Navio verde Pixys Ocean atracou em Paranaguá (PR) em 2023.| Foto: Claudio Neves/Portos do Paraná
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Os portos de Paranaguá e de Antonina, no litoral paranaense, darão prioridade de atracação para os chamados navios verdes, as embarcações com estruturas de matriz energéticas focadas na redução de emissões de gases do efeito estufa. A medida foi contemplada no regulamento de Programações, Operações e Atracações de Navios – Edição 2023, publicado em fevereiro deste ano. Para valer de fato, a medida ainda passará por regulamentação.

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A ideia da administração feita pela Portos do Paraná é cumprir os próprios compromissos de descarbonização e atrair navios sustentáveis, melhorando a operação do ponto de vista ambiental no litoral do estado, com menos emissões especialmente de dióxido de carbono (CO2) na região. Com a possibilidade de “furar a fila”, espera-se que mais embarcações com características ecológicas passem pelo Paraná.

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É uma ação pioneira. Outros portos têm incentivos, mas em quase todos eles é refletido somente em tarifa portuária. Aplicam um desconto por conta dessa pegada verde do navio. Fizemos uma proposição mais aguda, de trazer preferência na atracação”, comentou o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia.

Apesar de a medida estar prevista, ela precisa passar por uma regulamentação. Isso porque é necessário a definição de critérios para determinar o que é um navio verde e o que não é, isso em relação ao uso de energias renováveis, como velas metálicas e rotatórias, e combustíveis mais eficientes, como gás natural liquefeito (GNL).

“Chamados o setor privado para definir os padrões desses navios, para não haver tentativas de tornar verde um navio que não é. Essa comissão tem por dever estruturar o que se estende por navio verde, quais condições apresentam para ingressar e solicitar a preferência de atracação”, complementou Garcia.

A expectativa da administração dos portos paranaenses é de que o trabalho dessa comissão defina a regulamentação até o fim de 2024, colocando em prática a preferência na atracação logo na sequência.

Navios verdes já passaram por Paranaguá

O porto de Paranaguá foi o primeiro do Brasil a receber o navio graneleiro Pyxis Ocean, em setembro de 2023, uma embarcação que utiliza o vento para economizar combustível durante a navegação e emite 30% menos gás carbônico que os convencionais. O cargueiro, fretado pela Cargill, é um dos pioneiros no uso da tecnologia BAR Tech WindWings, desenvolvida pela BAR Technologies, em parceria com Yara Marine Technologies, com apoio da União Europeia.

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Em maio de 2022, o porto de Paranaguá já havia recebido o navio MV Afros, também graneleiro e que usava velas rotatórias para ajudar na propulsão e reduzir o consumo de combustível. A economia pode chegar a 12,5% graças aos rotores que giram com a passagem do vento e ajudam na impulsão da embarcação. Assim como o Pyxis Ocean, possui motor a combustão, mas nesse caso pode atuar com menos potência e gastar menos combustível fóssil.

Mais recentemente, em junho de 2024, o navio porta-contêineres CMA CGM Búzios movido a GNL também atracou no porto de Paranaguá. O Grupo CMA CGM já implantou na rota os navios CMA CGM Bahia, Búzios, Paraty, São Paulo, Belém, e em breve trará o CMA CGM Amazônia. Segundo a empresa, essas são embarcações irmãs que levam o nome de cidades e estados icônicos do país e têm as mesmas características: 336 metros de comprimento (LOA), 51 metros de largura (boca) e capacidade para transportar 13.264 TEU (medida equivalente a 20 pés de comprimento de contêiner).

Todos os navios dessa frota emitem 28% menos gases de efeito estufa se comparados aos porta-contêineres convencionais, graças ao sistema de recirculação de gases de escape (ICER), ao fato de serem atualmente movidos a gás natural liquefeito (GNL) e também prontos para biometano e e-metano.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]