O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em sessão desta terça-feira (24), prestou homenagem póstuma ao jurista paranaense René Ariel Dotti, morto em fevereiro desse ano, aos 86 anos.
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Defensor da democracia, herói da resistência, exemplo de advogado e de brasileiro foram as expressões mais destacadas durante a homenagem. “É um dia triste, mas de reconhecimento a esse jurista que tanto lutou pelo direito de defesa, que precisa ser reforçado em nosso país nesse momento”, disse o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz.
“René Dotti foi um defensor da cidadania e das liberdades. Defendeu, como advogado, vários perseguidos políticos pelo regime ditatorial. Fazia essa defesa de graça porque achava que com isso estava contribuindo com a democracia”, disse José Augusto Araújo de Noronha, membro do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, destacado para o discurso de homenagem.
Dotti trabalhou na reforma do Código Penal
Com um currículo extenso, René Dotti, além de ser reconhecidamente um dos principais juristas brasileiros, atuou como advogado criminalista, foi professor titular de direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da Escola da Magistratura. Foi coautor da reforma do código penal e relator da nova lei de imprensa. Teve uma vasta produção cientifica na área do direito e foi secretário de Cultura do Paraná, entre 1987 e 1991.
Na solenidade, foi entregue um diploma de homenagem póstuma em reconhecimento aos serviços relevantes e inestimáveis prestados à advocacia e ao Brasil. O diploma foi entregue a Cassio Telles, presidente da OAB Paraná, para que este repasse à família do homenageado, que acompanhou a sessão virtualmente.
Ao final a família agradeceu a homenagem. A viúva, a advogada Rosarita Dotti, lembrou do amor do marido pela advocacia. A filha Rogéria Dotti, também advogada, disse que o pai correu riscos no regime militar, mas sempre defendeu a liberdade. Ela destacou que o pai se formou em 1958 e que em 1961 começou a exercer a advocacia pro bono (sem cobrar) para atender pessoas que precisavam de assessoria jurídica, mas não podiam pagar. Dotti nunca abandonou essa prática ao longo de toda a carreira.
Ao final, Gabriel, de 19 anos, pediu a palavra para falar em nome dos netos. “Na infância, não sabia que meu avô era autor de reformas, autor de livros, defensor de perseguidos políticos e das vítimas de um abusivo sistema penitenciário. Mais que defender pessoas, ele defendia ideias e foi meu maior professor, mesmo eu nunca estando em sua sala de aula”, pontuou.
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