Por que Maringá e Ponta Grossa ficaram fora do novo decreto contra a Covid-19?

As regionais de saúde de Maringá e Ponta Grossa, a terceira e quarta mais populosas do Paraná, ficaram de fora do decreto restritivo do governo estadual no combate à pandemia de Covid-19. Por outro lado, até mesmo as regionais de Cornélio Procópio e Cianorte, que ocupam apenas a 17.ª e 19.ª posição no ranking de habitantes, foram inseridas na determinação do lockdown parcial. Entre as explicações, está o fato de a taxa de ocupação hospitalar em Maringá e Ponta Grossa ser menor do que em outros locais, consequência do perfil dos infectados: menos idosos entre os casos confirmados, o que reduz o número de casos graves.

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), foram incluídas sete regionais na quarentena seletiva, a partir de um cálculo epidemiológico que considera a taxa de incidência por 100 mil habitantes, o número de mortes pela mesma faixa populacional e a ocupação de leitos de UTI nas quatro macrorregionais de Saúde (Leste, Oeste, Norte e Noroeste). Foram afetadas as regionais de Curitiba e região metropolitana, Londrina, Cascavel, Toledo, Foz do Iguaçu, Cornélio Procópio e Cianorte, que representam 75% dos casos de infecção pelo coronavírus no Paraná, segundo a Sesa.

Maringá, com 423,6 mil habitantes, é sede da 15.ª Regional, com um total de 631,5 mil moradores, dentro da Macrorregional Noroeste. Maringá tem 1.520 casos confirmados, dos quais 1.031 já recuperados. Com as 18 mortes já registradas, são 471 pessoas com vírus ativo, em condições de transmitir para outras pessoas. É o mesmo número registrado em 21 de junho. A letalidade da doença é de 1,18%, com taxa de 35 mortes por milhão de habitantes. No Paraná, a letalidade está em 2,8%, com taxa de 55,6 mortes por milhão.

A ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) está em patamar abaixo de outros locais: 57,8% dos 105 leitos exclusivos Covid-19 com pacientes. A ocupação geral dos 221 leitos de UTI está em 69,7%. A Macrorregional Noroeste tem ocupação de 54% nos leitos de UTI para Covid-19.

Com 351 mil habitantes, Ponta Grossa é sede da 3.ª Regional, que totaliza 480,5 mil pessoas, dentro da Macrorregião Leste. A cidade tem apenas 428 casos confirmados, e uma morte por Covid-19, letalidade de 0,2%. É a menor taxa de morte entre as grandes cidades do Brasil: 3 por 1 milhão de habitantes. Com 108 casos já recuperados, há 319 pessoas com vírus ativo no momento.

Os 20 leitos de UTI contratados pelo governo do estado para toda a regional estão com 50% de ocupação. Ponta Grossa tem ainda outros 86 leitos municipais, dos quais 67 ocupados, dos quais 9 com Covid-19 ou suspeita. A ocupação dos leitos de UTI para Covid-19 na Macrorregião Leste é de 76%.

Perfil dos infectados

Em Maringá, os dados mais recentes sobre infectados pelo coronavírus por faixa etária estão no boletim de 18 de junho. Apenas 10% dos casos confirmados têm 60 anos ou mais. Reportagem da Gazeta do Povo mostrou que a proporção de idosos no total de casos impacta diretamente no índice de letalidade, já que eles são mais suscetíveis a desenvolver quadros mais graves da Covid-19. Em Ponta Grossa, segundo os dados do boletim de 30 de junho, 13% dos 428 infectados têm mais de 60 anos.

Muitos idosos infectados resultam em mais mortes

Em Curitiba, por outro lado, os dados mais recentes, divulgados na sexta-feira (26), mostram que os idosos respondiam por 18,4% dos infectados. O boletim da Sesa mais recente mostra que de 142 óbitos registrados, 115 eram acima de 60 anos. Em algumas situações os dados da Sesa estão desatualizados em relação aos municípios pelo processo de checagem feito pelo governo do estado.

Em Londrina, o boletim municipal desta terça-feira (30) também mostrava que essa faixa etária representa 18% do total de infectados. Segundo o boletim da Sesa, são 60 mortes de pessoas acima de 60 anos, de um total de 76 óbitos por Covid-19. Em Cornélio Procópio, de 14 óbitos registrados pela Sesa, 12 eram de pessoas acima de 60 anos. Em Cianorte o mesmo ocorre: de 4 óbitos por Covid-19, todos estão na faixa etária mais vulnerável: um homem tinha 63 anos; outro, 76; outro, 80; e uma mulher que morreu tinha 93 anos.