Uma nova ferramenta já está à disposição dos estudantes da rede estadual de Educação como forma de colaborar no ensino do inglês. A plataforma, disponível por meio do programa “Inglês Paraná”, oferece aos alunos a possibilidade de avançarem nos estudos do idioma de acordo com seu próprio ritmo, e promete mais interatividade no processo.
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Na prática, o governo do Paraná, por meio da Secretaria de Educação e do Esporte (Seed), contratou os serviços da empresa sueca English First Corporation Education por meio de uma licitação. Nas palavras do secretário Renato Feder, titular da Seed, a plataforma é como “um Netflix do inglês, onde os alunos aprendem sem perceber que estão tendo aulas”.
Em entrevista por telefone à Gazeta do Povo, Feder explicou que o processo de contratação da empresa começou ainda no primeiro semestre. Depois de finalizado o processo burocrático, os professores de inglês da rede estadual tiveram um período de dois meses e meio de treinamento para o uso do aplicativo, onde além dos docentes também foram cadastrados todos os estudantes.
“Um dos perigos que há quando uma secretaria implanta uma tecnologia nova é que essa tecnologia precisa ser introduzida e não arremessada. É um perigo quando se joga essa tecnologia e simplesmente se fala para os professores ‘está aí, usem’. Tudo foi muito conversado com os professores. Só foi lançado o aplicativo aos alunos depois que os professores já estavam familiarizados, tinham conhecido e contribuído para essa utilização. Os professores são parte essencial e eles estão muito felizes com todo esse processo, tanto por conhecer e ter contribuído como por ter uma nova ferramenta de ensino”, disse o secretário.
Processo individualizado de ensino
De acordo com Feder, a adesão dos estudantes foi bastante positiva. O ponto principal destacado pelo secretário é a interatividade possibilitada pela plataforma, “muito mais interessante do que o livro” segundo Feder. O software conta com reconhecimento de fala, o que permite que o processo de aprendizado seja, de certa maneira, individualizado.
“Em um determinado ponto”, explicou o secretário, “há na plataforma um ator que conversa com o aluno por meio do reconhecimento de fala. Esse ator faz várias perguntas, para onde o aluno gostaria de viajar, o que ele gosta de comer, qual a profissão que o aluno quer seguir, uma série de interesses. Há a simulação de uma série de situações cotidianas, de trabalho, de viagem”.
O aplicativo reconhece a voz do aluno e transforma a fala em texto. Na sequência, o sistema permite que o aplicativo interprete o texto para avaliar se a resposta está certa ou errada, disse o secretário. “Entre as primeiras perguntas está o nome do aluno, e a partir daí o aplicativo fala de forma personalizada para cada aluno. São apresentadas frases para que o aluno faça a leitura. Caso esteja correta, o aplicativo reconhece e avança na atividade. Caso não esteja, o aplicativo sugere que o aluno tente novamente”, comentou.
Aprendizado em dois momentos
Feder explicou que o uso do aplicativo não é obrigatório, mas uma vez que os alunos têm contato com a plataforma eles acabam optando pela ferramenta. O secretário disse que o processo se dá em dois momentos. O primeiro é quando o professor apresenta o conteúdo em sala de aula, atendendo a todos os alunos de forma igualitária. O segundo se dá quando o estudante acessa a plataforma por conta própria, pelo celular ou nos computadores da própria escola.
“Aí, o aluno vai passando pelos conteúdos no seu próprio tempo, na sua própria velocidade. Essa é uma parte muito legal da plataforma. O aluno assistiu à aula e teve o professor conduzindo a turma no aplicativo. Só que o professor avança em uma velocidade na média da turma. Quando o aluno, em um segundo momento, interage sozinho com o aplicativo, ele pode ir avançando de acordo com sua própria velocidade. E, dependendo do nível do estudante, o professor pode passar tarefas personalizadas para cada um. Nós queremos acabar com aquela realidade que havia anos atrás no Paraná, em que os estudantes concluíam o Ensino Médio sem saber falar inglês mesmo tendo tido contato com o conteúdo. A gente quer que a rede estadual do Paraná seja um exemplo de educação pública. Queremos nossos alunos falando inglês”, declarou Feder.
APP critica adoção da ferramenta
Procurada pela reportagem, a APP-Sindicato, órgão sindical que representa os professores da rede estadual do Paraná, criticou a adoção da ferramenta pela Seed. Em nota enviada por meio de sua assessoria de imprensa, a APP apontou que o estado poderia, em vez de ter contratado uma empresa estrangeira, ter investido os mesmos recursos para que o sistema fosse desenvolvido no Paraná.
Confira a íntegra da nota da APP-Sindicato:
"Toda iniciativa que traga mais tecnologia para a sala de aula é sempre bem-vinda. Porém não quando ela se integra num projeto de precarização da educação pública como é o projeto do Governo do Paraná.
Temos escolas em situações precárias, professores e funcionários trabalhando doentes e sem condições mínimas de executarem suas tarefas. A maioria das escolas não tem acesso decente à internet e os profissionais trabalham há 5 anos com os salários congelados e com atrasos em pagamento de direitos como quinquênios, progressões e promoções.
Além disso, o próprio Estado deveria se utilizar dos recursos que tem nas universidades públicas e na Celepar para desenvolver esses sistemas ao invés de direcionar recursos públicos para a iniciativa privada".
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