Ainda em março, quando os municípios paranaenses começaram a implantar as medidas de isolamento social no combate ao coronavírus, a prefeitura de Arapongas (Norte Central) adquiriu um lote de 37 oxímetros para equipar suas unidades básicas de saúde. O equipamento, que mede o nível de oxigenação no sangue, está sendo utilizado na triagem de pacientes com suspeita de Covid-19, e tem ajudado no controle dos casos.
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O oxímetro é bastante utilizado em hospitais e unidades de pronto-atendimento de todo o Brasil, mas nem sempre está disponível nas unidades básicas. Ele tem formato similar ao de um prendedor de roupas e, por meio de luz infravermelha, mede quanto oxigênio é transportado pela hemoglobina. Como a Covid-19 reduz o nível de oxigênio no sangue apesar de os pacientes nem sempre sentirem falta de ar, o oxímetro pode indicar a insuficiência respiratória.
“Às vezes o paciente chega falando que está com falta de ar, e o oxímetro vai revelar isso. É um parâmetro de avaliação clínica, de custo baixo, de fácil acesso, que a gente tem em mãos e direciona muito bem para o tratamento, para saber qual é o paciente grave ou não”, afirma o superintendente médico da Secretaria Municipal de Saúde de Arapongas, Fernando Marques de Marcos, que atualmente é secretário interino.
Segundo Marcos, a partir do momento que o oxímetro mostra alteração, a triagem encaminha o paciente como um caso grave, é feito o teste de Covid-19 e recomendado o isolamento. Para uma pessoa sem patologia pulmonar, o índice de oxigenação ideal é de 96% a 100%. Abaixo disso, pode representar um quadro de insuficiência respiratória. Mas fumantes e pessoas com outras comorbidades podem apresentar alteração, e por isso a recomendação é que a leitura do equipamento seja feita por um profissional de saúde.
Para o médico, Arapongas está conseguindo manter a pandemia sob controle. Segundo o boletim mais recente da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), de 5 de maio, a cidade de 123 mil habitantes tem 15 casos registrados de Covid-19, de um total de 1.588 no Paraná. Entretanto, testes rápidos doados pelo Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas (Sima), indicavam outros 19 positivos até a tarde de terça-feira (5), totalizando 34, com um óbito.
A cidade conta com o Hospital Norte Paranaense, que é referência para a região. Há 40 leitos de enfermaria e 20 na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes de Covid-19, segundo Marcos. Na segunda-feira (4) havia quatro pacientes internados em UTI e seis em enfermaria – dos quais um de Arapongas. “Mas apenas um paciente de Arapongas estava na enfermaria, os demais eram todas pessoas de outras cidades da região”, afirma.
Segundo a coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Arapongas, Fernanda Golas, havia 100 pessoas em isolamento social no município na semana passada, com algum sintoma de resfriado ou síndrome respiratória. Os 500 testes rápidos que foram doados pela Sima estão sendo utilizados nessas pessoas. Apesar de validados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), eles ainda não entraram no rol de testes validados pelo Ministério da Saúde, e por isso estão fora do boletim oficial que a Sesa divulga diariamente.
“Foi muito bom aumentar a testagem, nesta semana liberamos 5 das 100 pessoas em isolamento. Tem sido bem interessante porque conseguimos fazer a cadeia epidemiológica, vendo casos já curados, inclusive, pelos resultados do IgG e IgM [que revelam a presença de anticorpos] e com isso vendo para quem e quantos uma pessoa contaminada transmitiu a doença”, explicou Fernanda.
Curitiba
No fim de abril, a prefeitura de Curitiba recebeu a doação de 20 oxímetros, em uma ação organizada pelo casal Daniela Seidel e Leonardo da Costa Correia com amigos. A médica e diretora do Departamento de Atenção à Saúde, Oksana Maria Volochtchuk, ressalta que o equipamento não é nenhuma novidade, mas que durante a pandemia de Covid-19 são necessários mais equipamentos para monitorar pacientes com suspeita da doença.
“Como qualquer outro quadro com sintoma respiratório, a aferição da oximetria vai indicar o grau de comprometimento do quadro clinico e até auxiliar na conduta de plano de cuidado. Se é mais leve pode ser só monitorado por telefone, ou se precisa de atendimento de emergência ou mesmo de internamento”, explica Oksana. A médica destaca que não é recomendado ter em casa o equipamento, pois o resultado deve levar em conta outros sinais vitais aferidos, como temperatura e frequência cardíaca.
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