Renê Garcia Junior participou de audiência de prestação de contas na Alep.| Foto: Dálie Felberg/Alep

Implantado em janeiro de 2018, o novo Sistema Integrado de Finanças Públicas (Siaf) do governo do Paraná, continua a apresentar problemas que deverão ser resolvidos apenas “em 2020 ou 2021”, segundo o secretário estadual da Fazenda, Renê Garcia Junior.

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O Siaf é destinado ao registro, acompanhamento e controle da execução orçamentária, financeira e patrimonial do governo estadual. Problemas com a nova plataforma geraram até pagamentos em duplicidade. Outra consequência das falhas no sistema é que os dados não têm sido disponibilizados no Portal da Transparência, obrigação prevista na Lei Complementar 131 de 2009.

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“O sistema apresenta problemas estruturais. Há dificuldades enormes em termos de prestação de informações, mas nós temos uma força-tarefa para tentar resolver o sistema e possivelmente dar uma solução já para 2020 ou 2021”, disse o secretário à Gazeta do Povo. Além do Executivo, os órgãos do Legislativo e do Judiciário, como o Ministério Público e o Tribunal de Contas, também usam o programa.

Na audiência de prestação de contas de que participou na quarta-feira (5) na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), o secretário da Fazenda foi cobrado por deputados sobre a precisão dos dados apresentados em razão dos problemas no sistema. “Podemos confiar 100% nesses números que o senhor apresentou?”, perguntou Arilson Chiorato (PT), que emendou uma reclamação sobre a demora na liberação do acesso ao sistema para os deputados.

Antes que Garcia Junior pudesse responder, o presidente da Alep, Ademar Traiano (PSDB), interveio. “Quero fazer a defesa do secretário, pois não é culpa da secretaria. Nós encaminhamos a todos os deputados a solicitação para enviar CPF, RG e as devidas explicações para poder acessar o Siaf e nem todos ainda encaminharam”, declarou. “Então não é responsabilidade da secretaria”, finalizou, justificando a falta de acesso do Legislativo ao programa, mas sem se debruçar sobre o questionamento à validade dos dados.

Quando interpelava o secretário sobre o que considera uma divergência entre os dados apresentados pela Fazenda e o discurso do governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), o deputado Requião Filho (MDB) disse que confia “mais ou menos” nos números. “Porque a informação que temos é que nem vocês sabem quais são”, disse. “O Siaf não funciona, não foi alimentado, há problema nos dados, não bate aqui e ali. Então vocês trabalham no escuro e nós, no faz-de-conta”.

Em entrevista após a audiência, Garcia Junior garantiu que os problemas não afetam a precisão das informações. “Os dados são confiáveis, é claro”, disse. “Em balanços há sempre ajustes que são feitos por causa de lançamentos que às vezes ocorrem e têm que ser estornados”, explicou. “Mas, em si, a peça apresentada aqui condiz com a realidade.”

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Em fevereiro, o diretor-geral da Secretaria da Fazenda (Sefa), Fernades dos Santos, já havia dito à Gazeta do Povo que a solução para todos os problemas no sistema não aconteceria no curto prazo. No início da gestão, o governador Ratinho Junior já reclamava do Siaf, dizendo que estava “no escuro”.