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Vista aérea das Cataratas do Iguaçu.
Vista aérea das Cataratas do Iguaçu.| Foto: Isac Nóbrega/PR

Um corredor que liga Foz do Iguaçu, no extremo oeste do Paraná, ao Litoral é um dos focos do governo federal para potencializar o turismo brasileiro. A Rota Corredor do Iguaçu está entre os 30 percursos turísticos no país que deverão receber investimentos, incentivos e apoio estratégico da gestão de Jair Bolsonaro.

Para divulgar a ação, Foz do Iguaçu recebeu a visita do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, no último dia 12, para o seminário itinerante deste programa, o Investe Turismo. No evento, iniciativa privada e poder público debateram oportunidades de negócios, políticas públicas e outras ferramentas que podem potencializar a atividade turística.

A Gazeta do Povo conversou por e-mail com o ministro sobre potencial turístico do estado, além de pautas federais. Confira a entrevista:

A rota traz as cidades de Foz, Curitiba, Morretes e Paranaguá. Como foi feita a escolha? Como ela será potencializada?

A primeira etapa do programa Investe Turismo contempla 30 rotas turísticas estratégicas para o turismo nacional, com pelo menos uma rota em cada unidade da federação. Elas foram selecionadas considerando municípios incluídos no Mapa do Turismo Brasileiro, ferramenta de gestão do Ministério do Turismo, bem como aspectos relacionados a acesso, conectividade, promoção e venda de produtos e serviços, além de oferta estruturada para os mercados doméstico e internacional. Critérios técnicos.

No caso do Paraná, o objetivo é conectar os destinos, que vão do extremo oeste (tríplice fronteira) ao litoral paranaense, induzindo desde a atração de investimentos até ações de fortalecimento da governança dessas rotas, melhoria de serviços e atrativos turísticos e apoio à comercialização e marketing turístico. Queremos acelerar o desenvolvimento, gerar empregos, aumentar a qualidade da oferta e incentivar a competitividade da rota.

Atualmente, somos 2,5 vezes mais competitivos no Turismo (27º) que a economia brasileira como um todo (72º), segundo o Fórum Econômico Mundial. O que estamos fazendo agora é começar a usar esse “poder” e abrir-se, irrevogavelmente, para o crescimento. Importante esclarecer que esta é a primeira fase do projeto e nada impede que outros destinos sejam incluídos na sequência.

Como o senhor avalia a exploração do turismo no Paraná? Quais os pontos fortes e os pontos fracos?

Não há dúvidas sobre o potencial e a vocação do estado para desenvolver o turismo e fortalecer o setor como um vetor econômico de primeira importância. A região tem excelentes recursos naturais, culturais e uma gastronomia extremamente rica. Mas, sem um trabalho estruturado, essas vantagens comparativas não se convertem em empregos e renda. O trabalho do governo federal está, portanto, focado em criar políticas e incentivar o mercado para que essas qualidades sejam aproveitadas em favor da economia regional.

Nosso movimento é justamente para destravar o país e fazer dele um terreno frutífero para o investidor: menos burocracia, mais acesso ao crédito, mais incentivo à inovação, menos custo para consumidor. Sabemos do tamanho deste desafio, mas tenho certeza de que, em pouco tempo, já conseguimos avançar muito, e o Investe Turismo dialoga com tudo o que acreditamos e temos lutado para melhorar no Brasil.

Em menos de 150 dias, posso dizer que o turismo no Brasil já é “outro”. Mais forte, audacioso, ávido por realizar, e, o principal: com a prioridade na agenda estratégica do governo e a confiança que precisa para alçar voo.

Quando viabilizamos investimentos e trazemos a parceria público mais privado para o “primeiro plano” da economia nacional, o cenário é outro.

Quais as iniciativas previstas pelo governo federal para fomentar o turismo no Paraná? Quais as obras de infraestrutura previstas para o Paraná nesta área do turismo?

O Ministério do Turismo investiu, desde 2003, R$ 526 milhões em mais de 1,6 mil projetos de todo o Paraná. Entre os destaques, estão as obras de conclusão do Centro de Eventos de Foz do Iguaçu (R$ 3,75 milhões); a revitalização da acessibilidade na região da Praça Espanha, no Batel, em Curitiba (R$ 2,9 milhões); a implantação de sinalização turística em Londrina (R$ 1,95 milhão) e a construção do Centro de Eventos de Francisco Beltrão (R$ 1,46 milhão).

