Cinco pessoas foram presas na manhã desta terça-feira (24) em operação policial deflagrada nas cidades de Maringá, Mandaguaçu e Sarandi, no Norte do Paraná. O grupo é suspeito de participar de um esquema de reaproveitamento e venda de materiais cirúrgicos usados em operações urológicas que deveriam ser descartados.
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Ao todo, foram cumpridos 12 mandados judiciais (três de prisão preventiva, dois de prisão temporária e sete de busca e apreensão) contra o grupo. Entre o material apreendido estão produtos hospitalares vencidos e reembalados, além de agendas e documentos. Segundo as investigações, os investigados são funcionários de fornecedoras de equipamentos para médicos de diversos municípios do estado e um empregado de uma empresa de esterilização. Os nomes das empresas não foram divulgados.
Batizada de Autoclave, a operação deriva de uma denúncia recebida pela polícia em março na cidade de Ponta Grossa, nos Campos Gerais. Na ocasião, dois dos investigados tentaram entrar no centro cirúrgico de um hospital com material reprocessado, que foi identificado pela equipe do estabelecimento.
Autoclave é o nome de um aparelho utilizado para esterilizar materiais e artigos médico-hospitalares por meio de calor úmido sob pressão.
Como o grupo agia
De acordo com o delegado André Feltes, responsável pelas investigações, como representantes de uma empresa que fornecia equipamentos e materiais para a área urológica, os suspeitos iam até os hospitais e acompanhavam as cirurgias. “Ao final, eles deveriam recolher os equipamentos, que são guardados em caixas, enquanto materiais inseridos no corpo do paciente teriam de ser descartados”, explica Feltes. “Mas eles se apropriavam desses materiais, colocavam junto com os outros equipamentos e saíam do hospital.” Os produtos eram então entregues a um funcionário de uma empresa que fazia a esterilização das peças.
Na sequência, ao serem procurados por médicos para fornecer produtos para cirurgias, ofereciam valores abaixo do preço de mercado, sem que a empresa na qual trabalhavam tivesse conhecimento. Alguns materiais eram reutilizados até 10 vezes, segundo a polícia.
A polícia ainda apura se os médicos que adquiriam os materiais tinham conhecimento da fraude. “Há três possibilidades: o grupo tirava os produtos da embalagem e entregava sem que o médico percebesse; podia haver conivência do profissional, que não se importava de usar o material; ou pode até ser que ele participasse do esquema e ganhasse em cima disso”, diz o delegado.
Há informações de que a prática era realizada desde janeiro de 2016. “Em cada cirurgia que eles conseguiam reutilizar os materiais, ganhavam entre R$ 2 mil e R$ 3 mil”, diz Feltes. Ainda de acordo com o delegado, o grupo chegou a participar de até três procedimentos em um mesmo dia. Entre os materiais reaproveitados estão fibras laser, fios guia e extratores de cálculo, usados em cirurgias para retirada de obstrução no trato urinário.
A atuação dos suspeitos teria chegado a municípios como Campo Mourão e Cianorte, na região Noroeste do estado, e Pato Branco e Francisco Beltrão, no Sudoeste. O esquema era aplicado somente em cirurgias particulares, custeadas pelo próprio paciente. “Quando há cobertura de plano de saúde, há uma fiscalização da empresa nos produtos assim que chegam ao centro cirúrgico.”
Os investigados poderão ser indicados por associação criminosa e falsidade ideológica, além de crimes previstos no Artigo 237 do Código Penal – “falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais” – e no Artigo 7 da Lei 8.137/1990 – “induzir o consumidor ou usuário a erro, por via de indicação ou afirmação falsa ou enganosa sobre a natureza, qualidade do bem ou serviço”.
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