![MP-PR afirma que pediu suspensão do sigilo em confissão de propina por Traiano Presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Ademar Traiano (PSD) assinou acordo no qual admite que praticou corrupção](https://media.gazetadopovo.com.br/2023/12/07135537/8YBjZtEfg19Sn2olAQq1yBP6JD17NSUkx0RaSGMe-863x540.jpg)
Alvo de críticas sobre a manutenção do “segredo de Justiça” em torno do acordo com o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Ademar Traiano (PSD) - que confessou pedido e recebimento de propina, o Ministério Público do Estado (MP-PR) afirma que pediu a suspensão do sigilo para a Justiça.
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“Esclarecimentos detalhados serão prestados quando do levantamento desses sigilos, medida de transparência previamente já averbada pela Subjur [Subprocuradoria-Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos] nesses procedimentos”, afirma a nota do MP-PR.
Procurado pela Gazeta do Povo, o órgão estadual justificou que não poderia informar se o pedido de suspensão de sigilo foi feito antes ou depois do escândalo de corrupção vir à tona, no início deste mês. A justificativa é que o pedido de sigilo também integra o processo sob segredo de Justiça.
“O Ministério Público do Paraná, por meio da Subprocuradoria-Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos (SubJur), reitera que os procedimentos investigatórios sob sua responsabilidade, nos âmbitos criminal e civil, não obstante marcados pela complexidade instrutória, estão totalmente concluídos, tendo, inclusive, sido submetidos às instâncias de validação interna e externa”, informa em nota.
Mesmo assim, o MP-PR segue sem prestar esclarecimentos sobre o caso envolvendo Traiano “em razão dos sigilos impostos por lei e reiterados por decisões judiciais específicas, ainda não se pode pronunciar sobre o conteúdo”.
Sobre a derrubada da liminar que censurava a imprensa, o Ministério Público defende que o desembargador Rosaldo Elias Pacagnan reconhece a “origem ilícita do vazamento” mas, ainda assim, legitima provisoriamente a divulgação pela imprensa. “Todavia, não retirou, e nem poderia retirar, na compreensão do MP-PR, os sigilos impostos pelos magistrados responsáveis pelos respectivos casos.”
Em dezembro de 2022, Traiano e o ex-deputado estadual Plauto Miró (União) firmaram um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) após confissão de recebimento de propina de R$ 100 mil para cada um dos parlamentares após a negociação realizada, em 2012, com o Grupo Malucelli para renovação de contrato na prestação de serviços da TV Assembleia. Três anos depois, a delação premiada do empresário Vicente Malucelli revelou que Traiano pediu R$ 300 mil em propina. O valor foi reduzido e parcelado em duas vezes.
O conteúdo do ANPP só veio à tona após o deputado estadual Renato Freitas (PT) anexar os termos do processo, que corre em segredo de Justiça, na defesa por quebra de decoro no Conselho de Ética que avalia a conduta do parlamentar petista, que chamou Traiano de “corrupto” durante bate-boca no plenário da Alep no último mês de outubro.
No início de dezembro, a RPC, o site G1 e o jornal Plural divulgaram reportagens sobre a confissão de recebimento de propina pelo presidente da Alep. Logo depois, uma liminar em primeira instância censurou a imprensa paranaense até a derrubada da decisão judicial em tribunal de segunda instância.
Cronologia do caso envolvendo Ademar Traiano (PSD)
A TV Icaraí, do grupo J. Malucelli, vence licitação para produção de conteúdo para a TV Assembleia.
![](https://media.gazetadopovo.com.br/2023/12/08223744/jmalucelli-960x540.jpg)
Segundo Vicente Malucelli, à época responsável pela Icaraí, o pedido de propina de R$ 300 mil foi feito pelo deputado Ademar Traiano. Plauto Miró estava presente na reunião.
![](https://media.gazetadopovo.com.br/2023/12/06195600/Traiano_Plauto_Nani_Goes_Alep.jpg)
J. Malucelli é mencionado em desdobramento da Lava Jato que trata de desvios em Fundos de Investimentos da Caixa Econômica Federal.
![](https://media.gazetadopovo.com.br/2021/08/03110633/26345fa4-824d-11e9-b9c5-00505697492c-wp.jpg)
A J. Malucelli é implicada nas operações Integração, Buona Fortuna e Piloto. Em setembro, na operação Rádio Patrulha, do Ministério Público Estadual, o empresário Joel Malucelli é preso.
![](https://media.gazetadopovo.com.br/2023/12/08223119/0af705b6-7375-11e9-a9e5-00505697492c-wp.jpg)
Empresas do grupo J. Malucelli, incluindo a TV Icaraí, fecham acordo de leniência com o MPF e o MP-PR, confessando ter participado de atos ilícitos.
![MPF do Paraná, sede da Lava Jato MPF do Paraná, sede da Lava Jato](https://media.gazetadopovo.com.br/2020/05/21173328/9805d454-7362-11e9-8a08-00505697492c-wp.jpg)
Com o avanço das investigações, Traiano e Miró assinam um acordo em que admitem ter pedido e recebido propina. Eles devem devolver R$ 187 mil como reparação.
![Ademar Traiano, presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) admitiu ter cobrado e aceitado propina. Ademar Traiano, presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) admitiu ter cobrado e aceitado propina.](https://media.gazetadopovo.com.br/2023/12/08115540/traiano.jpg)
Em outubro de 2023, Traiano move uma representação contra o deputado Renato Freitas (PT), após ter sido chamado de "corrupto" em uma sessão plenária.
![](https://media.gazetadopovo.com.br/2023/12/06203006/ASSEMBLEIA-0048-ALBARI-ROSA-1110x740.jpg)
Nas alegações finais do processo no Conselho de Ética da Alep, a defesa de Freitas inclui trechos do processo que contêm a delação de Malucelli. O acordo com a confissão do presidente da Alep vem à tona.
![Depoimentos de defesa de Renato Freitas estão agendados para segunda-feira (27), no Conselho de Ética da Alep. Depoimentos de defesa de Renato Freitas estão agendados para segunda-feira (27), no Conselho de Ética da Alep.](https://media.gazetadopovo.com.br/2023/10/16204149/53263290591_9cc6f9bda9_k.jpg)
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