O Ministério Público do Paraná (MP-PR) ofereceu denúncia contra o diretor-presidente do Instituto Água e Terra (IAT) do Paraná, Everton Souza. Outros dois funcionários também foram incluídos na denúncia por suposta associação criminosa no projeto de revitalização da orla de Matinhos, no litoral do estado.
As principais notícias do Paraná pelo WhatsApp
A denúncia foi feita poucos dias depois de uma operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) - força-tarefa do MP-PR com as polícias Civil e Militar - cumprir mandados de busca e apreensão na sede do IAT, em Curitiba, de onde foram levados pelos policiais documentos e computadores.
Para a promotoria, os três funcionários do instituto teriam cometido crimes ambientais entre agosto de 2019 e agosto de 2021 ao atuarem pressionando técnicos para que estes liberassem as licenças ambientais da obra. Segundo a denúncia, notas técnicas e estudos que apontavam os impactos ambientais da revitalização da orla foram ignorados, e o processo de concessão das licenças foi acelerado sem a devida atenção.
Constrangimento e pressão
Na denúncia, o Ministério Público aponta que o presidente do IAT, Everton Souza, teria pressionado outros servidores e ignorado processos importantes nas etapas que precedem o licenciamento da obra de reforma da orla de Matinhos.
“Utilizando-se de sua função, ingressou em reuniões com servidores públicos em tom de pressão para que o licenciamento fosse promovido sem seguir os devidos critérios técnicos. Além disso, minimizou os impactos do complexo empreendimento e desrespeitou pareceres técnicos dos servidores que apontavam ausência de documentos, falta de cumprimento de condicionantes ou contradições no licenciamento ambiental”, alega a denúncia.
Ainda de acordo com o MP-PR, servidores do IAT teriam sido afastados de tarefas relativas à obra pelos denunciados, que além disso teriam atrapalhado as discussões sobre o projeto em reuniões do instituto. Pareceres desfavoráveis à reforma teriam sido arquivados pelo grupo, que segundo a promotoria, ainda constrangeu e exerceu pressão sobre a equipe técnica do órgão.
“Verifica-se que a associação criminosa não poupou esforços para tentar afastar funcionários públicos que ameaçavam o esquema criminoso e dificultar a devida fiscalização do licenciamento ambiental”, aponta a denúncia. O pedido de afastamento do presidente do IAT e dos outros dois funcionários suspeitos de participarem das irregularidades foi feito pelo MP-PR à Justiça, mas não foi atendido.
Ministério Público aponta conflito de interesses
Há também na denúncia a citação por parte do Ministério Público de possíveis conflitos de interesses no projeto de revitalização da orla de Matinhos. Isso porque, de acordo com a promotoria, relatórios sobre a obra teriam sido produzidos por uma pessoa que, posteriormente, foi nomeada para a Câmara Técnica responsável pela aprovação do projeto. Em outro caso, um dos responsáveis pela aprovação do projeto e funcionário comissionado do IAT é um engenheiro contratado por uma empresa particular para ajudar no planejamento da reforma.
O que dizem o IAT e as defesas dos denunciados
A Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Turismo do Paraná, pasta com a qual o Instituto Água e Terra é vinculado, afirmou que contratação de servidores comissionados atende critérios exclusivamente técnicos e que os servidores do IAT trabalham sobre um amplo leque de projetos em parceria com diversos órgãos, inclusive os de fiscalização.
A defesa de Everton Souza e dos outros dois funcionários do IAT afirmou que as acusações são infundadas e que os servidores atuaram respeitando a Constituição e zelando pela proteção do meio ambiente. A defesa disse também que estudos técnicos basearam as decisões dos acusados.
Conheça o projeto para a Orla de Matinhos
O investimento previsto para a primeira etapa da revitalização da orla de Matinhos é de R$ 377,85 milhões, e o projeto como um todo é estimado em R$ 500 milhões. Será totalmente executado com recursos públicos e deve ser concluído até 2025, conforme projeção do governo.
De acordo com o governo, o projeto de revitalização tem por objetivo principal amenizar os efeitos causados pela erosão e pelas frequentes cheias que afetam principalmente os moradores locais. A intenção também é fomentar o turismo.
O investimento por parte do governo é na revitalização de 6,3 quilômetros entre a Av. Paraná e o Balneário Flórida. Na segunda parte do projeto está prevista a recuperação de 1,7 quilômetro entre os balneários Flórida e Saint Etienne, orçado em R$ 124,75 milhões. O prazo de conclusão é de 32 meses a partir da ordem de serviço. Ratinho Junior disse que o projeto leva em conta a questão ambiental e principalmente a situação da população que vive na região e sofre todos os anos com as enchentes. “A obra é sustentável sob o ponto de vista do desenvolvimento social, econômico e ambiental”, afirmou.
Uma das principais obras é o alargamento da faixa de areia, por meio de aterro hidráulico, estruturas marítimas semirrígidas, canais de macrodrenagem e redes de microdrenagem. Em alguns pontos hoje a faixa tem apenas 20 metros. A intenção é que fique entre 70 e 100 metros. Além disso, está prevista a revitalização urbanística da orla marítima com o plantio de árvores nativas, a pavimentação asfáltica e a recuperação de vias.
O lançamento do projeto foi celebrado pelo governo do estado: "Esse projeto contempla geração de empregos, desenvolvimento econômico, urbano e sustentável, além da preocupação com o meio ambiente. Não aguentava mais ver Santa Catarina virar Miami e o Paraná o Haiti", afirmou no evento o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD).
Governo promete reforma, mas evita falar em corte de gastos com servidores
Brasil tem portas fechadas em comissão da OEA para denunciar abusos do STF
CEO do Carrefour pede desculpas por criticar qualidade de carne brasileira
Como fica a divisão de poder entre direita e esquerda na América Latina após as eleições no Uruguai
Segurança pública: estados firmaram quase R$ 1 bi em contratos sem licitação
Franquia paranaense planeja faturar R$ 777 milhões em 2024
De café a salão de beleza, Curitiba se torna celeiro de franquias no Brasil
Eduardo Requião é alvo de operação por suspeita de fraudes em contratos da Portos do Paraná