Em termos de personalidade, não havia distinção entre Marlon Wilmar de Oliveira e o Papai Noel, papel que interpretava em shoppings, feiras, festas e ceias desde os 18 anos de idade. Ao falecer de infarto aos 60 anos – justamente em dezembro, no dia 1º – ele deixa órfãs centenas de crianças e adultos que ano a ano o procuravam para uma foto e uma palavra amiga.
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Com fantasia ou não, era caloroso e receptivo. Suas palavras doces e paciência convenciam os pequeninos a largar a chupeta e faziam marmanjos repensarem atitudes. Essa natureza combinada às décadas de experiência e à observação do trabalho do pai, um ex-militar que também trabalhava como Papai Noel, resultaram na criação de uma persona natalina cuja cortesia no atendimento se destacava.
“Tenho a percepção de que o joelho do Papai Noel é uma espécie de divã para crianças, quando quem exerce o papel de forma adequada, como o ele fazia”, opina o amigo José Luiz Maranhão, que tirava fotos da atuação de Marlon. Nos últimos anos, o “QG” era o shopping Novo Batel. Em vez de ficar sentado no trono aguardando a chegada das crianças, Marlon preferia caminhar pelo entorno e conversar com todos. Ali e em outros locais, ele viu pessoas formadas, homens barbados e mulheres já com seus próprios filhos lhe agradecerem por ter feito parte de uma parte mágica de suas vidas.
Trabalhou em praticamente todos os shoppings da cidade e em feiras, como a da Praça Osório. Chegou a descer de helicóptero em comemorações natalinas e, na noite de Natal, fazia uma verdadeira maratona para visitar as casas que o contratavam. Em geral, essa agenda já nascia fechada, pois cerca de 20 famílias tradicionalmente o recebiam para uma aparição especial antes ou depois da ceia.
Chegou a formar equipes de Papais Noéis para atender a todos
Marlon foi um artista em essência e pautou sua vida ao redor disso. O Natal era central. Além de uma época particularmente mágica para ele, era a hora de fazer um “pé de meia” para o ano. Também desenvolvia apresentações artísticas em outras datas comemorativas, como a Páscoa. Entre os anos 80 e 90, teve uma empresa de festas que organizava desde as performances com fantasias até o buffet de quitutes. Em dezembro, recrutava Papais Noéis e formava equipes para atender a alta demanda. “Formou” novos intérpretes no ofício, ensinando que não basta ter apenas o porte físico, é preciso ser comunicativo e tratar todos de maneira especial.
Fora do calendário festivo, trabalhou na Cohab e no Detran, teve barraca de cachorro-quente e manteve por muitos anos um jornal de bairro na região Norte de Curitiba. O filho Lucas Emanuel Rabello de Oliveira, que também já se vestiu de Papai Noel e aprendeu a fotografar aos 12 anos para participar do ramo de atuação da família, conta que não lembra o momento em que descobriu que aquele Papai Noel mítico, o do Polo Norte, não existia. Para as filhas, ele diz que o avô Marlon era um ajudante oficial do velhinho.
Ele também lembra da generosidade do pai. “Ele era muito humano, mesmo que tivesse pouco, ele dividia. Dividia principalmente o próprio tempo”, relata. No tempo livre, exercia a criatividade fazendo trabalhos manuais. Construiu casinha de boneca para as netas, carrinho de rolimã e outros brinquedos. Amava um bom churrasco, catar pinhão com as crianças e assistir aos jogos do Athletico-PR.
Antes de falecer, deixou um esboço de livro contendo sua história, relatos da experiência de décadas interpretando o Papai Noel e depoimentos de pessoas que colecionavam fotos anuais com o bom velhinho Marlon. Ele deixa esposa, três filhos e quatro netos.
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