Não é só Curitiba, Londrina, ou Maringá. O coronavírus, aos poucos vai chegando em cidades menores do interior do estado. Já há casos (importados) em municípios com menos de 100 mil habitantes, como Campo Mourão, Paranavaí, Telêmaco Borba, Rio Negro e, até, Faxinal, onde moram pouco mais de 16 mil pessoas. Sem um hospital de referência em seu território e com poucos profissionais de saúde disponíveis, alguns municípios adotaram medidas mais rígidas que as impostas pelo decreto estadual sobre o funcionamento do comércio e a circulação de pessoas nas ruas e, agora, mesmo com a comoção da existência de pessoas doentes na cidade, começam sofrer pressão dos empresários locais pela reabertura dos estabelecimentos.
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“Não é hora de afrouxar. Desde o início nós já sabíamos dos prejuízos, dos transtornos, mas ouvimos os técnicos para tomarmos a melhor decisão. Vamos continuar conversando com os representantes dos empresários e avaliando a evolução dos casos na cidade. Estamos fazendo isso nesse período de 14 dias, que segundo os técnicos da Saúde é o ciclo de maior contaminação. Quando vencer o decreto, na próxima semana, temos que avaliar como estará a situação”, disse o prefeito de Campo Mourão, Tauillo Tezelli, após uma carreata pedindo a reabertura do comércio na cidade, realizada nesta sexta-feira (27). O município tem dois casos confirmado da doença (de acordo com o boletim da Secretaria de Estado da Saúde de 27/3).
Outra prefeitura que resiste à pressão do comércio pela reabertura é Telêmaco Borba. Com um caso confirmado da doença, e com a paciente internada, a administração municipal reuniu-se com a associação comercial da cidade, na última quinta-feira (26), e ouviu cobranças sobre a situação econômica de empreendedores e trabalhadores do município. O fechamento do comércio foi mantido e uma nova reunião de avaliação agendada para a próxima quinta-feira, 2 de abril.
Já o prefeito de Paranavaí, Carlos Gomes, decidiu pela reabertura do comércio da cidade a partir de segunda-feira. “Fizemos um planejamento bem completo, de início ao fim, vendo até situação de funerária e onde enterrar os nossos mortos. Nos preparamos para o pior. Tivemos as suspeitas, causou-se comoção na população e sabíamos que, uma hora ou outra o primeiro caso ia se confirmar. Então tomamos uma medida inicial de isolamento, com fechamento do comércio, para a gente se estruturar. Conseguimos uma estruturação mínima, achatamos a curva de transmissão com essas medidas de isolamento que, até agora, foi um sucesso. Agora, vamos soltando aos poucos”, diz. “Com o pronunciamento do presidente, e vendo a situação dos autônomos e do comércio, não tivemos como segurar. Vamos reabrir o comércio na segunda-feira e vamos restabelecendo a normalidade gradativamente, para o risco de contaminação ser compatível com nossa estrutura. Depois de mais uma ou duas semanas avaliaremos a volta das escolas e, por fim, dos serviços públicos”, contou.
Estrutura e pessoal
A limitada estrutura de saúde é outra preocupação nos municípios do interior. Em Rio Negro, que hoje tem um caso com a paciente em tratamento domiciliar e isolamento, há, ao todo, quatro respiradores, aparelho de ventilação mecânica de UTI fundamental na recuperação de casos graves de Covid-19. “Estamos em campanha para a aquisição de mais quatro. Pedindo doações ao empresariado local, para que tenhamos leitos suficientes para nossos munícipes”, disse a coordenadora de epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde, Ana Paula Alves. Ela conta que o município também montou um plano de contingência, concentrando todos os casos suspeitos no Hospital Irajá Martins e determinando que os profissionais que atendem no hospital deixassem de atender em outras unidades de saúde, pra diminuir o risco de transmissão do vírus.
Ela contou que a paciente que testou positivo é uma mulher de 29 anos, que esteve em viagem a Curitiba e Balneário Camboríu. Segundo a epidemiologista, todos os cidadãos de Rio Negro com quem ela teve contato estão sendo monitorados, mas passam bem. “Essa é a grande vantagem do município do interior. Todo mundo se conhece, sabemos quem são as pessoas próximas a um caso suspeito e conseguimos isolar”, diz o prefeito de Paranavaí, contando que o município monitora 72 pessoas que estiveram com o paciente confirmado da cidade.
Já como grande dificuldade, o prefeito cita a disponibilidade de médicos. “Médicos e outros profissionais de saúde estão na linha de frente, têm maior risco de contaminação e, se apresentarem sintomas, precisam ser afastados por 14, pelo menos até que tenhamos os testes rápidos. Se um médico testar positivo, precisamos afastar toda a equipe dele. E nós não podemos perder um médico nesta guerra”, disse, contando que a prefeitura disponibilizou um hotel com 20 quartos para que os médicos que estão atuando na linha de frente não voltem para suas casas após o trabalho, evitando o risco de contágio a seus familiares. O prefeito conta que aprovou a contratação emergencial de cinco médicos, mas não conseguiu preencher todas as vagas. “Tínhamos um concurso vigente, chamamos 20 da lista de espera e nenhum se interessou. Abrimos, então PSS (Processo de Seleção Simplificado), mas alguns médicos vêm e acabam desistindo logo depois”. As prefeituras de Campo Mourão e Cianorte também estão com PSS para contratação de médicos e enfermeiros abertos.
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