A Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) inicia sua próxima legislatura neste 1º de fevereiro com uma renovação de 44,5% dos deputados, com o crescimento da oposição, uma bancada de mulheres fortalecida e um número menor de partidos. Todas essas mudanças, porém, não devem modificar o posicionamento diante do governo do Estado, tendo o governador Ratinho Junior (PSD) uma situação confortável na relação com o Poder Legislativo.
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As mudanças nas regras eleitorais em 2022, com o fim das coligações partidárias, modificaram o tamanho das bancadas. Com a mesma estratégia adotada para a votação de deputados federais, o PSD, legenda do governador, reforçou seu time de candidatos, captando para a legenda “puxadores de voto”. Com isso, elegeu a maior bancada: 15 dos 54 deputados. A legenda mais que dobrou o número de representantes, deixando uma situação confortável e dando mais força ao governador que, além de mais membros do mesmo partido, terá na Alep 13 partidos, cinco a menos que a legislatura passada.
Uma prova do quão pouco o governador precisa negociar com a Assembleia é a constituição do seu secretariado. Dentre os convocados para o governo Ratinho Junior, chama atenção ser a maior parte do próprio partido do governador – quatro deputados estaduais -, sendo apenas um do partido União Brasil: Mauro Moraes - o que mostra a situação confortável do chefe do Executivo Estadual na relação com a Assembleia Legislativa.
“Há uma diferença expressiva com essa bancada do PSD porque por mais que o governador ainda precise negociar com os partidos para conseguir aprovar principalmente reformas estruturais, o fato de ter 15 deputados e menos legendas faz com que tenha que negociar com um número menor de líderes partidários. Provavelmente, as negociações serão de forma mais direta com os parlamentares e menos com intermediação de tantos dirigentes partidários”, analisa a cientista política Maiane Bittencourt. A especialista em Poder Legislativo ainda comenta que o perfil mais centro-direita da maior parte dos eleitos, mesma linha de Ratinho Junior, facilitará a relação entre governo e deputados.
Ao mesmo tempo, a bancada de oposição cresceu: a federação formada pelo PT e PV tem sete deputados o PT passou de quatro para sete parlamentares e têm o apoio do pedetista Goura. Dessa forma, a bancada de oposição dobra, o que garante mais repercussão nos questionamentos levantados.
Mesmo que numericamente a oposição não tenha força em uma votação, pode fazer a diferença no momento de críticas. “A bancada do PT vai dar um certo trabalho ao Poder Executivo se souber jogar influenciando a opinião pública, denunciando certas situações. Com o perfil dessa bancada do PT, creio que alguns temas que afetem políticas sociais de benefícios, auxílios, políticas educacionais e agricultura familiar – um assunto muito importante aqui no Estado – podem gerar um certo mal estar nas relações públicas e desencadear crises de comunicação para o governo do Estado e até gerar um custo maior para aprovar algumas reformas”, comenta a cientista política.
Bancada feminina cresce
Outro destaque no resultado da votação para deputados do Paraná em 2022 é o crescimento da bancada de mulheres. Elas dobraram de tamanho e são 10 representantes na Alep, passando de 7% para 19% dos parlamentares. Apesar de serem de partidos de espectro ideológico bem diferentes, devem gerar um comportamento diferente na Assembleia. “Mesmo que sejam mulheres com ideologias diferentes atuando no mesmo espaço legislativo, elas podem se unir em vários momentos. Alguns estudos já verificaram que mulheres deputadas de ideologias diferentes se unem para votar em algumas pautas socioeconômicas a favor de mulheres, como vagas em creches, auxílio-maternidade.”
A atuação da Procuradoria da Mulher, comandada na legislatura passada por Cristina Silvestri (Cidadania), foi um exemplo. Unidas, elas apresentaram e aprovaram pautas como as leis que definem a “Promoção da Dignidade Menstrual”, “Campanha Estadual 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres” e o “Programa de Cooperação e Código Sinal Vermelho no Paraná”, que identifica o sinal de um X vermelho na palma da mão como alerta de violência contra a mulher.
Deputados estaduais eleitos
PSD
- Alexandre Curi (reeleito)
- Marcio Nunes (reeleito)
- Ademar Traiano (reeleito)
- Tiago Amaral (reeleito)
- Luiz Claudio Romanelli (reeleito)
- Hussein Bakri
- Marcia Huçulak
- Artagão Júnior (reeleito)
- Cobra Repórter (reeleito)
- Gugu Bueno
- Marcelo Rangel
- Adão Litro
- Tercílio Turini (reeleito)
- Evandro Araújo (reeleito)
- Cloara Pinheiro
Federação PT/PV/PCdoB
- Professor Lemos (reeleito)
- Requião Filho (reeleito)
- Arilson Chiorato (reeleito)
- Renato Freitas
- Ana Júlia
- Luciana Rafagnin (reeleita)
- Dr. Antenor
União Brasil
- Ney Leprevost
- Delegado Tito Barichello
- Luiz Fernando Guerra (reeleito)
- Do Carmo
- Thiago Bührer
- Mauro Moraes (reeleito)
- Flávia Francischini
Progressistas
- Paulo Gomes
- Maria Victoria (reeleita)
- Soldado Adriano José (reeleito)
- Matheus Vermelho
- César Mello
PL
- Marcel Micheletto (reeleito)
- Ricardo Arruda (reeleito)
- Delegado Jacovós (reeleito)
- Gilson de Souza (reeleito)
- Gilberto Ribeiro (reeleito)
Republicanos
- Alexandre Amaro (reeleito)
- Cantora Mara Lima (reeleita)
- Marcio Pacheco (reeleito)
- Federação PSDB/Cidadania
- Mabel Canto (reeleita)
- Cristina Silvestri (reeleita)
- Douglas Fabrício (reeleito)
MDB
- Anibelli Neto (reeleito)
- Batatinha
PROS
- Alisson Wandscheer
- Samuel Dantas
Podemos
- Fabio Oliveira
- Denian Couto
PDT
- Goura (reeleito)
Solidariedade
- Marli Paulino
PSB
- Luis Corti
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