A ocupação de leitos de UTI específicos para Covid-19 no estado e, principalmente, na capital, foi por muito tempo o indicador que causou maior preocupação nas autoridades de saúde nestes cinco meses de enfrentamento da pandemia de coronavírus. O esgotamento da capacidade de atendimento indicava o risco de colapso no sistema de saúde, com pacientes podendo ficar sem atendimento por falta de vaga em hospitais. Em Curitiba, a taxa de ocupação chegou a 95% em 16 de julho, mas, desde então, vem decrescendo. Nesta segunda-feira, 31 de agosto, a ocupação era de 81%, com 68 leitos disponíveis. É a menor ocupação e maior oferta de leitos vagos nos últimos dois meses.
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Ao comentar a redução na ocupação dos leitos, a secretária municipal de saúde Márcia Huçulak afirmou, na última sexta-feira (28), na apresentação do boletim semanal do município, que a prefeitura poderá, a partir desta semana, reduzir o número de leitos exclusivos para Covid-19, mantendo a ocupação na margem de 80%, mas liberando leitos para atendimentos a outras situações de saúde. “Nós ativamos 355 e agora vamos desativar para voltar algumas atividades que já discutimos com nossos pares. Retomar algumas cirurgias eletivas que nós paramos nesse momento de pandemia. Entendemos que também precisamos dar conta de outras situações de saúde da população”, disse.
A suspensão das cirurgias eletivas foi uma das medidas tomadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para evitar que pacientes no pós-operatório ocupassem leitos de UTI, liberando mais vagas para pacientes com Covid-19. Na sequência, em 24 de julho, o governo do estado decretou a suspensão dos procedimentos também na rede particular, para reduzir o consumo de medicamentos sedativos e anestésicos necessários para a intubação de pacientes graves de Covid-19 e que chegaram a faltar em alguns hospitais do estado. Tal decreto foi flexibilizado há 10 dias, quando o estado restringiu apenas os procedimentos que demandem terapia intensiva no pós-operatório ou em pacientes sob anestesia geral.
A situação das UTIs no estado não chegou a ficar tão crítica como na capital. A maior ocupação foi registrada em 28 de julho, com 79% dos leitos em uso. Mas, em algumas regiões, houve risco de colapso. A ocupação na regional Leste (Região Metropolitana de Curitiba, Litoral e Campos Gerais) chegou a 92%. Na regional Oeste, a taxa chegou a 83%, mas cidades como Toledo e Francisco Beltrão viram seus hospitais lotarem e precisaram transferir pacientes para outras localidades. Hoje, a ocupação é de 71% no estado, com 316 leitos livres.
O diretor de Gestão em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde, Vinícius Filipak, explicou que à medida que o estado constate a vacância de leitos acima de uma margem de segurança de oferta, eles deverão ser desabilitados. “O estado fez uma ampliação de leitos que não será mantida depois da pandemia. Poucos leitos Covid passarão para a rede, a maior parte será desativada, não há disponibilidade orçamentária para mantes essa ativação para a rede pública”, afirmou, lembrando que cada leito de UTI habilitado custa R$ 800,00 por dia para os cofres públicos, quando desocupado, e R$ 1600,00 quando ocupado. Assim, os leitos habilitados junto a hospitais particulares e filantrópicos deverão ser “devolvidos” para uso particular dos hospitais.
Filipak comentou também que a restrição às cirurgias eletivas, hoje, deve-se muito mais ao problema com o abastecimento de medicamentos do que pela escassez de leitos. “A situação dos medicamentos anestésicos está bem mais favorável agora, mas o risco ainda não foi eliminado, por isso ampliamos a possibilidade de retorno dos procedimentos eletivos sem anestesia geral e sem a utilização de UTI, para economizar no medicamento. A situação mais urgente é a de medicamentos, não a de leitos”, concluiu.
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