Explosão de grandes proporções colapsou complexo de recebimento de grãos da cooperativa C.Vale, no Paraná.| Foto: Divulgação/C.Vale
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O Ministério do Trabalho e Emprego apontou em relatório que houve problemas de gestão de segurança nas explosões que ocorreram na Cooperativa C.Vale que deixaram mortos e feridos, em Palotina (PR), em julho do ano passado. A falha na limpeza, com acúmulo de poeira, foi outro ponto elencado pelo documento.

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De acordo com a análise do ministério, um processo de capacitação dos colaboradores é efetivo quando há segurança nas operações. Contudo, "o ingresso dos trabalhadores nos espaços confinados ocorreu sem prévia aferição da atmosfera e com os transportadores dos túneis em movimento, o que indica que a qualidade dos treinamentos de autorizados e supervisores não atendia padrão suficiente".

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O documento concluiu que o acúmulo de poeira, gerado pela movimentação de grãos nos silos, criou uma atmosfera explosiva. O ministério aponta falha no plano de limpeza. "O alcance das detonações também indicou a presença de poeira em camadas em todos os túneis da unidade. O nível de destruição verificado, inclusive no setor de expedição, indicou que o acúmulo de poeiras em camadas não era desprezível".

Segundo o relatório, a poeira teve influência na amplitude das explosões geradas. "Se a empresa contasse com um efetivo plano de limpeza e controle de poeiras em camadas, é possível inferir que as explosões não alcançariam as vítimas que estavam na expedição ou seus efeitos seriam minimizados".

Outro ponto elencado no documento é que os trabalhadores avulsos utilizavam vestimentas confeccionadas em tecido 100% poliéster, material sintético mais propenso a gerar eletricidade estática. "A não utilização de roupas em algodão e sapatos dissipativos (antiestáticos), poderia colaborar para o carregamento eletrostático dos trabalhadores com risco de geração de faísca. Ainda sobre as vestimentas, foi observado que as roupas utilizadas pelos trabalhadores avulsos não contavam com bolsos, e segundo estes era uma medida do sindicato para prevenir o porte de isqueiros e celulares", argumentou o relatório.

Em nota, a C.Vale disse que tomou conhecimento do teor do relatório, mas que o documento foi confeccionado com base em coleta de dados e informações de forma unilateral pelos auditores do ministério, "não existindo a possibilidade de contraditório ou ampla defesa, eis que auditoria é destinada a chefia do Sistema Federal de Inspeção do Trabalho".

A cooperativa sinalizou que tem buscado reforçar a preservação da integridade dos colaboradores após o acidente do ano passado. "A C.Vale reforça o seu compromisso no cumprimento de todas as normas relativas à segurança e saúde de seus trabalhadores, bem como desde o sinistro, tem mobilizado esforços e recursos necessários à preservação da integridade dos colaboradores atingidos pelo incidente e apoio aos familiares das possíveis vítimas atingidas", reiterou a empresa em nota.

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Mesmo com o relatório, ainda não é possível afirmar o que provocou a explosão. A Polícia Cientifica do Paraná está em processo de conclusão do laudo pericial sobre o caso. A previsão é que seja finalizado até o fim de março.

O Ministério do Trabalho e Emprego não respondeu a reportagem da Gazeta do Povo confirmando se o relatório foi encaminhado ao Ministério Público do Trabalho e para a Advocacia Geral da União.

Explosão na C.Vale deixou dez mortos

A explosão de um complexo de armazenamento de grãos, na cooperativa C.Vale, em Palotina, aconteceu no dia 26 de julho de 2023. O acidente causou dez mortes. Uma das possíveis causas apontadas na época do acidente foi a emissão de partículas altamente infláveis, expelidas pelos grãos estocados, que podem pegar fogo com qualquer tipo de faísca.