Dois decretos presidenciais publicados na última semana exoneraram os diretores de Itaipu Binacional nomeados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e confirmaram os novos diretores do lado brasileiro da hidrelétrica. Os novos nomes são: Luiz Fernando Ferreira Delazari como diretor jurídico; Iggor Gomes Rocha, para diretor administrativo; Renato Soares Sacramento é diretor técnico-executivo e Carlos Carboni diretor da área de Coordenação.
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Com essas nomeações, fica faltando preencher a vaga de diretor financeiro da Itaipu. Nos bastidores, a informação apurada pela reportagem da Gazeta do Povo é que o cargo vem sendo disputado entre PT e PSD. Um dos nomes mais cotados é do filho ex-ministro da Saúde Alceni Guerra, Pedro Guerra, do (PSD). Pedro Guerra foi deputado federal e secretário da Fazenda no Paraná. Guerra teria o apoio do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSD) para a função na Itaipu.
Os salários dos diretores da Itaipu não são divulgados. A reportagem apurou que estariam próximos de R$ 80 mil. Questionada, a binacional informou que, “em função da sua natureza jurídica especial, supranacional, com gestão de dados pessoais e contas binacionais, observa políticas e princípios de segurança pessoal e patrimonial, adotados por consenso, que consagram a transparência e acesso a informações”.
De acordo com a assessoria da hidrelétrica, a divulgação de dados referentes aos recursos humanos da empresa é estabelecida por um acordo entre os lados brasileiro e paraguaio. Conforme essa política, o acesso direto a documentos relacionados à administração da empresa, conforme preconiza sua norma de transparência, podem ser acessados no site, bem como a estrutura salarial.
“Quanto aos honorários de conselheiros e de diretores, sua fixação acontece mediante critérios acordados binacionalmente e ditados pela Eletrobras e pela Ande, na forma do Tratado de Itaipu, Anexo A (Estatuto da Itaipu) e Regimento da Itaipu, tendo valores mensais, fixos e brutos, todos coerentes com o que se pratica no setor elétrico brasileiro”, destacou a Itaipu, em resposta.
A hidrelétrica ressaltou ainda que, independentemente de outras considerações de mercado salarial, os honorários dos dirigentes da Itaipu são proporcionais e compatíveis com as responsabilidades e importância da maior geradora, em termos históricos, de energia elétrica do mundo.
Para o advogado e presidente da Comissão de Infraestrutura da OAB no Paraná Heroldes Bahr Neto, consultado pela Gazeta do Povo, não há motivos para se manter sigilo sobre os salários dos diretores de uma empresa pública, considerando que outras que operam em segmento similar tornam as informações de livre acesso. “No meu entendimento, por se tratar de uma empresa pública, não vejo o porquê do sigilo ou no que a divulgação dessas informações poderia impactar”, considerou.
Entraves até as nomeações de diretores para Itaipu
As nomeações dos novos diretores foram um dos empecilhos para iniciar, de fato, os trabalhos da nova gestão da maior hidrelétrica do Brasil e uma das maiores do mundo, com Enio Verri (PT) na função de diretor-geral.
Verri foi escolhido por Lula para comandar a Itaipu no fim de janeiro, mas a posse só ocorreu em 16 de março. Na solenidade, Verri e Lula chegaram a reclamar da demora para a nomeação dos novos diretores diante da extensão no processo de aprovação dos nomes, que precisa passar pelo crivo dos conselheiros da Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar).
Quem sai e quem entra na estrutura de Itaipu
Entre os exonerados está David Rodrigues Krug que era diretor técnico-executivo; Mariana Favoreto Thiele como diretora jurídica; Paulo Roberto da Silva Xavier, até então diretor administrativo; André Pepitone da Nóbrega como diretor financeiro executivo e Luiz Felipe Kraemer Carbonell, que era diretor de Coordenação da Itaipu Binacional.
Dois dos quatro nomeados para compor a direção, Luiz Fernando Ferreira Delazari e Carlos Carboni, haviam sido adiantados pela Gazeta do Povo no início do mês de fevereiro. Delazari é advogado e foi secretário de Segurança Pública no Paraná com o ex-governador Roberto Requião (PT).
Carlos Carboni também é advogado, filiado ao PT e exerceu a função de chefe de gabinete da Casa Civil quando a ministra era Gleisi Hoffmann (PT), no primeiro governo de Dilma Rousseff (PT). Carboni é ligado a movimentos de agricultura familiar.
Iggor Gomes Rocha é professor universitário e construiu carreira como advogado enquanto Renato Soares Sacramento fez careira em quadros técnicos da Eletrobras. Nos próximos dias, a Itaipu ainda deve anunciar a nomeação dos novos conselheiros brasileiros da binacional.
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