Além disso, o MTur formou, no início de maio, 1.568 alunos do Paraná que fizeram cursos online gratuitos de atendimento ao turista e de formação de gestores. São pessoas que estão mais preparadas para o atendimento ao turista e a gestão de turismo nos destinos paranaenses.

Pelo Prodetur+Turismo, o MTur recebeu e aprovou oito projetos do estado do Paraná, sendo cinco do setor público e três da iniciativa privada. Isso significa que eles receberam o Selo+Turismo, carimbo que garante prioridade de tramitação das propostas junto aos bancos acessados. O total pleiteado foi de R$ 465 milhões.

O maior projeto da carteira do Prodetur+Turismo está no Paraná: o Seaquarium, que construirá em Foz do Iguaçu (R$ 220 milhões) um aquário turístico que deve movimentar cerca de 1 milhão de visitantes ao ano. Esse aquário se transformará em um grande complexo de visitação onde haverá também hotéis, museus e centros de eventos, gerando negócios de alto impacto econômico para a cidade.

Quais os reflexos da suspensão da necessidade de visto para os canadenses, americanos, australianos e japoneses? Houve aumento na entrada de turistas desses países?

O número de turistas vindos das quatro nacionalidades beneficiadas com o visto eletrônico – Austrália, Canadá, Estados Unidos e Japão – cresceu 15,73% em 2018, em comparação com 2017. Mas, olhando para os próximos meses, as perspectivas são ainda melhores. Dados do Grupo Amadeus divulgados em abril pelo Ministério do Turismo apontaram altas de 53% a 158% no número de reservas para destinos nacionais realizadas por estrangeiros desses quatro países, em viagens que devem ser realizadas entre junho e setembro deste ano.

Agora, precisamos seguir com o trabalho focado em resultados e na abertura do Brasil ao desenvolvimento. Para isso a promoção internacional é fundamental. Estudos robustos indicam que para cada real investido na divulgação dos destinos brasileiros no mundo mais de R$ 20 voltam.

Qual o impacto da liberação total do capital estrangeiro nas empresas aéreas brasileiras sobre o turismo interno? Há possibilidade da entrada de mais empresas aéreas (voos domésticos) no Brasil nos próximos meses? E de rotas para o exterior, existe alguma negociação em curso?

A chegada de empresas estrangeiras operando rotas nacionais já é uma realidade. A Globalia, grupo detentor da companhia Air Europa, foi a primeira companhia aérea internacional a se constituir no país com 100% de capital estrangeiro.

Isso foi possível após a aprovação da Medida Provisória 863/2018, aprovada pelo Senado Federal no último dia 22 de maio, medida que inaugura uma nova era de competitividade no mercado nacional de aviação. É uma conquista histórica, que vai ajudar a reposicionar o país no cenário mundial do turismo. Já temos outras empresas que sinalizaram o interesse em voar trechos domésticos no Brasil.

Tão ou mais importante que atrair turistas internacionais é criar condições para o próprio brasileiro viajar pelos destinos nacionais. Por isso, não é aceitável que um trecho interno seja mais caro que um bilhete para fora do país. Com mais de 200 milhões de habitantes, atualmente o mercado da aviação do Brasil é dominado por apenas 3 empresas. Argentina e Colômbia, com menos de um quarto de habitantes, têm o dobro de companhias aéreas.

Como estimular o turismo interno em um cenário de baixo crescimento da economia, baixa expansão da renda e alto desemprego?

Viajar pelo Brasil é uma grande experiência. Temos uma gastronomia mundialmente premiada, uma das maiores festas populares do planeta – o carnaval – mais de 7 mil km de litoral, o maior parque temático da América Latina, 21 sítios naturais e culturais classificados como patrimônios mundiais pela Unesco e somos a nação com a maior biodiversidade do planeta. Essa é uma pequena amostra da grandiosidade que deve transformar o nosso mercado em um dos mais desejados do mundo.

Uma das nossas prioridades, portanto, é exatamente a redução do custo de viajar pelo Brasil – isso vale para todos os públicos, todas as faixas etárias, todos os perfis de viajantes. Todas as medidas estudadas pela nossa gestão contribuem para que mais brasileiros possam viajar mais para conhecer o próprio país.

É inaceitável, por exemplo, que uma passagem de avião de São Paulo para o exterior seja mais barata que do Paraná para algum estado do Nordeste, por exemplo. Em um país de dimensões continentais, essa é realmente uma limitação. Na prática, trabalhamos para desonerar o setor e criar um ambiente propício à competição saudável de mercado, pressionando os preços para baixo.

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