• Carregando...
Acordo deve mudar mercado de gás natural.
Acordo deve mudar mercado de gás natural.| Foto: Brunno Covello/Arquivo Gazeta do Povo

O fim do monopólio da Petrobras no mercado de gás natural terá efeitos no Paraná. O acordo firmado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que estabelece que a estatal petrolífera deve vender parte de seus ativos, deve mexer não apenas no preço do produto, mas também na composição societária da Compagas, empresa distribuidora que atua no território paranaense.

RECEBAS AS NOTÍCIAS DO PARANÁ PELO WHATSAPP

Para esclarecer quais as consequências diretas no estado, a Gazeta do Povo entrevistou o diretor-presidente da Compagas, Rafael Lamastra Junior. É importante saber que, a partir de 1988, a distribuição de gás ficou sob a responsabilidade dos estados. Como isso, foram criadas 27 distribuidoras – muitas delas já passaram para a iniciativa privada, como em São Paulo e no Rio de Janeiro. Em outros estados, como no Paraná, o controle continuou estatal, embora muitas tenham participação privada. Em 19 dessas distribuidoras, a Petrobras é acionista.

Ainda para entender os reflexos do acordo firmado com o Cade, Lamastra Junior explica que a Petrobras tem controle total ou parcial das três fases envolvendo o gás natural: exploração, transporte e distribuição. Primeiro, 2/3 de todo o gás consumido no Brasil vem do Pré-Sal (76% é retirado pela Petrobras e o restante por outras empresas, que acabam dependendo da estatal petrolífera para transportar o produto). O 1/3 restante vem da Bolívia. Aí chega a segunda fase: ainda que tenha vendido 90% das operações de gasodutos, a Petrobras tem participação de 10% de todos os sistemas de transporte – e assim continua dando as cartas no funcionamento.

Quando se trata da etapa de distribuição, a Petrobras é dona de uma empresa e acionista em outras 18 das 27 distribuidoras. No Paraná é assim, a Gaspetro (subsidiária de gás da Petrobras) tem 24,5% da composição societária da Compagas (a Copel tem 51% e os outros 24,5% são da Mitsui). Pelo acordo firmado no Cade, a Gaspetro deve ser vendida – a Mitsui pode exercer o direito de preferência e, assim, ficar com 49% da Compagas ou a empresa paranaense pode ganhar uma nova sócia (o plano de negócios com a previsão da venda de ativos da Petrobras deve ser apresentado em 30 dias).

A gigante petrolífera também domina outras áreas periféricas envolvidas, como a padronização das moléculas de gás e o mercado de GNL (gás natural líquido), além de atuar no setor de termelétricas, como é o caso da UEGA, no Paraná. Também algumas empresas ligadas à empresa petrolífera, como a ANSA, fabricante de fertilizantes, são grandes consumidoras de gás.

O preço do gás natural

Ainda que o anúncio do fim do monopólio já tenha agitado o mercado, vai demorar para o efeito chegar aos preços. Como geralmente as distribuidoras trabalham com contratos por prazos superiores a um ano, a expectativa que comece a baratear a partir de 2020, com a possibilidade de troca de fornecedor. Lamastra Junior estima que a redução deve ficar na faixa de 10 a 15%. “O preço do gás é uma caixa preta”, comenta.

Antes dos reflexos do acordo no Cade, outra medida pode ter efeito. Ao menos 12 distribuidoras se uniram e lançaram uma chamada pública, anunciando que pretendiam comprar gás de quem tivesse interesse em vender. Receberam 51 propostas – 10 para a Compagas, incluindo a própria Petrobras, agora interessada em negociar os preços do produto. Contudo, a aquisição só deve ser fechada no ano que vem, quando vencem contratos atualmente vigentes.

A composição do preço do gás:

46% remunera a molécula

13% banca o transporte

24% são impostos

17% custos de distribuição

Os preços variam de acordo com a oscilação do dólar e do valor do petróleo e derivados. Com o cenário econômico interno e externo atual, mesmo com o crescimento de 9% nas vendas em 2019 (em comparação com o mesmo período do ano passado), a Compagas está sendo pressionada por aumento de 20% nos custos.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]