No início dos anos 2000, o Governo do Paraná inovou ao apostar nas TVs laranjas como forma de trazer a tecnologia para dentro das salas de aula das escolas da rede estadual. Agora, quase duas décadas depois, a nova aposta da Secretaria Estadual de Educação (Seed) são os Educatrons, uma evolução do modelo anterior que, na avaliação da pasta, vai possibilitar um salto de qualidade na educação paranaense.
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Dentro da previsão da Seed, cada uma das cerca de 25 mil salas de aula das escolas estaduais do Paraná deverá estar com um Educatron instalado até o fim do primeiro semestre de 2022. O equipamento é composto por um aparelho de televisão de tela plana acoplado a um computador e uma webcam, com conexão à internet via wi-fi. Nas palavras de Leandro Humberto Pereira Beguoci, chefe do Núcleo de Comunicação da pasta, o Educatron é uma “janela aberta para o mundo”.
“A TV laranja foi o modelo 1.0, e o Educatron estaria no 3.0, talvez 4.0. As versões intermediárias nunca existiram no Paraná. As antigas TVs laranjas tinham o recurso que permitia a conexão direta de um dispositivo como um pendrive USB. Isso era um recurso incrível para a época, mas demandava uma série de outras exigências. O professor tinha que ter o dispositivo USB, tinha que ter acesso à internet e fazer essa pesquisa toda em casa, preparar o material e no final das contas torcer para isso tudo funcionar na TV laranja, porque era assim. Às vezes não funcionava. Agora é tudo em tempo real, literalmente ao vivo”, explicou.
Acesso à internet será controlado pelos professores
O acesso à internet se dará de forma controlada pelo professor, como pontuou o diretor de Educação da Seed, Roni Miranda. Em entrevista por telefone à Gazeta do Povo, ele confirmou que haverá pontos de acesso em alta velocidade à rede disponíveis em todas as escolas do estado.
“Cada sala de aula nossa tem um ponto de wi-fi instalado. É rede sem fio para estudantes e professores. O professor tem o total controle desses equipamentos, liberando o acesso aos estudantes apenas nos momentos necessários, e acesso apenas para conteúdos relacionados ao tema trabalhado na aula”, detalhou.
O projeto dos Educatrons teve um custo total de cerca de R$ 300 milhões. O cronograma de entregas inicialmente traçado pelas empresas atrasou por implicações diretas da pandemia de Covid-19, como a falta de microchips e alguns componentes eletrônicos na indústria. De acordo com Miranda, cerca de 20% dos equipamentos já foram instalados, e uma grande entrega está prevista para os meses de abril e maio.
Educatrons permitem trazer convidados ao vivo às salas de aula
Beguoci detalhou à reportagem as diversas formas que os Educatrons poderão ser usados pelos professores em sala de aula. Um dos pontos abordados foi o uso nas turmas de educação profissional, nas quais as aulas serão ministradas à distância por professores da Unicesumar. Com a possibilidade de realização de videochamadas em tempo real, explicou o chefe da comunicação da Seed, os professores poderão realizar encontros que antes eram praticamente impossíveis.
“O Educatron nos permite tanto ter aulas à distância como trazer convidados de fora para dentro das salas de aula. Um professor de Português, por exemplo, conseguiu o contato de um determinado autor contemporâneo e quer trazê-lo para a sala de aula. Antigamente, esse professor dependeria de uma editora, por exemplo, para bancar a viagem e a hospedagem desse autor, além do tempo total entre deslocamento e participação na aula, o que era quase inviável. Agora, eu consigo colocar essa mesma pessoa dentro da sala de aula, ao vivo, por meio de uma chamada de vídeo”, detalhou.
Professores não terão dificuldades, avalia secretaria
Questionado se os professores da rede estadual receberão algum tipo de treinamento especial para o uso da plataforma, Beguoci explicou que o funcionamento do Educatron é muito simples, e que os professores não terão dificuldades pois o Paraná teria alcançado a marca de ter sido o estado que mais usou tecnologia nos últimos anos em todo o Brasil. Mesmo assim, em casos de necessidades, os professores poderão contar com apoio de tutores de tecnologia dos próprios núcleos regionais de Educação para que haja um nivelamento em todas as escolas da rede.
“A equidade é uma das nossas maiores preocupações. O que funciona em Curitiba tem que funcionar em Pitanga. O que dá certo em Loanda tem que dar certo em Almirante Tamandaré. Esses programas de acompanhamento e formação dos professores têm como objetivo garantir que nenhum aluno da rede vá ficar atrasado porque o professor não usou o recurso por falta de apoio ou de capacitação. O Educatron é um meio de trazer o século XXI para as escolas”, concluiu.
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