Desde a última semana, Curitiba vem registrando uma redução na média móvel dos casos de Covid-19. No dia 16, eram 1.340 pessoas diagnosticadas na capital e, uma semana depois, no dia 24, o número reduziu para 909.
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Essa diminuição, porém, não se refletiu na média móvel de mortes pela doença. Pelo contrário, houve um aumento. Enquanto no dia 16 a média era de 30,1 óbitos, na semana seguinte foi a 39,4, no dia 24. Ainda, no dia 21, chegou ao pico de 42,3 óbitos.
De acordo com José Rocha Faria Neto, médico cardiologista e professor do Centro de Epidemiologia e Pesquisa Clínica da PUC-PR (Epicenter), o pico da doença que se vê atualmente se assemelha ao cenário de metade de dezembro, quando a capital, e o estado, tiveram maior número de casos e mortes pela Covid-19.
"Mesmo quando olhamos para o número de casos ativos, não rompemos a barreira estabelecida em dezembro, mas a média móvel de óbitos é significativamente maior. Hoje falamos de uma média móvel de óbitos de 40. No pior momento que tivemos, que foi no fim de dezembro, falávamos em uma média de 24 pessoas", detalha o especialista, que vem acompanhando os números de Curitiba e Paraná desde o início da pandemia.
Das justificativas, Faria Neto cita a concentração de muitos casos em um tempo muito curto, o que gera a sobrecarga do sistema de saúde. "Isso sobrecarrega o sistema de saúde, a qualidade do atendimento pode cair e isso pode levar a um aumento no número de óbitos", detalha.
Outra questão apontada pelo pesquisador é o tempo. "Temos que considerar que, uma vez que a pessoa se infecte, ela leva cerca de quatro a cinco dias para ter sintomas e, depois disso, vem o diagnóstico. A partir do momento que ela tiver o diagnóstico, essa pessoa entra na estatística da Secretaria Municipal de Saúde."
Como o cenário de agravamento da doença acontece a partir do 7º dia, em geral, e o internamento depois do 10º dia, qualquer mudança no número de casos levará semanas até impactar no número de óbitos, segundo o especialista. "Embora em Curitiba tenhamos uma redução na média móvel, para começarmos a ver uma redução nos óbitos vai levar mais 10 a 14 dias", explica.
Papel das variantes
Outro possível responsável pode ser a variante do Sars-CoV-2. Segundo Faria Neto, o potencial de maior transmissibilidade das variantes é conhecido, inclusive da P.1 — identificada primeiro em Manaus e que hoje responde por 70% das infecções da Covid-19 no Paraná.
No entanto, não há dados conclusivos se essa variante causaria uma doença mais grave e, assim, geraria mais óbitos. Em teoria, uma variante mais grave não traria vantagens ao vírus, conforme explica Alessandro Farias, professor de Imunologia do Instituto de Biologia e coordenador de Diagnóstico da Força Tarefa contra a Covid-19 da Unicamp.
"O que vai selecionar a variante é uma mudança que seja vantajosa para o vírus. Em teoria pode acontecer [maior gravidade da doença a partir das variantes], mas é difícil. É mais 'vantajoso' para o vírus que ele seja mais transmissível, ou que tenha maior carga viral em pessoas mais jovens. Não é 'vantajoso' que seja mais grave".
Faria Neto lembra porém que a variante identificada primeiramente no Reino Unido, a B.1.1.7, está sendo avaliada para verificar o risco de maior gravidade que possa causar.
"Temos a percepção de que os casos são mais graves agora, e que mesmo pessoas mais jovens estão ficando mais doentes, mas não temos esse dado de maneira clara. Não temos estudo que mostre que a variante de Manaus esteja associada a maior gravidade, mas essa é a mesma conversa que tínhamos sobre a variante do Reino Unido", completa.
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