IPVA, IPTU, seguros, anuidades, gastos escolares e pode haver ainda algum resquício de despesas de 2024: a temporada das contas de começo de ano é quando grande parte dos brasileiros acumulam dívidas, de acordo com o SPC Brasil. Economistas apontam que há tempo para planejar a quitação das demandas para uma tranquilidade financeira em 2025. Para os pais, informações prévias sobre a aquisição do material escolar pode ajudar nesse processo.
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O funcionário público federal Fernando Chesco tem cinco filhos, todos em idade escolar. É com a ajuda da família, que mora em Ibaiti, na região do norte pioneiro paranaense, que ele consegue driblar a demanda por uniformes e cadernos. “A gente cria uma pequena rede, entre amigos e familiares. Um pai passa o uniforme que ficou pequeno para o filho do outro. Utilizamos o que sobrou do ano anterior e os avós e tios sempre surpreendem com uma mochila ou algo assim. Como temos muitos filhos, a gente recorre aos descontos. Eu procuro também antecipar algumas compras pela internet, para pegar um preço mais em conta”, conta.
Levantamento da Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares evidencia que boa parte dos itens que compõem as listas de material escolar são importados, como mochilas e estojos. A pesquisa indica que em 2025, o preço do material escolar deve aumentar entre 5% e 9%.
O crescimento é atribuído à elevação nos custos de produção, além dos preços de frete marítimo e alta do dólar. Segundo o IBGE, o preço dos cadernos subiu em média 6%, enquanto os livros tiveram uma elevação média de 9%. Já os livros didáticos foram reajustados em 7%.
A projeção da Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares é que uma a cada três famílias parcele as compras para dar conta das despesas para o ano letivo de 2025. O economista Flávio Oliveira dos Santos indica que os pais podem evitar o parcelamento comprando o essencial da lista enviada e explicar para a instituição que, na eventual falta, realizará uma nova compra, para reposição.
“Muitas vezes as escolas pedem material para um ano inteiro, então os pais podem comprar para o início do ano letivo e ir repondo ao longo dos meses. É surpreendente a experiência de quem já utiliza esse método, porque relatam que quase sempre não é necessária uma nova compra. Talvez as listas de material escolar sejam superestimadas”, comenta o economista.
Ele também aponta que, escalonando a compra pelos recursos necessários, os pais podem acompanhar o desenvolvimento dos filhos na escola, contabilizando a utilização dos materiais pedidos. A outra dica é não levar as crianças junto na hora das compras.
"As capas coloridas e com personagens do universo infanto-juvenil podem atrair os pequenos, mas não são sinônimo de qualidade. Podem apenas agregar valores maiores. Por isso, uma orientação é não levar os filhos para que escolham, além de pesquisar, sempre. Quem gasta mais tempo pesquisando gasta menos dinheiro", orienta o economista.
Na conta de Santos, é possível economia de até 40% de um estabelecimento para outro. Ele também indica compras virtuais para encontrar preços mais baixos. “Os sebos virtuais ainda não são tão explorados e quem visita os sites dessas lojas acaba encontrando livros didáticos novos, com valores excelentes”, aponta. Aplicativos e sites específicos podem ajudar na pesquisa, em plataforma que aponta os estabelecimentos com os produtos mais em conta, com uma lista baseada nas compras de consumidores que colocam o CPF na nota fiscal.
Uso coletivo do material escolar é opção para reduzir custos
O recurso da coletividade é uma das sugestões da Coordenação Estadual de Proteção e Defesa dos Direitos do Consumidor (Procon-PR). “Os consumidores precisam aprender a realizar a compra coletiva. É comum os grupos dos pais no WhatsApp, então é possível trocar informação e resultar em descontos”, sugere a coordenadora estadual do Procon, Claudia Silvano.
Quanto aos uniformes, a orientação é manter atenção às regras da Lei Federal 8.907/1994, que estipula o tempo mínimo de cinco anos para alterações em modelos e cores. “É uma questão de segurança e de economia. A escola pode impor o uso, mas não pode monopolizar a venda das peças”, pontuou a coordenadora do Procon.
Os pais devem estar atentos também com pedido de itens para uso coletivo nas listas de material escolar. Giz, álcool, canetas para lousa e cartucho de tinta para impressora são exemplos de itens que não devem constar na relação.
O advogado Thiago Mota Romeiro explica que, no caso das instituições privadas, os itens devem estar incluídos nas mensalidades. "A proibição vale também para as escolas públicas, conforme a Lei Federal 12.886/2013. Não pode haver pedido de grandes quantidades de resmas de papel, guardanapos ou papel higiênico”, apontou.
Na última semana, o Procon-PR lançou a cartilha “Dicas sobre matrículas, mensalidades e material escolar”, uma ferramenta que pode auxiliar pais e responsáveis. A cartilha está disponível clicando aqui.
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