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Celson Rogério Ereno era muito querido por colegas de trabalho
Celson Rogério Ereno era muito querido por colegas de trabalho| Foto: Arquivo da família

Há pessoas que marcam tanto no ambiente de trabalho que, quando falecem, deixam a sensação de perda de um familiar entre os colegas. Pela convivência de horas e horas cinco dias por semana, a falta também é sentida como se fosse dentro de casa. Esse é o sentimento presente no setor de Tecnologia da Informação (TI) de uma empresa do ramo de ferragens e ferramentas de Curitiba, que no dia 3 de maio perdeu seu gerente, Celson Rogério Ereno, de 52 anos, para a Covid-19.

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Para quem esteve sob orientação dele no ambiente profissional, ficam as lembranças constantes de mudanças positivas de comportamento que ele trouxe. “Ele transformou pessoas. Era comum no meio do trabalho a gente se dar conta de que fazia as coisas de tal modo por causa do Celson”, conta Ricardo Rodrigues de Souza, amigo e colega. Apesar de parecer muito fechado com desconhecidos, com um pouco de convívio mostrava o paizão que era para os colegas, que diziam ser essa impressão inicial um mecanismo para assustar os desavisados.

O fato de estar trabalhando na empresa há 26 anos e de ter participado como programador, seu primeiro cargo, da estruturação de muitos processos utilizados até hoje fez com que ele fosse quase um guru para os funcionários que chegaram depois. Conhecia a fundo a infraestrutura, as regras de trabalho, as permissões de acesso que cada área ou pessoa tinha, e isso o ajudava a ter uma visão completa do próprio setor, conseguindo, assim, ser um bom gestor e deixar um legado aos que ficam.

Em meio à tecnologia que o encantava, havia um coração muito humano e transparente mesmo nas relações de trabalho. Após o expediente, as pausas para o chá – que ele tomava sem açúcar, colocando dois sachês de sabores diferentes na mesma xícara – ou a caminhada pela praça no intervalo do almoço eram oportunidades para conversar sobre a vida, trocar conselhos e criar laços além do que está restrito a um contrato profissional. “A personalidade dele e a do setor coexistiam”, resume Ricardo.

Adepto da corrida, encontrou um horário alternativo durante a pandemia para praticar o exercício com menos risco de proximidade com outras pessoas. Corria às cinco da manhã, horário em que apenas a neblina curitibana o acompanhava. Sem deixar o pique desvanecer, se aprontava e chegava ao trabalho às sete horas, de onde só iria embora às oito da noite, um dos últimos a sair. Estava em seus planos se aposentar em 2022, mas sem deixar de lado a tecnologia. Pretendia se aventurar no empreendedorismo, na área de aplicativos.

A corrida era, além de um hábito para manter a boa saúde, um hobby para os finais de semana. Desde 2015, treinava e participava de todas as corridas do calendário. Antes de adotar a prática, pedalava e fazia trilhas pela natureza. Fosse no âmbito físico ou mental, não gostava de ficar parado. Outro sinônimo de alegria para ele era a música. Fã de rock e de bandas como Pearl Jam e U2, era um garimpeiro de raridades. Colecionava discos de rock e os buscava na internet ou colocando a mão na massa em sebos e lojas de itens musicais. De uma viagem que fez a San Francisco, nos Estados Unidos, voltou com a mala pesada com discos de vinil.

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