Uma nova rota marítima começa a operar em Paranaguá a partir deste mês de janeiro, ligando o Brasil à Ásia, com escala direta na Índia. A linha Far East-India-Latin America Service (FIL) será lançada pela coreana Hyundai Merchant Marine. Serão mais sete navios para transporte de contêineres, cada um com capacidade de 5 mil TEUs (unidade equivalente a 20 pés, na sigla em inglês). Cada navio carrega, em média, 100 mil toneladas de produto, variando conforme o tipo de carga.
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A previsão é que o primeiro navio chegue ao porto paranaense em 23 de janeiro e, a partir daí, a cada semana um novo atracará, ampliando a oferta semanal de contêineres em 500 unidades. Até o momento, três navios saem semanalmente para a China. Serão quatro. O novo serviço eleva em 10% a movimentação do Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) com a Ásia. Em 2021, o terminal movimentou 250 mil TEUs com o mercado asiático e a nova linha vai agregar mais 25 mil TEUs anuais.
“Numa situação normal já seria relevante e, especificamente na situação atual, de apagão logístico, com falta de contêineres e espaço nos navios, a nova linha ganha uma importância ainda maior”, destaca Thomas Lima, diretor comercial e institucional do TCP.
Ele explica que a Hyundai Merchant Marine já atua em Paranaguá, mas por meio de parcerias com outros armadores. “Agora, a empresa coreana passa a disponibilizar navios de sua frota própria”, destaca. E a outra novidade é que pela primeira vez Paranaguá terá conexão direta com a Índia.
Os sete navios farão a rota Busan, Shanghai, Ningbo, Shekou, Singapore, Kattupalli, Durban, Santos, Paranaguá, Itapoá, Navegantes, Buenos Aires, Montevideo, Singapore, Hong Kong e Busan.
Os principais produtos movimentados devem ser, na importação: borracha, produtos químicos, fertilizantes e peças e componentes para a indústria eletroeletrônica e automotiva; e na exportação: carnes refrigeradas, madeira e papel e celulose.
Expectativa é por redução no custo do frete
A paranaense Klabin, maior produtora e exportadora de papéis do Brasil, avalia que a nova rota vai contribuir significativamente nas suas operações de exportação, por contemplar a Ásia. O mercado asiático responde por um terço do volume exportado em contêineres pela indústria.
“A nova rota traz a possibilidade de melhora no nível de serviço e diminuições de custos. Além disso, permite que a Companhia reavalie sua matriz de atendimento, possibilitando o aumento de volume exportado para essa região, em detrimento de outras com fretes caros e pouca disponibilidade de oferta de espaço nos navios”, informa Hugo Fernandes, gerente de Planejamento e Operação Logística.
Segundo ele, "a falta de contêineres trouxe morosidade e gargalos logísticos e os fretes marítimos ultrapassaram, em muitos casos, os limites da competitividade para vários produtos exportáveis, causando problemas de abastecimento para produtores e consumidores do mundo todo”.
A empresa informa que tem buscado alternativas, através de sua flexibilidade de mercados e produtos, assim como canais de distribuição e modais, como a construção do Terminal de Contêineres de Ortigueira que entrou em operação no ano passado. A Companhia tem substituído volumes de exportação em contêiner por break bulk (carga fracionada) e modal rodoviário, além de um maior direcionamento para o mercado doméstico.
O aluguel de um contêiner de 40 pés, que há cerca de dois anos custava entre US$ 1 mil e U$ 1.500, hoje chega, em alguns casos, a até US$ 10 mil, segundo informações do TCP. Foi a situação de pandemia que provocou essa alta, por conta da falta de mão de obra, das restrições à entrada e saída de mercadorias e do congestionamento nos portos.
“Só esta nova rota não é suficiente para voltar à normalidade, tudo vai depender do mercado, precisaríamos ter pelo menos mais uns três competidores para uma maior reação e posterior estabilidade”, acredita o diretor do terminal.
“O importante é que a nova rota aumenta a concorrência, podendo baixar o custo do frete marítimo que está muito alto”, diz Nelson Costa, superintendente da Federação e Organização das Cooperativas do Paraná (Fecoopar).
Ele conta que, nos dois últimos anos, o frete marítimo dobrou de preço e o aluguel de contêineres, em média, mais que triplicou. "Além disso teve uma desorganização geral neste serviço, com muitos atrasos nos embarques e desembarques, o que prejudica o setor", aponta.
O superintendente da Fecoopar destaca também que a Índia é um grande produtor de ureia, um dos fertilizantes mais usados no Brasil, que pode se beneficiar com uma maior e mais ágil importação do produto a preços melhores.
“A disponibilidade maior que será ofertada com a nova rota não é muito grande, mas suficiente para mexer no mercado”, acredita Nilson Hanke Camargo, consultor de logística da Federação da Agricultura do Paraná (Faep).
“O frete via contêiner hoje está altíssimo, é um problema. Com mais oferta, esperamos uma redução no preço”. diz. Para Hanke, todo o setor que exporta carnes refrigeradas (bovina, suína e de aves) e o setor madeireiro devem se beneficiar.
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