Saiu nesta quarta-feira (22) a primeira sentença derivada da Operação Piloto, um dos escândalos de corrupção envolvendo a gestão de Beto Richa (PSDB) no governo do Paraná. O juiz federal substituto Paulo Sergio Ribeiro, da 23ª Vara de Curitiba, julgou parcialmente procedente as acusações feitas pelo Ministério Público Federal (MPF) em 2018 e condenou o ex-chefe de gabinete do tucano Deonilson Roldo a uma pena de 10 anos e 5 meses de regime inicial fechado pela prática dos crimes de corrupção passiva e fraude à licitação, além de pagamento de multa. A sentença tem mais de 200 páginas.
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Já o empresário Jorge Atherino, amigo de Beto Richa, também foi condenado pela prática do crime de corrupção passiva. Atherino recebeu pena de 4 anos, 9 meses e 15 dias, para cumprimento em regime inicial semiaberto, além de pagamento de multa.
Ambos foram absolvidos das imputações do crime de lavagem de dinheiro. Eles podem recorrer contra a sentença.
Beto Richa é réu em outra ação penal da Operação Piloto, e que ainda está em tramitação, mas nega qualquer ilicitude. Ainda foram condenados executivos e funcionários do Grupo Odebrecht, que colaboraram com as investigações na condição de delatores.
Os advogados Daniel Laufer e Maria Francisca Accioly, responsáveis pela defesa de Jorge Atherino, enviaram uma nota à Gazeta do Povo na qual declaram que "a sentença proferida é manifestamente contrária à prova dos autos". "Restou comprovado que Jorge Theodócio Atherino não participou de atos de corrupção, tese a ser abordada, entre outras, perante o TRF4 no momento oportuno", diz o texto.
A Gazeta do Povo ainda tenta contato com a defesa de Roldo.
Durante o processo, o ex-chefe de gabinete Deonilson Roldo alegou que a acusação era injusta e negou irregularidades. Já o empresário Jorge Atherino admitiu caixa 2 na campanha eleitoral de Beto Richa, mas negou relação com fraude na licitação da PR-323.
O caso
A Operação Piloto é um desdobramento da Operação Lava Jato e está relacionada à Parceria Público-Privada (PPP) firmada em 2014 entre a empreiteira Odebrecht e a gestão Beto Richa (PSDB) no governo do Paraná para duplicação da rodovia PR-323. De acordo com o MPF, executivos da Odebrecht teriam feito um acerto com o então chefe de gabinete do governador do Paraná, Deonilson Roldo, para que ele limitasse a concorrência da licitação para duplicação da PR-323, favorecendo a empreiteira. Em contrapartida, a Odebrecht pagaria R$ 4 milhões a Roldo e ao seu grupo. Ainda segundo o MPF, pelo menos R$ 3,5 milhões teriam sido efetivamente pagos, e com ajuda do empresário Jorge Atherino.
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