Em 1967, com as eleições diretas suspensas pelo regime militar, cabia ao então governador Paulo Pimentel indicar quem seria o próximo prefeito de Curitiba. Ele teria a responsabilidade de suceder Ivo Arzua, que, ao longo de dois mandatos, foi responsável por mudanças que se estenderam da forma de gestão ao planejamento da cidade. Por isso, Pimentel buscava alguém que tivesse um perfil técnico e sem vínculo político.
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Se a busca era por um técnico, a escolha final não poderia ter sido mais acertada. O indicado foi o engenheiro civil Omar Sabbag, 43 anos de idade e larga experiência em órgãos públicos, coordenando trabalhos nas áreas de saneamento, transportes e obras. Os quatro anos de mandato fizeram jus à expectativa, tendo como marcas a ampliação do sistema de saneamento da capital, construção de viadutos e a integração de bairros distantes.
Trabalho deixou ministro impressionado
Formado na Escola de Engenharia da Universidade do Paraná em 1947, Sabbag conseguiu uma bolsa e fez um ano de pós-graduação na renomada Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Mestre em Ciências da Engenharia Sanitária, foi professor universitário, trabalhou no Departamento de Água e Esgotos (DAE) – que posteriormente se tornaria a Sanepar –, na Secretaria de Viação e Obras Públicas do Paraná e no Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS).
Convidado para assumir o cargo de ministro da Agricultura, o prefeito Ivo Arzua apresentou o pedido de demissão em março de 1967. Em sua dissertação de mestrado “Curitiba – 50 anos de eleições municipais – as forças políticas que nas democracias e no governo militar disputam o poder”, Mauro Pioli Rehbein revela que aquela teria sido a única sucessão para prefeito de Curitiba no regime militar em que vários nomes foram cogitados para o cargo.
“Segundo líderes situacionistas, devido ao número de pretendentes, Paulo Pimentel previa para ocupar o cargo de prefeito um técnico, sem vínculo político, – seriam engenheiros que não estavam vinculados à Prefeitura, porém com sólidas ligações com ele”, diz Rehbein. Para o jornalista Júlio Zaruch, que cobria a política local à época, é “quase certeza” que a sugestão partiu do então ministro de Viação e Obras Públicas, Juarez Távora, que em uma visita ao Paraná “ficou impressionado com o bom trabalho de Sabbag”.
Obras foram do saneamento à rodoferroviária
Como não poderia deixar de ser, uma das áreas às quais Sabbag se dedicou com mais afinco foi aquela que era sua especialidade, o saneamento. Durante sua administração foi conduzido um grande plano de combate a enchentes, com intervenções nos rios Ivo, Belém, Juvevê, Barigui e Atuba. Foi nesse período também que aconteceu a inauguração do Sistema Iguaçu, até então o maior projeto de captação e tratamento de água na capital.
No campo da infraestrutura, seus dois maiores legados estão bem próximos um do outro. O primeiro deles, o viaduto que cruza a Avenida Affonso Camargo e dá acesso direto à BR-277, tornando mais fácil e rápido o caminho dos milhares de curitibanos que descem ao litoral paranaense. Não à toa, a antiga Avenida Centenário, que faz a ligação entre a capital e a rodovia, mais tarde ganhou o nome de Avenida Omar Sabbag.
Bem próxima dali está a rodoferroviária de Curitiba, cujas obras foram iniciadas na gestão de Sabbag, após a cessão pela União da área que pertencia à Rede Ferroviária Federal. O projeto moderno elaborado pelo arquiteto Rubens Meister veio resolver o problema da antiga estação rodoviária – onde hoje funciona o Terminal do Guadalupe – que estava no limite de sua operação.
Em março de 1971, Omar Sabbag encerrou seu mandato e também sua breve, porém, marcante passagem pela política. Assim que deixou a prefeitura, reassumiu o cargo na Sanepar e a cadeira de professor na Universidade Federal do Paraná (UFPR).
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