Insatisfeitos com a pouca quantidade de vacinas de Covid-19 enviadas pelo Ministério da Saúde, ao menos sete cidades do Paraná pretendem comprar doses por conta própria, fora do Plano Nacional de Imunização (PNI). Curitiba, Londrina, Maringá, Cascavel, Foz do Iguaçu, Ponta Grossa e Colombo manifestaram interesse em adquirir o imunizante.
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A corrida dos municípios e estados por vacinas de Covid-19 ganhou força semana passada. Com a aprovação do primeiro registro definitivo de vacina, da Pfizer, na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), estados, municípios e até clínicas particulares podem procurar os laboratórios para negociar. Até então, o Brasil só tinha registro emergencial de duas vacinas, a Coronavac e a Oxford/Astrazeneca, as quais só podiam ser fornecidas ao Ministério da Saúde por não terem registro definitivo.
Além disso, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), apresentou semana passada projeto de lei em que União, estados e municípios assumiriam os riscos da compra da vacina, o que facilitaria a aquisição. As doses da Pfizer, por exemplo, não foram adquiridas pelo Ministério da Saúde em 2020 sob alegação de que o laboratório americano exige se isentar de possíveis efeitos colaterais na aplicação do imunizante e que só aceitaria ser processado em tribunais dos Estados Unidos.
O prefeito de Curitiba, Rafael Greca (DEM), ajudou na articulação do projeto de lei no Senado. Com R$ 100 milhões do Fundo Municipal Emergencial da Pandemia para comprar vacina, Greca é enfático ao dizer que a capital tem capacidade de aplicar 15 mil doses por dia e imunizar a cidade inteira em três meses. A capital já está em negociação direta com três laboratórios: Butantan, que produz a Coronavac; Johnson & Johnson, que fez a última fase de testes da vacina Janssen-Ciliag no Paraná; e o laboratório indiano Bharat Biotech, que deve iniciar neste mês os testes da vacina Covaxin no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
“Havendo quem nos venda, vamos comprar para vacinar além do plano do governo federal, que por enquanto é muito tímido”, afirma Greca em entrevista à rede de TV CNN Brasil. “Se vacinar a cidade inteira em três meses, Curitiba vira a nova Israel”, completou o prefeito, referindo-se ao país cuja vacinação está mais acelerada no mundo.
Greca também está à frente da criação do consórcio para aquisição de vacinas com outros municípios brasileiros. O consórcio será da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), entidade que atua em 400 cidades com mais de 80 mil habitantes, representando 60% da população brasileira. No Paraná, além da capital, as prefeituras de Londrina, Foz do Iguaçu, e Ponta Grossa já solicitaram ingresso no consórcio.
O prefeito de Londrina, Marcelo Belinati (PP), participa de reunião nesta segunda-feira (1°) na FNP para solicitar a entrada no grupo de compra. “Já foi alinhado com a Frente Nacional de Prefeitos o ingresso no consórcio. A prefeitura também participou na última semana de reunião de outros municípios com importadores de vacinas e representante de laboratórios”, informa a prefeitura de Londrina em nota.
O prefeito de Foz do Iguaçu, Chico Brasileiro (PSD), também explica que o objetivo de comprar doses pelo consórcio é reforçar os lotes enviados pelo Ministério da Saúde para imunizar toda a cidade, cujo sistema de saúde é sobrecarregado por pacientes vindos do Paraguai. “A compra pelo consórcio não tem o propósito de sobrepor as negociações em vigor com o governo federal. Será exclusivamente para aquisição de imunizantes que não estejam no escopo do Ministério da Saúde”, enfatiza Chico Brasileiro.
A prefeitura de Maringá, no Noroeste, afirma que assim como Curitiba tem R$ 100 milhões reservados para comprar vacinas. O município já havia tentando a compra em dezembro de 2020 com o Instituto Butantan. Entretanto, à época o governo federal havia determinado o uso de toda a produção de Coronavac para o plano emergencial de vacinação. Agora, com a possibilidade do projeto de lei, o prefeito Ulisses Maia (PSD) determinou que a Secretaria Municipal de Saúde reabra o levantamento de preços nos laboratórios para a aquisição. Segundo o prefeito, Maringá tem estrutura vacinar 50 mil pessoas em um mês.
“Recursos nós temos e já colocamos nossos técnicos para definir a melhor vacina. Sabemos que a demanda no mercado mundial é maior que a oferta, mas nosso propósito é vacinar nossa população", afirma o prefeito de Maringá, que também não descarta a possibilidade de compra de vacinas por um consórcio dos próprios municípios paranaenses.
Outra prefeitura que pretende retomar as negociações é Cascavel, cujo quadro de lotação dos leitos domingo (28) chegou ao nível de o hospital municipal ter de emprestar equipamentos usados no tratamento de animais do zoológico para atender pacientes com Covid-19. Em dezembro, o prefeito Leonaldo Paranhos (PSC) visitou o Butantan para formalizar a compra, mas a negociação foi travada pelo Ministério da Saúde que requisitou as doses. Agora, Paranhos pretende retomar a negociação. “Queremos ter o direito de comprar vacina para imunizar nossa população e continuar produzindo para o país inteiro”, afirma o prefeito de Cascavel, um dos principais polos agrícolas do Brasil.
Por sua vez, Colombo, na região metropolitana de Curitiba, formulou intenção de compra de 50 mil doses diretamente com os laboratórios, sendo metade da Coronavac produzida no Butantan e metade da Oxford/Astrazeneca produzida pela Fiocruz. Para isso, a prefeitura conta com R$ 2 milhões de recursos próprios. “Esperamos acelerar a vacinação para os profissionais de linha de frente no combate à pandemia, os profissionais de educação, além de grupos prioritários”, informa o prefeito Helder Lazarotto (PSD) de como pretende aplicar as doses se conseguir comprá-las.
Governo do Paraná
A aprovação definitiva da vacina da Pfizer e o projeto de lei do senador Rodrigo Pacheco também levaram o governo do estado a cogitar comprar vacina da Covid-19. Semana passada, o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) confirmou que com essas novas brechas o governo deve também iniciar negociações com laboratórios.
“Existe a necessidade de busca de fornecedores que possam atender os estados brasileiros. Mas nós vamos fazer nossa parte”, garantiu.
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