi desencorajada pelos amigos de Greca, que diziam que ele não teria chances. Ainda assim, ele insistiu. “Conversamos muito sobre arte, sobre cultura e acabamos nos apaixonando. Desde então, temos namorado ao longo desses anos todos”, disse, à época.

Margarita foi colunista da Gazeta do Povo por três décadas

Margarita foi colunista da Gazeta do Povo durante 30 anos. Em seus textos, como os da coluna Zoom, ela comentava atualidades culturais e políticas, compartilhando sua visão sobre fatos do cotidiano da cidade. Sempre alerta sobre os destaques das colunas sociais, Margarita tecia críticas desde visitas presidenciais ao Brasil até a produção de mudas precoces de Araucárias. 

Em sua última publicação no jornal, Margarita relembrou de sua trajetória como colunista da Gazeta do Povo. O espaço, citou, foi aberto “a partir do honroso convite do diretor-presidente desta Gazeta, o emérito jornalista doutor Francisco Cunha Pereira Filho, figura ímpar e insubstituível”. 

A Gazeta do Povo tinha, então, 90 anos de história. “Pude participar de um terço, 30 anos desta quase centenária empresa”, comemorou Margarita. “Assim foi feito. Encerra-se hoje uma longa jornada”, escreveu. 

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