O Paraná é o sexto estado com maior potência de energia solar fotovoltaica instalada, 4,6% de toda a capacidade do Brasil. Apesar da boa colocação nacional, as cidades paranaenses de maior produção não estão nas melhores posições entre os municípios brasileiros.
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A cidade de Maringá aparece no topo do ranking estadual, com 27MW instalados. Na sequência aparecem Foz do Iguaçu e Londrina, ambas com 24MW, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Na comparação com outras cidades brasileiras, esses três municípios paranaenses ficam longe das melhores posições no ranking que tem, no topo, a cidade de Cuiabá (MT), com 125 MW, seguida por Teresina (PI) e Brasília (DF). Petrolina (PE), que está em 10º lugar, tem mais que o dobro da primeira colocada paranaense.
Participação da energia solar no consumo total
Para se ter ideia da dimensão da participação dessa energia no consumo de uma cidade, a potência instalada em geração distribuída em Maringá representa 4,45% da capacidade instalada do município. “Em termos energéticos, isso representa 5% da energia consumida em 2021”, explica a Copel, consultada pela Gazeta do Povo.
Com quase todos os municípios (394 deles) com alguma quantidade de placas fotovoltaicas, o Paraná apresenta um quadro mais descentralizado da capacidade de produção de energia solar, sem concentração excessiva em algumas poucas cidades.
A descentralização é característica da geração distribuída, explica a Copel. Isso porque essa produção feita junto ao local de consumo se difere da realizada pelas grandes usinas hidrelétricas centralizadas, por não exigirem extensas linhas de transmissão. “A microgeração (até 75 KW de potência instalada) e a minigeração (de 75 KW-5MW) são projetos pequenos, que podem ser instalados em qualquer lugar e têm capilaridade em todo o estado”, informa a Copel.
Descentralizada, mas ainda concentrada
Uma das explicações para essa melhor distribuição, segundo a coordenadora estadual da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Liciany Ribeiro, seria que o Paraná tem muitas propriedades rurais familiares e não tantos investimentos em grandes usinas, como ocorre em outros estados.
Entretanto, apesar de essa geração de energia ser mais bem distribuída, a produção é maior, principalmente, em duas regiões: Norte Pioneiro e Oeste. "Além da insolação, isso se deve à existência, nessas localidades, de mais cooperativas de crédito ativas fornecendo linhas de financiamento não só ao residencial, mas também a propriedades rurais", diz Liciany, que vê o estado ainda aquém das suas potencialidades. “Um exemplo disso é que, no ranking de cidades, cuja maioria das mais bem colocadas são capitais, além de Curitiba não aparecer entre as dez mais, ela também não é a primeira do próprio estado, mesmo tendo esse grande número de habitantes”, diz ela.
No geral, Liciany diz que o Paraná tem visto a energia fotovoltaica crescer menos que a média nacional, o que ela atribui à falta de incentivo e à retirada de subsídios. A proximidade da chegada ao fim - talvez já no próximo mês - do prazo da isenção do ICMS estadual nas operações internas de energia elétrica proveniente de fontes renováveis produzidas por microgeração e minigeração com potência instalada de até 1MW também deve ser um desestímulo à adesão a essa matriz energética.
Residencial que impacta no todo
A classe residencial segue sendo o grosso da capacidade fotovoltaica instalada no Paraná. Dos 524MW de potência do estado, dados da Aneel mostram que o residencial compreende quase metade do total, com 225MW, seguido de comercial 156MW, rural 96MW e industrial 47MW.
O Paraná tem 108.803 clientes que geram a própria energia deste modo e estão conectados à rede da companhia por geração distribuída, 99,8% de todos os que acessam esse sistema. Destes, 67% são residenciais, 13% são clientes rurais e 5% industriais.
Segundo a Copel, além de os clientes residenciais serem muito mais numerosos em termos absolutos, o uso do telhado das casas para a instalação dos módulos fotovoltaicos facilita a disseminação da tecnologia. “Pela geração distribuída, o consumidor usa a produção de energia da sua unidade para abater do seu consumo, economizando na fatura”, diz a Copel.
Ter um custo baixo se comparado ao investimento exigido por um comércio ou indústria e ser dono da propriedade também conta no grande número de clientes residenciais, segundo a coordenadora da Absolar no Paraná. “No fim das contas, o residencial acaba sendo uma porta de entrada para a tecnologia: antes de instalá-la em uma empresa ou indústria, a pessoa testa em casa”, aponta.
Além do benefício individual da instalação residencial, a geração distribuída reduz a necessidade de ampliação da capacidade de geração centralizada e transmissão de energia, reduz perdas no sistema elétrico e amplia o uso de fontes renováveis na matriz elétrica.
Área rural ganha com fotovoltaica
Com a área rural representando uma parcela ainda pequena da geração fotovoltaica, quando o olhar se volta para essa classe de consumo, o município de Toledo, no oeste do Paraná, sobe para o primeiro lugar no ranking estadual, com 4,2 MW de potência instalada, seguido de Marechal Cândido Rondon (2,8 MW) e Palotina (2,3 MW).
Para a coordenadora estadual da Absolar, os números de conexões rurais ainda são baixos no estado, o que merece atenção. "Com menos incentivos que outros estados e o fim de alguns subsídios, mesmo em relação à energia elétrica, como o fim da tarifa rural noturna (que deve ocorrer ainda este ano), o custo de produção agrícola tende a ser maior no Paraná, o que vai influenciar na competitividade do nosso produto”, argumenta Liciany Ribeiro.
Para estimular a conexão de novos projetos de geração na zona rural a um custo mais acessível, a Copel destaca que, nos últimos três anos, investiu R$ 22,39 milhões em obras do programa Paraná Trifásico nos municípios de Toledo, Marechal Cândido Rondon e Palotina, o que levou 244 km de redes trifaseadas a esses locais.
Em Bandeirantes, no Norte Pioneiro, a companhia colocou em operação, em 2021, três unidades geradoras de energia fotovoltaica (3 MW) e outras três com promessa de serem energizadas em 2023, totalizando 5,36 MW, o suficiente para atender 10 mil pessoas. Além da fonte limpa, o projeto faz parte de um novo modelo de companhia: a Copel implanta e opera as unidades de geração distribuída de energia, e o cliente assina um contrato de aluguel da usina. A energia gerada compensa o consumo como desconto na conta de luz.
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