Cerca de 800 moradores de rua ou pessoas carentes de Curitiba recebem, de graça, todos os dias uma refeição. Na maioria dos casos é o jantar e, em algumas situações, um lanche. A iniciativa é do programa Mesa Solidária, da Secretaria Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional. A ação começou em dezembro de 2019, com 250 refeições sendo servidas em um dos restaurantes populares da prefeitura, no bairro Vila Capanema.
Receba notícias do Paraná no seu WhatsApp
De lá para cá, o programa cresceu, agregou a parceria de Organizações Não Governamentais (ONGs), empresas e outros voluntários, e expandiu para mais dois pontos (o restaurante popular da matriz, na Praça Rui Barbosa, e o restaurante da Fundação de Ação Social, no bairro Jardim Botânico). Em breve, um quarto local para servir as refeições será inaugurado, no centro da cidade, e o programa deve se transformar em lei. Projeto nesse sentido, encaminhado pelo executivo municipal, já tramita na Câmara de Vereadores.
O projeto chegou a gerar polêmica e reação de ONGs e associações de voluntários que já doam alimentos a moradores de rua. A polêmica foi porque o texto original encaminhado à Câmara previa multa para quem distribuísse alimentos para pessoas de rua sem a prévia autorização do município. Depois disso, a cláusula que instituía a penalidade foi retirada.
Leia mais: Greca diz que lei sobre distribuição de comida foi “mal interpretada”
“A intenção da prefeitura é organizar e apoiar a ação de tantos voluntários que já fazem a distribuição de alimentos”, explica o secretário municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, Luiz Gusi. Segundo ele, o Mesa Solidária cresceu, a pandemia agravou a situação de vulnerabilidade das pessoas e para organizar tudo isso é preciso um marco regulatório.
“Não é a prefeitura que doa as refeições, é essa rede de voluntários, e isso vai continuar assim. A prefeitura disponibiliza os espaços com as condições adequadas e pode também apoiar com o fornecimento de produtos do Banco de Alimentos (mantido por doadores) para o preparo das refeições, quando necessário”, esclarece Gusi.
Segundo ele, o programa não afeta doações pontuais feitas pela população, o que pode continuar acontecendo. “A intenção é apenas oferecer melhores condições para que moradores de rua e pessoas carentes possam fazer sua refeição num local adequado”, pontua.
Rede de voluntários inclui empresas, organizações e pessoas físicas
Hoje, 49 parceiros participam do Mesa Solidária de forma voluntária. São empresas, ONGs e grupos de pessoas. A cada dia da semana um grupo fica responsável pelo preparo e fornecimento das refeições. É o caso da ONG Japão-Brasil (Jabra), que serve o jantar todos os domingos, às 18 horas, no restaurante da Fundação de Ação Social. Para preparar as refeições, o grupo utiliza a cozinha do Mercado Municipal de Curitiba. Os ingredientes vêm de feiras livres. “São hortigranjeiros que perderam o valor comercial, mas permanecem em bom estado para o preparo das refeições”, explica Roberto Watanabe, um dos integrantes da ONG.
A chef de cozinha Manu Buffara, dona de restaurante, integra o grupo Mulheres do Bem, que também atua no programa. “Somos nove mulheres empresárias, algumas algumas donas de restaurantes ou estabelecimentos ligados à alimentação". Manu prepara 250 marmitas e sucos em seu próprio restaurante com ingredientes que ela mesma disponibiliza. Ela serve as refeições às terças-feiras no restaurante da Matriz, na Praça Rui Barbosa.
Como chef de cozinha, ela sai do trivial no preparo dos pratos e inova com curry de frango com farofa, lentilha com especiarias e costelinha, muqueca vegetariana com banana da terra, hambúrguer de beterraba, yakissoba, salada de cenoura com canela, entre outras receitas diferenciadas. “O momento da refeição é muito importante. Permitir que lavem as mãos, sentem à mesa e comam com talher é dar dignidade a essas pessoas. E fazê-las se sentirem bem é o nosso papel”, destaca.
As empresas Electrolux, fabricante de eletrodomésticos, e a Sodexo On-site, líder em serviços de alimentação, se uniram para participar do Mesa Solidária e estão servindo 220 marmitas por dia no período de março a maio, o que vai totalizar 10 mil refeições doadas. As refeições são preparadas nos restaurantes da Electrolux, nos bairros Guabirotuba e Cidade Industrial, e o preparo fica por conta da Sodexo. Parte do fornecimento das refeições tem o suporte financeiro da Food Foundation – programa da Electrolux que visa promover hábitos alimentares mais sustentáveis e saudáveis. A iniciativa tem também o apoio do Instituto Stop Hunger, organização sem fins lucrativos criada e mantida pela Sodexo para atuar no combate à fome e má nutrição no Brasil e no mundo.
“Por meio de ações e parcerias como essa conseguimos apoiar as comunidades onde estamos inseridos, atendendo pessoas em situação de vulnerabilidade”, destaca Lorena Oliveira, supervisora de Diversidade & Inclusão e Responsabilidade Social da Electrolux na América Latina. “Diante desse momento em que estamos vivendo, no qual muitas pessoas não têm sua necessidade básica suprida, procuramos iniciativas para atender essa premissa”, diz Kátia Beal, diretora de Operações Sul da Sodexo On-site Brasil.
Segurança pública: estados firmaram quase R$ 1 bi em contratos sem licitação
Franquia paranaense planeja faturar R$ 777 milhões em 2024
De café a salão de beleza, Curitiba se torna celeiro de franquias no Brasil
Eduardo Requião é alvo de operação por suspeita de fraudes em contratos da Portos do Paraná