O Porto de Paranaguá, no Paraná, já foi o principal ponto de saída da soja produzida no Brasil. Em 2004, segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), de cada 100 toneladas do grão exportadas no país, 30 delas eram embarcadas no porto paranaense. O protagonismo do setor foi aos poucos sendo passado para o Porto de Santos, que hoje é responsável por 27% das exportações de soja.
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O cenário, porém, se modifica drasticamente quando os portos são analisados em conjunto, como os do Arco Norte do Brasil. Somados, os portos de Porto Velho (RO), Miritituba (PA), Santarém (PA), Barbacena (PA), Itacoatiara (AM), Manaus (AM) e Itaqui (MA) exportaram, em 2022, mais grãos do que a unidade santista – é a primeira vez que o Arco Norte, com 38% das exportações de soja no Brasil, superou o Porto de Santos.
Segundo o Imea, um dos fatores que explica essa situação é o custo do frete, mais barato para o norte do Brasil. Uma carga de grãos com origem em Sorriso (MT) e destino ao porto de Miritituba (PA) teve queda no custo de transporte rodoviário de 53% entre os anos de 2016 e 2022 em relação ao custo de frete para enviar o mesmo produto ao Porto de Santos.
Para reverter este cenário e voltar a tornar o Porto de Paranaguá mais atraente para os transportadores, uma nova ponte entre os estados do Paraná e Mato Grosso do Sul está mais perto de sair do papel. A estrutura, que ligará as cidades de São Pedro do Paraná (PR) e Taquarussu (MS), terá cerca de dois quilômetros de extensão.
No último dia 13, o Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR), órgão responsável pela execução do projeto, anunciou a empresa vencedora para a elaboração dos Estudos de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) para a nova ponte. A empresa Prosul – Projetos, Supervisão e Planejamento arrematou o pregão com a proposta de R$ 2.992.382,95, com prazo de 18 meses para concluir os estudos. O valor será custeado pela Itaipu Binacional, após um acordo firmado entre a hidrelétrica e os governos de ambos os estados.
A Prosul havia ficado em segundo lugar no pregão eletrônico, e acabou sendo convocada após a primeira colocada entre as arrematantes ter sido inabilitada por descumprimento das exigências quanto aos documentos de comprovação de qualificação técnica.
A proposta também prevê, no lado paranaense, a restauração de 19,8 km da rodovia PR-577, incluindo a construção de um contorno em Porto São José, distrito de São Pedro do Paraná. Já no perímetro sul-mato-grossense, será realizada a implantação de 30 km da rodovia MS-473, além de um viaduto de acesso em Taquarussu.
"Essa é uma ponte de integração", diz diretor-geral do DER-PR
Para o diretor-geral do DER-PR, Alexandre Castro Fernandes, a nova ponte é uma alternativa importante para o escoamento dos grãos. Segundo ele, a estrutura pode representar uma economia no transporte da soja até o Porto de Paranaguá, tornando assim a unidade paranaense mais atraente para os exportadores.
“Essa ponte tem um papel fundamental que é integrar dois estados que são bastante pujantes. Nós estamos reconhecendo que existe uma quantidade significativa de produção agrícola que é escoada desde o Mato Grosso, passa pelo Mato Grosso do Sul e vem para o Paraná com destino aos portos. Essa é uma ponte de integração, mais um acesso para o escoamento das cargas, de uma parte importante da produção brasileira”, avaliou, em entrevista à Gazeta do Povo.
Nova ponte vai desviar de contorno em São Paulo
O presidente do Sistema Fetranspar e do Conselho Regional do Sest Senat no Paraná, coronel Sérgio Malucelli, avalia que o Paraná precisa melhorar a infraestrutura com obras de mobilidade que conectem o campo às cidades e aos portos. Ele ressalta que a novidade vai evitar um contorno que é feito pelo estado de São Paulo, o que gera atrasos e lentidão nas operações de transporte.
“Essa nova ligação deixará o caminho mais curto, bem como diminuirá os custos do escoamento agrícola até o porto de Paranaguá. Informações preliminares nos mostram que a obra trará outros pacotes de melhorias nos acessos da nova ponte, principalmente no lado paranaense, com restauração de trechos da PR-577 e a inclusão de contorno no município de São Pedro do Paraná. Tudo isso agrega a infraestrutura e melhora a atuação das empresas e profissionais da área de transporte no estado”, comentou, em entrevista à Gazeta do Povo.
Potencial para desenvolver Vale do Ivinhema
Para o governo do Mato Grosso do Sul, a estrutura poderá alavancar, num futuro próximo, o desenvolvimento da região conhecida como Vale do Ivinhema, no sudeste do estado. De acordo com o titular da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação do Mato Grosso do Sul (Semadesc), Jaime Verruck, a nova ponte tem potencial para estimular o desenvolvimento da economia do estado. “Ajuda a desafogar o tráfego de caminhões, principalmente de grãos, e também vai promover o maior desenvolvimento econômico da região”, comentou.
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